quarta-feira, agosto 01, 2012

A culpa não é dos sulistas e elitistas




Na sua ânsia de ser candidato à Câmara do Porto e de ajustar contas com Rui Rio, o presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, criticou o "discurso doentio" de quem atribui culpas a Lisboa pelos actuais problemas do Norte e lembrou como tem defendido a região desde "há 20 anos".

Terá sido certamente por isso que em tempos Menezes afirmou que "o desejo de Lisboa é que o Norte nunca venha a ter líder. É um pouco essa lógica pitonisesca de que o Norte está condenado a não ter líder. Há quem trabalhe para, na secretaria, conseguir esse desiderato".

"Nós temos que ter sensibilidade em relação aos problemas do interior e do Norte, mas eu acho que o Norte precisa de quem pense no Norte" e acredite que a região "pode fazer muito por Portugal", afirmou o ex-líder do PSD, criticando "esse discurso um pouco doentio" de que "a culpa é de Lisboa".

Luís Filipe Menezes comentava assim a notícia de que a Junta Metropolitana do Porto vai escrever uma carta ao primeiro-ministro sobre as diferenças nos cortes entre Lisboa e o resto do país.

"Não é correto, nem justo, olhando para o panorama nacional, vermos serviços a encerrar no interior e não haver o mesmo tipo de notícias relativamente aos grandes serviços concentrados na capital, onde se encontra a maior fatia dos funcionários públicos", enfatizou então o autarca do Porto, Rui Rio.

Luís Filipe Menezes recordou que enquanto líder do PSD - altura em que o PS "fez uma grande investida para fechar serviços públicos no interior do país" - percorreu o país a "reivindicar" que não fechassem urgências, mas, "nessa altura, não havia solidariedade nenhuma com o presidente do PSD".

Por isso mesmo, o também conselheiro de Estado, ex-defensor de um Ministério da Lusofonia e putativo candidato à Câmara do Porto, frisou não ter apenas acordado "agora para a defesa do Norte e do interior" e que não é com "uma lógica de atitude piedosa de última hora que se resolve o que quer que seja em relação ao Norte".

"Há 20 anos que faço essa defesa. E não aproveito um Governo do meu próprio partido para me lembrar de criar problemas e de fazer baralhação. Sou um pouco mais solidário do ponto de vista partidário", disse.

Há bem pouco tempo (30 de Junho), afirmou que  "temos problemas sociais gravíssimos, temos que tratar do emprego, das creches, dos problemas que afligem os cidadãos e agora estamos a discutir nomes para a Junta Metropolitana e a arranjar 'jobs for the boys'",  quase parecendo um outro Menezes, por sinal deputado e vice-presidente parlamentar do PSD e seu filho, quando acusou o PS de fazer "chafurdice política".

Frisando sempre que está "completamente a leste" e "fora" do assunto, Menezes (o pai) assinalou que "não há um único amigo próximo do presidente da Câmara de Gaia" que "no último ano tenha sido nomeado para qualquer cargo público relevante na área metropolitana do Porto".

É verdade. E se calhar é mesmo aí que está o busílis da questão.

"Nenhum, e nem todos os agentes políticos da região podem dizer o mesmo. Porquê? Porque sou contra os 'jobs for the boys'", destacou o social-democrata que garantiu que "nunca abriria uma guerra para colocar um amigo onde quer que fosse".

Mais uma vez tem todo a razão. Aliás, todos sabem que a inclusão do seu filho não só como deputado e depois vice-presidente do grupo parlamentar se ficou a dever ao facto de, apesar de jovem, ser um experiente e catedrático político.

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