O ministro
de Estado e chefe da Casa Militar da Presidência da República de Angola,
general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, continua – tal como o
regime - a mostrar o que vale.
Contra o que
é estabelecido na Constituição, participa em manifestações de apoio ao MPLA e,
agora, comandou a compra de 13 helicópteros do tipo Bell-112 e um Bell 222, de
fabrico norte-americano, provenientes da África do Sul e do Canadá, bem como
das respectivas tripulações… obviamente estrangeiras, e que se destinam a
apoiar as eleições do dia 31.
Para provar a
transparência das regras democráticas do país nada melhor do que, ao mesmo
tempo, o MPLA ser jogador, árbitro e
dono do recinto.
Apesar das
más línguas, creio que o general “Kopelipa” é um paradigma do regime onde, de
facto, não há novidades, seja em relação aos generais do MPLA, ou aos que se
venderam ao MPLA, seja quanto aos angolanos, 70 por cento dos quais continuam
na miséria.
“Kopelipa”,
recorde-se, foi um dos primeiros generais do regime angolano a chegar,
juntamente com o ex-general da UNITA e actual Chefe do Estado Maior General das
Forças Armadas Angolanas, Geraldo Sachipengo Nunda, ao local onde Jonas Savimbi
foi morto.
Recorde-se
também que no dia 29 de Abril de 2010 era apresentado, em Luanda, com pompa e
circunstância um plano de emergência para pagamento das dívidas do governo
angolano às empresas nacionais e estrangeiras.
A
apresentação foi feita por Carlos Feijó, ministro de Estado e Chefe da Casa
Civil da Presidência – para além de amigo do primeiro-ministro português,
ladeado por outros dois ministros de Estado, Hélder Vieira Dias “Kopelipa”,
Chefe da Casa Militar, e Manuel Numes Júnior, Coordenador da Área Económica.
De acordo
com a Global Witness, s registos da Sociedade de Hidrocarbonetos de Angola
(SHA), publicados no Diário da República, nomeavam Manuel Domingos Vicente, então
presidente da Sonangol, como um dos accionistas da SHA em Agosto de 2008, bem
como Manuel Vieira Hélder Dias Júnior "Kopelipa", chefe da Casa
Militar do Presidente José Eduardo dos Santos.
O general
“Kopelipa”, como bom investidor e cidadão preocupado com o futuro dos
angolanos, até pagou um milhão de euros por duas quintas no Douro português
para produzir e exportar vinho.
Tirando o
facto, irrelevante, de a maioria dos angolanos passar fome, tudo o resto é
normal. Quintas, vivendas, bancos, empresas etc. fazem parte do cada vez maior
leque de interesses dos poucos angolanos que têm milhões.
Tirando o
facto de a maioria dos angolanos passar fome, é normal que os donos do poder (o
MPLA) estendam as suas garras a outros países e ainda bem que consideram
Portugal uma boa escolha. O reino luso a norte de Marrocos só tem a ganhar com
estes investimentos. Depois de 500 anos de colonização já era tempo de ser o
colonizador a ser colonizado.
Tirando o
facto de a maioria dos angolanos passar fome, louvo a atitude do general
“Kopelipa” que, para além de mostrar que ganha bem, não fez como outros que compram
mas não dão a cara.
Tirando o
facto de a maioria dos angolanos passar fome, acresce que a economia portuguesa
está a ficar nas mãos de meia dúzia de donos do MPLA e, pelo andar do que é
conhecido, um dia destes ainda vamos ter outras grandes surpresas.
Tirando o
facto de a maioria dos angolanos passar fome, Portugal vai assistir ao
nascimento de novas estruturas empresariais, em quase todos os sectores –
incluindo os da comunicação social – de modo a que seja mais fácil aos donos do
poder em Angola dizer aos escravos portugueses como devem fazer as coisas para
agradar ao colono angolano. Não é assim senhor Pedro Passos Coelho?
Tirando o
facto de a maioria dos angolanos passar fome, fico à espera de ver mais alguns
(sim, que já há muitos) sipaios portugueses fazerem a vénia ao chefe do posto
angolano porque se o não fizerem sujeitam-se a “fuba podre, peixe podre e
porrada se refilarem”.
Tirando o
facto de a maioria dos angolanos passar fome, até me parece normal que a ementa
do almoço entre José Sócrates e Eduardo dos Santo, na altura da cimeira
UE/África, se venha a repetir com mais assiduidade, sabendo-se que os
protagonistas portugueses mudam, mas que os angolanos são e serão sempre os
mesmos.
E digam lá
que não vale a pena: ovos mexidos com alheira de caça, tamboril com amêijoas,
legumes estufados e arroz selvagem e uma sobremesa com doce de chocolate e
laranja tostada. Os vinhos servidos foram todos do Douro (ainda não das quintas
de Kopelipa): Esteva branco 2005, Quinta de Lagoalva tinto 2007 e Porto.
Tirando o
facto de a maioria dos angolanos passar fome, até me atrevo a sugerir uma outra
ementa famosa para os encontros de Eduardo dos Santos e os seus servis sipaios
portugueses: trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com
cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz
de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas
caramelizadas, com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet
2005.
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