Na sua ânsia
de ser candidato à Câmara do Porto e de ajustar contas com Rui Rio, o
presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, criticou o
"discurso doentio" de quem atribui culpas a Lisboa pelos actuais
problemas do Norte e lembrou como tem defendido a região desde "há 20 anos".
Terá sido
certamente por isso que em tempos Menezes afirmou que "o desejo de Lisboa
é que o Norte nunca venha a ter líder. É um pouco essa lógica pitonisesca de
que o Norte está condenado a não ter líder. Há quem trabalhe para, na
secretaria, conseguir esse desiderato".
"Nós
temos que ter sensibilidade em relação aos problemas do interior e do Norte,
mas eu acho que o Norte precisa de quem pense no Norte" e acredite que a
região "pode fazer muito por Portugal", afirmou o ex-líder do PSD,
criticando "esse discurso um pouco doentio" de que "a culpa é de
Lisboa".
Luís Filipe
Menezes comentava assim a notícia de que a Junta Metropolitana do Porto vai
escrever uma carta ao primeiro-ministro sobre as diferenças nos cortes entre
Lisboa e o resto do país.
"Não é
correto, nem justo, olhando para o panorama nacional, vermos serviços a
encerrar no interior e não haver o mesmo tipo de notícias relativamente aos
grandes serviços concentrados na capital, onde se encontra a maior fatia dos
funcionários públicos", enfatizou então o autarca do Porto, Rui Rio.
Luís Filipe
Menezes recordou que enquanto líder do PSD - altura em que o PS "fez uma
grande investida para fechar serviços públicos no interior do país" -
percorreu o país a "reivindicar" que não fechassem urgências, mas,
"nessa altura, não havia solidariedade nenhuma com o presidente do
PSD".
Por isso
mesmo, o também conselheiro de Estado, ex-defensor de um Ministério da
Lusofonia e putativo candidato à Câmara do Porto, frisou não ter apenas
acordado "agora para a defesa do Norte e do interior" e que não é com
"uma lógica de atitude piedosa de última hora que se resolve o que quer
que seja em relação ao Norte".
"Há 20
anos que faço essa defesa. E não aproveito um Governo do meu próprio partido
para me lembrar de criar problemas e de fazer baralhação. Sou um pouco mais
solidário do ponto de vista partidário", disse.
Há bem pouco
tempo (30 de Junho), afirmou que
"temos problemas sociais gravíssimos, temos que tratar do emprego,
das creches, dos problemas que afligem os cidadãos e agora estamos a discutir
nomes para a Junta Metropolitana e a arranjar 'jobs for the boys'", quase parecendo um outro Menezes, por sinal
deputado e vice-presidente parlamentar do PSD e seu filho, quando acusou o PS
de fazer "chafurdice política".
Frisando
sempre que está "completamente a leste" e "fora" do
assunto, Menezes (o pai) assinalou que "não há um único amigo próximo do
presidente da Câmara de Gaia" que "no último ano tenha sido nomeado
para qualquer cargo público relevante na área metropolitana do Porto".
É verdade. E
se calhar é mesmo aí que está o busílis da questão.
"Nenhum,
e nem todos os agentes políticos da região podem dizer o mesmo. Porquê? Porque
sou contra os 'jobs for the boys'", destacou o social-democrata que
garantiu que "nunca abriria uma guerra para colocar um amigo onde quer que
fosse".
Mais uma vez
tem todo a razão. Aliás, todos sabem que a inclusão do seu filho não só como
deputado e depois vice-presidente do grupo parlamentar se ficou a dever ao
facto de, apesar de jovem, ser um experiente e catedrático político.
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