Assim se vê
a força dos dólares de sangue do regime angolano do MPLA. Até os observadores
eleitorais são escolhidos a dedo. A escolha varia entre invertebrados,
corruptos, cegos e similares.
Quem melhor
do que Pedro Pires para chefiar a Missão de Observadores da União Africana?
Estando à vista, por muito benevolentes e ingénuos que sejam os que se interessam
por Angola, a possibilidade de fraudes na votação de sexta-feira, nada melhor do que escolher um
observador amigo e que, em 2001, ganhou as eleições presidenciais
cabo-verdianas à custa de uma fraude.
No dia 16 de
Junho de 2010, quando recebeu o seu homólogo da Guiné Equatorial, ficou a
saber-se que o então presidente de Cabo Verde era cada vez mais apologista da
entrada do reino de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo na Comunidade de Países de
Língua(?) Portuguesa.
Na altura, os
mais ingénuos estranharam que Pedro Pires tenha barrado os jornalistas quando
estes, numa coisa a que se chama liberdade de imprensa, se aproximaram para
chegar à fala com Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.
Pedro Pires
impediu as câmaras da televisão de filmarem a entrada para o veículo oficial
que levou Obiang Nguema para a Assembleia Nacional, o que gerou manifestações
de repúdio dos jornalistas, tal o ineditismo do gesto, que foi mostrado e
comentado de forma crítica pela televisão local.
Segundo a
Repórteres Sem Fronteiras, em 2009 Cabo Verde tinha caído do 36º para 44º lugar
em matéria de liberdade de imprensa. Se calhar, na altura enquanto presidente e
agora como chefe da Missão de Observadores às eleições de Angola, proteger um ditador é até uma qualidade,
sobretudo petrolífera, que pode render muitos pontos.
Obiang, que
a revista norte-americana “Forbes” já apresentou como o oitavo governante mais
rico do mundo, e que depositou centenas de milhões de dólares no Riggs Bank,
dos EUA, tem sido acusado de manipular as eleições e de ser altamente corrupto.
“Mas o que é
que isso importa”, perguntará certamente Pedro Pires, tal como fazem José
Eduardo dos Santos, Armando Guebuza ou Pedro Passos Coelho.
Obiang, também
ele amigo do “querido líder” do MPLA, que chegou ao poder em 1979, derrubando o
tio, Francisco Macias, foi reeleito com 95 por cento dos votos oficialmente
expressos (também contou, como é hábito, com os votos dos mortos), mantendo-se
no poder graças a um forte aparelho repressivo, do qual fazem parte os seus
guarda-costas marroquinos.
“Mas o que é
que isso importa”, perguntará certamente Pedro Pires, tal como fazem José
Eduardo dos Santos, Armando Guebuza ou Cavaco Silva.
Recorde-se
que gozando, como todos os ditadores que estejam no poder, de um estatuto acima
da lei, Obiang riu-se à grande e à francesa quando em 2009 um tribunal...
francês rejeitou um processo que lhe fora intentado por recorrer a fundos
públicos para adquirir residências de luxo em solo gaulês, com a justificação
de que – lá como em qualquer parte do mundo - os chefes de Estado estrangeiros,
sejam ou não ditadores, gozam de imunidade.
Os vastos
proventos que a Guiné Equatorial recebe da exploração do petróleo e do gás
natural poderiam dar uma vida melhor aos 600 mil habitantes dessa antiga
colónia espanhola, mas a verdade é que a maior parte deles vive abaixo da linha
de pobreza.
Mas se, por
exemplo, em Angola há 70% os pobres, porque carga de chuva não podem também
existir, democraticamente, na Guiné Equatorial?, perguntará certamente Pedro
Pires, tal como fazem José Eduardo dos Santos, Armando Guebuza ou Paulo Portas.
Reconheça-se,
contudo, que tomando como exemplo Angola, a Guiné Equatorial preenche todas as
regras para entrar de pleno e total direito na CPLP. Não sabe o que é
democracia mas, por outro lado, tem fartura de petróleo, o que é condição “sine
qua non” para comprar o que bem entender… incluindo observadores do tipo Pedro
Pires.
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