Em plena
campanha eleitoral em Angola, o MPLA defende que a UNITA deveria pedir
desculpas a algumas famílias devido ao que fez no passado.
Hoje, na
Emissora Católica, o seu secretário para os Assuntos Políticos do MPLA em
Luanda, Norberto Garcia, virou-se para o passado no ataque à UNITA. É natural.
Desde logo porque, como bem sabem os angolanos, o MPLA nunca – mas nunca – fez mal
ao Povo.
Aliás, como
todo o mundo sabe e nunca deve ser esqueciso, tudo o que de mal se passou,
passa ou passará em Angola é culpa da UNITA. Desde logo porque as balas das
FALA (Galo Negro) matavam apenas civis e as das FAPLA/FAA (MPLA) só acertavam
nos militares inimigos.
Além disso,
como também é sabido, as bombas lançadas pela Força Aérea do MPLA só atingiam
alvos inimigos e nunca estruturas civis.
Mas há mais
factos que dão razão às teses do MPLA e hoje reiteradas por Norberto Garcia.
Todos sabem que a UNITA é que foi responsável pelos mais de 40.000 angolanos
torturados e assassinados em todo o país depois dos acontecimentos de 27 de
Maio de 1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao
regime.
E só por ter
um espírito reconciliador, democrático e benemérito é que Norberto Garcia,
seguindo ordens de Eduardo dos Santos, não referiu que a UNITA foi também
responsável pelo massacre de Luanda que visou o seu próprio aniquilamento e de
cidadãos Ovimbundus e Bakongos, onde morreram 50 mil angolanos, entre os quais
o vice-presidente da UNITA, Jeremias Kalandula Chitunda, o secretário-geral,
Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na CCPM, Elias Salupeto Pena, e
o chefe dos Serviços Administrativos em Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.
E foi esse
mesmo filantrópico espírito que evitou que ele dissesse os nomes de alguns
angolanos que, esses sim, representam o povo angolano. A saber, entre muitos
outros: Lúcio Lara, Iko Carreira, Costa Andrade (Ndunduma), Henriques Santos
(Onanbwe), Luís dos Passos da Silva Cardoso, Ludy Kissassunda, Luís Neto
(Xietu), Manuel Pacavira, Beto Van-Dunem, Beto Caputo, Carlos Jorge, Tito
Peliganga, Eduardo Veloso, Tony Marta, Agostinho Neto.
Como evitou
que falasse dos que não são angolanos, mas apenas oportunistas e criminosos. A
saber, entre outros: Alda Sachiango, Isaías Samakuva, Alcides Sakala, Jeremias
Chitunda, Adolosi Paulo Mango Alicerces, Elias Salupeto Pena, Jonas Savimbi,
António Dembo ou Arlindo Pena "Ben Ben".
Mas, apesar
desta postura, Norberto Garcia tem na manga muitas outras provas. Um dia destes
vai provar que o massacre do Pica-Pau em que, no dia 4 de Junho de 1975, perto
de 300 crianças e jovens, na maioria órfãos, foram assassinados e os seus
corpos mutilados no Comité de Paz da UNITA em Luanda… foram obra da UNITA.
Como irá
provar que o massacre da Ponte do rio Kwanza, em que no dia 12 de Julho de
1975, 700 militantes da UNITA foram barbaramente assassinados, perto do Dondo
(Província do Kwanza Norte), perante a passividade das forças militares
portuguesas que garantiam a sua protecção, foi obra da UNITA.
Mas a lista
é interminável. Entre 1978 e 1986, centenas de angolanos foram fuzilados
publicamente, nas praças e estádios das cidades de Angola, uma prática iniciada
no dia 3 de Dezembro de 1978 na Praça da Revolução no Lobito, com o fuzilamento
de 5 patriotas e que teve o seu auge a 25 de Agosto de 1980, com o fuzilamento
de 15 angolanos no Campo da Revolução em Luanda. Responsável? A UNITA.
Foi, aliás,
a aviação da UNITA que, em Junho de 1994, bombardeou e destruiu Escola de Waku
Kungo (Província do Kwanza Sul), tendo morto mais de 150 crianças e
professores, que, entre Janeiro de 1993 e Novembro de 1994, bombardeou
indiscriminadamente a cidade do Huambo, a Missão Evangélica do Kaluquembe e a
Missão Católica do Kuvango, tendo morto mais de 3.000 civis.
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