O Comité
África da Internacional Socialista exige o rápido regresso à normalidade
constitucional na Guiné-Bissau.
Segundos os
socialistas, normalidade só tem um sinónimo: recolocação de Carlos Gomes Júnior
como primeiro-ministro e de Raimundo Pereira como Presidente interino.
Como se
fossem (e julgam ser) donos da verdade única, dizem agora que a aposta é na tese
(obviamente académica) da “tolerância zero às aventuras golpistas” em África.
Fica, assim, a saber-se que a solução miraculosa para os graves, mas também muito
antigos, problemas da Guiné-Bissau tem um nome: Carlos Gomes Júnior.
Os
socialistas mantém intacta a esperança de que os guineenses acabem por morrer
de fome por manifesta incapacidade de aprenderem a viver... sem comer.
Aliás, todos
os males de que padece a Guiné-Bissau nasceram apenas com o golpe de 12 de Abril.
Antes, segundo a Internacional Socialista, tudo estava bem e na santa paz de Deus.
Para os
socialistas, as Forças Armadas eram das melhores, os políticos eram dos mais
nobres, o Ministério Público era um organismo impoluto, não havia narcotráfico,
nem pesca clandestina e todo os guineenses viviam muito bem.
Terá sido
por tudo estar tão bem que, em Junho de 2010, o secretário Internacional do PS
português, José Lello dizia: “É por isso que peço à Internacional Socialista
que esteja atenta ao desenrolar dos acontecimentos e para intervir caso seja
necessário”?
Será que
antes de 12 de Abril, no tempo em que Carlos Gomes Júnior comanda a política na
Guiné-Bissau, não havia golpes sucessivos, assassinatos de altas figuras do
país, narcotráfico, violação dos direitos humanos?
Terá sido por
acaso que nesse ano, 2010, José Lello requereu a aprovação de uma “declaração
de apoio” à Guiné-Bissau, “apelando ao regresso pleno à normalidade
democrática” e para que o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o Presidente
Malam Bacai Sanhá “possam exercer sem quaisquer constrangimentos os seus
poderes constitucionais, bem como à libertação das personalidades do Estado que
foram presas”?
“Devemos
também apoiar a continuação do combate determinado ao narcotráfico, a reforma
urgente do sector da defesa e da segurança e a continuação do apoio e do
enquadramento da comunidade internacional à Guiné-Bissau”, disse José Lello. E
disse-o, repita-se, antes de 12 Abril. Dois anos antes.
E, já agora,
será que a comunidade internacional (ONU, CPLP e similares) não se lembra de em
2009 ter havido uma suposta tentativa de golpe que foi uma manobra de diversão
para afastar os holofotes da apreensão de dois aviões estrangeiros atulhados de
cocaína?
Será que a
comunidade internacional (ONU, CPLP e similares) não sabia da ira de Nino
Vieira quando soube que havia cães e polícias estrangeiros em Bissau a ajudar
na luta contra o narcotráfico, tendo então comentado "Alá bô tissi
catchuris ku brancus" (qualquer coisa como "já trouxeram cães e
brancos")?
“Na verdade
Nino é um estratega da vitimização e mesmo sabendo dos riscos de uma encenação
(im)perfeita, concretamente em relação a perdas de vida, importa para ele
recolher a solidariedade de ingénuos, mas poderosos amigos, que aliás,
prontamente manifestaram total solidariedade, como que, se algo tivesse sido
apurado com argumentação credível para se definir a situação como uma tentativa
de golpe de Estado”, afirmou e reafirmou na altura, com a sua peculiar incisão,
Fernando Casimiro (Didinho).
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