Com aquele
ar sebento e sabujo de sipaio sentado na cadeira do chefe do posto, António
Borges afirmou hoje que a resistência à mudança dos interesses estabelecidos
gera níveis de "polémica" e "gritaria" que nem sempre
coincidem com a "vontade colectiva".
O
especialista do Governo de Portugal em passar atestados de menoridade
intelectual aos portugueses, embora mais subtil do que Miguel Relvas que
entende pura e simplesmente que os tugas são os matumbos, falava naquela coisa
lusófona - tipo Mocidade Portuguesa - onde se formam os autómatos que amanhã serão donos
do reino, e que dá pelo pomposo nome de Universidade de Verão do PSD.
O homem fala
de tudo, sabe de tudo. Seja de economia, de privatizações, de RTP, de roubos,
de branqueamento. Pena é que os portugueses não percebem o raro privilégio que
têm em poder contar com António Borges. E como não percebem, até dizem que ele defendeu
a urgência de salários baixos. Ora, vamos lá ver se nos entendemos, o que ele
defende é que sejam os trabalhadores a pagar para terem trabalho.
Quanto a ele
está como quer. Aliás, ainda recentemente o Governo português disse “não existirem quaisquer
incompatibilidades ou conflitos de interesses” entre o cargo proposto a António
Borges pelo maior accionista da Jerónimo Martins e “as funções de consultoria”
na equipa que supervisiona junto da Parpública (a holding que gere as
participações empresariais do Estado) as privatizações, as renegociações das Parcerias
Público-Privadas (PPP) e a reestruturação do Sector Empresarial do Estado.
Reconheço,
contudo, que a equipa de Passos Coelho é coerente na estratégia que o leva a
(re)implantar no reino um regime esclavagista, sendo António Borges uma peça
fundamental para atingir esse desiderato.
Se o próprio
primeiro-ministro é um paradigma da mentira, certamente também vítima do
“jornalismo interpretativo” que tanto chateia Miguel Relvas, não se poderia esperar outra coisa dos seus
mais dilectos seguidores ou, melhor, dos dilectos gurus que segue.
Ainda se
recordam do que escreveu, entre Março de 2010 e Junho de 2011, Pedro Passos
Coelho para enganar os portugueses e dessa forma ganhar as eleições?
Recordemos
essas declarações numa singela, mas sentida, homenagem a, entre outros, Cavaco
Silva, Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, Manuel Dias Loureiro,
Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José Penedos, Luís Mira
Amaral, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral, Filipe Baptista,
Ascenso Simões, António Mexia, Faria de Oliveira, António Borges e Eduardo
Catroga.
“Estas
medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por
precaução. Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar
futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa.
“Aceitarei
reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga
fiscal às famílias. Sabemos hoje que o Governo fez de conta. Disse que ia cortar
e não cortou. Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que
podem ser reduzidas.
“O pior que
pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras
não venham para cima da mesa. Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da
despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos.
“Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar.
O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos.
Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão
que ajudar os que têm menos.
“Queremos
transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o
Estado. Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o
que assina em nome de Portugal. O Governo está-se a refugiar em desculpas para
não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU com que se comprometeu
no memorando.
“Para
salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de
modo a desonerar a classe média e baixa. Se vier a ser necessário algum
ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das
pessoas.
“Se formos
Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar
mais salários para sanear o sistema português. A ideia que se foi gerando de
que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento. A pior coisa é ter um Governo
fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos
cidadãos.
“Não
aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que
quem não está caladinho não é patriota. O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se
dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no
corte de rendimento.
“Já ouvi o
primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca
falámos disso e é um disparate. Como é possível manter um governo em que um
primeiro-ministro mente?”
1 comentário:
Orlando,
Estamos cercados por sujeitos desta indole.
Passos, retira benificios aos deficientes mas no entanto está em Londres para lhes dar força.
Cavaco vai na mesma linha. Irá aprovar os cortes nos beneficios mas...http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/sport/desporto/cavaco-silva-envia-incentivo-aos-atletas-paralimpicos.
Por vezes culpam o 25 de Abril de todos os males. Já repararam que nos governa e tem governado nada tem a ver com o 25 de Abril???? Bem pelo contrario...
http://viriatoapedrada.blogspot.pt/2012/07/cavaco-silva-inscreveu-se-na-pide.html.
Gentalha Orlando, gentalha.
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