O jornal do
MPLA, também conhecido por Jornal de Angola, assume todos os dias (é o único
diário do reino) o seu papel de órgão oficial do regime e hoje não foi
excepção.
O alvo foi a
Embaixada dos EUA que há dias emitiu um
comunicado sem antes, como é lei do regime angolano, o ter levado à aprovação
do MPLA. Nele o embaixador norte-americano exortava Comissão Nacional Eleitoral
(CNE) a "credenciar imediatamente" os observadores eleitorais,
designadamente os das organizações da sociedade civil angolana, chamando também
a atenção para os atrasos no credenciamento de "outros observadores
internacionais", nomeadamente elementos do corpo diplomático acreditado na
capital angolana.
No editorial
de hoje, sob o título "Coligações negativas", o Jornal do MPLA escreve
que a campanha eleitoral para as eleições gerais do próximo dia 31 "entrou
numa fase decisiva e inopinadamente entraram em cena actores que pertencem a
outros espectáculos, com menos luzes da ribalta e sobretudo sem o ridículo
próprio das comédias sem graça".
O Jornal do
MPLA mostra aos EUA com quantos paus se faz uma canoa e delicia os seus
militantes com uma prosa de alto valor literário. São, aliás, muitos anos de cultura
simiesca que só poderiam resultar em obras de fino recorte artístico.
Depois de
classificar o comunicado distribuído pela Embaixada dos EUA como
"impróprio de uma representação diplomática, no qual são feitas afirmações
desprimorosas para a dignidade da CNE", o jornal do MPLA acrescenta que a
Embaixada norte-americana "arroga-se o direito de dar ordens a uma
instituição angolana independente".
Dar ordens!
Mas que atrevimento é esse? Quem são os EUA para dar palpites sobre a mais
nobre e impoluta democracia do mundo, sobre um organismo (CNE) que é paradigma da
transparência, legalidade e honorabilidade?
"O
embaixador dos EUA ordena à CNE: "cumpra cabalmente as suas
responsabilidades para com o povo angolano, credenciando imediatamente os
observadores eleitorais", lê-se no editorial do jornal do MPLA.
"Alguém
tem que explicar ao senhor embaixador (Christopher McMullen) que por muita
vontade que tenha em interferir nas eleições num país soberano como Angola, tem
que salvar as aparências", acrescenta o texto que, mais uma vez, demonstra
que quem manda no reino, desde 1975 e durante mais 30 ano (pelo menos) é o MPLA.
No
comunicado de quarta-feira, a Embaixada dos EUA, que claramente ainda não
percebeu que o MPLA é Angola e Angola é o MPLA, afirma respeitar o "compromisso da
CNE" em realizar "eleições livres, justas e transparentes".
"O povo
de Angola não merece menos do que isto. Por isso, exortamos a CNE que cumpra
cabalmente as suas responsabilidades para com o povo angolano, credenciando
imediatamente os observadores eleitorais, especialmente os das organizações da
sociedade civil angolana, para que eles possam acompanhar o processo
eleitoral", lê-se no documento.
Seja como
for e de acordo com as leis do regime, até prova em contrário todos são
culpados. E assim sendo, os EUA não devem imiscuir-se num país soberano e que,
ao contrário do que se passa nas terras do tio Sam, até tem um presidente não
eleito há 33 anos no poder.
1 comentário:
Dizem que o Obama
está em risco de perder as eleições
porque há uns fulanos,
conselheiros eleitorais Republicanos,
que vêm cá
aprender a fazer as manipulações
com o MPLA,
para vencerem eternamente as eleições.
Eles, para essa campanha,
devem deslocar-se directamente a Espanha,
onde o MPLA compra os resultados
para serem em Angola anunciados,
pelas televisões, rádios e jornais,
como justos, honestos, transparentes e imparciais.
António Kaquarta
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