O MPLA quer
transformar Angola num país desenvolvido e de referência em África e no Mundo,
afirma o secretário-geral do partido, Julião Mateus Paulo (“Dino Matross”).
Não percebo.
Se Angola é, por força da impoluta governação do MPLA que já dura desde 1975,
uma referência em todo o Mundo e arredores, para onde quererá “Dino Matross”
que o reino vá?
É que Angola
é mesmo uma nobre e incólume referência mundial, graças exclusivamente ao MPLA
e à liderança do “querido líder” José Eduardo dos Santos.
Com 70% da
população afectada pela pobreza, com uma taxa de mortalidade infantil que é a
terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças, Angola é
uma referência em África e no Mundo.
Outros
indicadores, basilares para que Angola seja a tal referência, revela que apenas
38% da população angolana tem acesso a água potável e que somente 44% dispõe de
saneamento básico, que apenas um quarto da população tem acesso a serviços de
saúde que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade.
Mas há mais
dados que revelam toda a capacidade que Angola tem, graças ao MPLA e ao seu
líder – “o escolhido de Deus”- tem para ser um paradigma pelo menos africano e
mundial: 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde
existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de
pessoal e de carência de medicamentos.
Esta semana,
por exemplo, ficou a saber-se que os centros de saúde dos bairros Bula-Matady,
Nabamby e o Hospital Municipal do Lubango, no bairro da Mitcha, na capital da
província de Huíla, têm estado a solicitar às parturientes que se façam
acompanhar de velas para a sua assistência, devido às falhas de energia e falta
de geradores.
Mas em abono
dessa divina governação do MPLA jogam outros factores que fazem de Angola a tal
referência africana e mundial: a taxa de analfabetos é bastante elevada,
especialmente entre as mulheres, uma situação que é agravada pelo grande número
de crianças e jovens que todos os anos ficam fora do sistema de ensino, 45% das
crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada
quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.
“Dino
Matross” poderia igualmente, no âmbito dos mais altos valores patrióticos do
MPLA, falar da dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens que é
o método oficial do regime para amordaçar os angolanos ou, ainda, que 80% do
Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da
riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em
menos de 0,5% de uma população; que 70% das exportações angolanas de petróleo
tem origem na sua colónia de Cabinda.
Também não
seria descabido “Dino Matross” lembrar
que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos
e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos,
está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
“Dino
Matross” lembrou-se, contudo, de dizer que
a aposta do Executivo é na diversificação da economia para que o país deixe de
depender exclusivamente do petróleo e doe diamantes e, mais importante do que
tudo isso, que o MPLA, ao longo da sua trajectória, cumpriu os seus princípios
ideológicos, enraizando-se no povo e tornou-se “numa força respeitada em
Angola, em África e no Mundo”.
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