O ministro, português, Pedro Silva Pereira reafirmou a posição do Partido Socialista de que a revisão constitucional deve ser feita com "outras condições políticas, num contexto mais favorável" e que "este é o pior dos momentos".
É sempre assim, sobretudo quando a oportunidade dos outros não coincide com a nossa. Esta é, aliás, uma das características das ditaduras. Em democracia não há, ou não deve haver, momentos especiais para discutir seja o que for.
Mas como Portugal ainda está longe de ser uma democracia de facto, embora o seja de jure, quem está no poder argumenta sempre com a inoportunidade de qualquer tipo de discussão, sobretudo quando não é do seu agrado.
Questionado pelos jornalistas, à margem da cerimónia de entrega de prémios de mérito escolar a jovens beneficiários do Programa Escolhas, sobre notícias de que o PS estaria disponível para discutir a proposta de revisão constitucional do PSD mas só depois do Orçamento do Estado e das eleições presidenciais, Silva Pereira disse não comentar notícias de fontes anónimas e reafirmou que "esta revisão constitucional é inoportuna".
Por outras palavras, as notícias indicam que a inoportunidade da discussão depende das jogadas que se possam fazer, da oferta de um ou outro acordo. Depende, em síntese, da possibilidade de se mudarem apenas algumas moscas, deixando o resto (os tachos) na mesma.
"O que o PS tinha a dizer disse-o no momento próprio, que esta revisão constitucional é inoportuna, não há nenhuma razão atendível para uma revisão constitucional e que o projecto que o PSD apresentou é um projecto que deve ser rejeitado com justa causa", afirmou.
Vamos estar atentos? É que, honrando a tradição deste PS e do sumo pontífice que o dirige, José Sócrates, o que hoje é verdade amanhã é mentira. Um dia destes, atendendo a qualquer razão etérea, vamos ver Pedro Silva Pereira a dar o dito por não dito, sempre – é claro – a bem da nação... socialista.
Para o ministro, "este é o pior dos momentos", embora admitindo que "esta é uma legislatura que tem poderes de revisão constitucional" defendeu que deve ser escolhido o momento adequado para se iniciar a discussão constitucional.
"O PSD não teve esse bom senso e quis precipitar uma discussão sobre o sistema político, sobre os poderes presidenciais em plena campanha presidencial, o que não faz sentido nenhum", disse o ministro da Presidência, defendendo que haverá "outras condições políticas e um contexto mais favorável para discutir estas questões fora do âmbito de uma campanha presidencial".
Ou seja, nesta fase da “burkinização” de Portugal, o governo e o partido que o sustenta, e se sustenta, prefere esperar para ter a certeza de que todos aqueles (e não são tão poucos quanto isso) que estão a tentar viver sem comer vão, ou não, morrer.
Embora se saiba que vão mesmo morrer, o PS admite que só depois disso será oportuno analisar as razão do óbito...
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