Em Portugal,
como é habitual, o importante é o nome do mensageiro e não a mensagem. Sobre Angola,
Marcelo Rebelo de Sousa disse recentemente umas coisas interessantes… embora de
novidade pouco tenham.
Não são
novidade, mas como foram agora ditas pelo opinador-mor do reino, alguém lhes
prestou alguma atenção. Foi o caso da opinião de que grupos económicos
angolanos querem comprar a comunicação social portuguesa porque estão pensar
nas suas estratégias na sucessão do presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
Marcelo
Rebelo de Sousa, bem como os porta-microfones que ampliam a sua voz, sabe que
esses grupos (todos ligados ao “querido líder” Eduardo dos Santos) não querem
comprar o que já compraram.
O antigo
presidente do PSD, no seu espaço de antena privativo na TVI, disse que José
Eduardo dos Santos ainda é o homem mais poderoso em Angola, embora – na sua
opinião – tenha criado grupos que se autonomizaram e que hoje já pensam na
sucessão.
Marcelo sabe
que Eduardo dos Santos foi, é e continuará a ser o homem mais poderoso de
Angola, tal como sabe que não há grupos que se desviem um milímetro da
estratégia de perpetuação no poder do homem que está há 33 anos no poder sem
nunca ter sido eleito. Todos os grupos de envergadura internacional que existem
são geridos pelo presidente de Angola, mesmo que os nomes dos conselhos de
administração digam Isabel dos Santos, Manuel Vicente ou Manuel Hélder Vieira
Dias Júnior “Kopelipa”.
Marcelo diz
que recentemente falharam as negociações para a compra do grupo de comunicação
social de Joaquim Oliveira (JN, DN e TSF, entre outros). Podem ter falhado de
jure, mas não falharam de facto. Há muito que os donos de angola, mesmo antes
dos casos do Sol e do diário i, já eram donos (sócios executivos, se
preferirem) desse mesmo universo fabril de produção de textos de linha branca.
Ao defender
a tese de que esses “grupos começam a posicionar-se para a sucessão de José
Eduardo Santos”, e que “no futuro esses grupos vão digladiar-se com estratégias
diferentes, nomeadamente em Portugal”, Marcelo Rebelo de Sousa está a prestar
um impagável serviço ao dono não só de Angola como do MPLA.
Com a
vitória mais do que garantida nas eleições do dia 31, Eduardo dos Santos vai
pôr ainda mais a casa em ordem. Ou seja, os eventuais que têm estratégias
diferentes vão, se é que existem, levar pela medida grossa. E, certamente, o “querido
líder” não se esquecerá de agradecer a ajudinha de Marcelo Rebelo de Sousa.
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