Consta que,
em Portugal, “cerca de 130 fundações deverão ser objecto de intervenção e
poderão ser extintas ou perder parte ou a totalidade dos subsídios públicos”.
Se for
verdade, o Governo (afirma o Público) estima poupar entre 150 a 200 milhões por
ano em subsídios do Estado.
Pois é. Não
acredito. Se assim for, para onde irão ex-ministros, deputados, secretários de
Estado, assessores e restante comandita? Todos sabem que as fundações, empresas
públicas, semi-públicas, institutos, etc. são o porto de abrigo para os
desempregados da política.
Aliás. só
quem não quer fazer coisas sérias é que não percebe que, afinal, não há mais
vida para além do PSD/CDS. E se um emprego implicar coluna vertebral e tomates
amovíveis… que mal tem? Sim. Que mal tem?
Vamos a isto
rapaziada. Muitos de nós estamos a aprender a viver sem comer (desemprego).
Antes que se descubra que é uma missão impossível (já faltou mais), o melhor é
preencher a respectiva ficha… mesmo quando o ordenado não é grande coisa.
Apenas um vencimento mensal (ainda por cima bruto) de 3.653,81 euros...
Essa
peregrina ideia de que Portugal precisa é de uma estratégia (ou desígnio) que
valorize quem tem ideias e não quem diz que as tem, que institua (e não que
sugira que se institua) o primado da competência, independentemente da filiação
partidária e das cunhas é há muito uma peça de museu.
É certo que
a procissão ainda vai no adro da Rua de São Caetano. No entanto, o problema é
bem mais extenso. Não se resume a pessoas. Assenta na mentalidade de quem
dirige o país e esses não são, necessariamente, os ministros e os secretários
de Estado.
São,
sobretudo, aqueles que comandam a economia, que dão emprego aos políticos, e os
poderes paralelos que ditam as regras do jogo e que, tantas vezes, as alteram
quando mais convém. São as grandes empresas, as associações empresariais, as
fundações e outros luxuosos albergues que proliferam na sociedade desta
República.
O Governo
português, este como quase todos os outros, está cheio de “sombras”. E quando
saem os da Rua de São Caetano entram os do Largo do Rato. E para todos eles é
preciso arranjar um tacho condigno. E é aí que entram as fundações, institutos
e similares, organismos criados para dar
emprego a ex-políticos e candidatos a políticos.
Com um país
assim, onde são (quase) sempre os mesmos a ter acesso ao poder, sendo todos os
outros relegados para fora de jogo, só há duas possibilidades: ter ideias e ser
marginalizado ou, agora, ser sombra e filiar-se no PSD e excepcionalmente também no CSD/PP, se
possível com uma carta de recomendação escrita em dólares pelo MPLA.
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