quinta-feira, agosto 30, 2012

Vivam as eleições, diz o Povo faminto!


5.660 antigos combatentes e veteranos da Pátria (Angola) estão a receber, no Huambo, as respectivas pensões em atraso, referentes aos meses de Dezembro de 2009 e 2010, incluindo o 13º mês.

A informação foi dada pelo director provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Moreira Janeiro Mário Lopes, segundo o qual o montante a ser pago está avaliado em – cito ipsis verbis a Angop -  “180 milhões, 492 mil, 554 kwanzas e 87 cêntimos.”

Moreira Janeiro Mário Lopes esclarece que os pensionistas que não têm contas bancárias estão a receber o seu dinheiro nas administrações dos municípios onde vivem, ao passo que os utentes de contas bancárias recebem directamente nas suas contas.

O director provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria deu a conhecer, entretanto, que pelo facto de o número de pensionista ter diminuído ligeiramente, por razões desconhecidas, houve necessidade de aumentar dez por cento ao salário de cada beneficiário.

 Em Dezembro de 2009 eram 6.437 e um ano depois este número baixou para 6.121.

Recorde-se que tudo isto se deve, pois claro!, aos inefáveis esforços do ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, general Kundi Paihama.

Sim. É esse mesmo que, no início deste mês, disse no Estádio Nacional de Ombaka (Benguela)que os que lutarem contra o MPLA e contra José Eduardo dos Santos “vão ser varridos”.

E se Kundi Paihama o diz é porque vai mesmo fazer isso. Só falta esperar por amanhã para medir a amplitude da varredura.

Ao que parece, e ao contrário do que aconteceu em 2008, o regime tinha indicações fidedignas de que, desta vez, para além dos mortos também os veteranos se recusavam a votar no MPLA. Embora isso não fosse impeditivo de uma solução alternativa, testada com êxito nas anteriores eleições, em que em alguns círculos eleitorais apareceram mais votos do que votantes, poderá acontecer que com uns tantos kwanzas os votos apareçam de forma voluntária.

Se se estivesse a falar de um Estado de Direito e de uma comunidade internacional honesta, seria criticável que o partido que governa Angola desde 11 de Novembro de 1975, que tem como seu líder carismático e presidente da República alguém que está no poder há 33 anos, sem ter sido eleito, sentisse necessidade de usar a intimidação violenta para ganhar eleições.

Mas como nada disso se passa, tudo vai continuar a ser feito por medida e à medida do MPLA. É para isso que o petróleo existe, é para isso que serve aquela escrita internacional que dá pelo nomes de dólares.

E porque o regime só reconhece a existências de um único deus, Eduardo dos Santos, não admite que existam dúvidas, não aceita que a sua liberdade termine onde começa a do Povo. Vai daí, intimida, ameaça, espanca, rapta e mata quem tiver a veleidade de contrariar o “querido líder”.

Sempre que no horizonte se vislumbra, mesmo que seja uma hipótese remota, a possibilidade de alguma mudança,  o regime dá logo sinais preocupantes quanto ao medo de perder as eleições.

Para além do domínio quase total dos meios mediáticos, tanto nacionais como estrangeiros (em Portugal nem se fala), o MPLA apostou forte numa estratégia que tem dado bons resultados. Isto é, no clima de terror e de intimidação.

Tal como mandam os manuais, o MPLA subiu o dramatismo para, paralelamente às enxurradas de propaganda, prevenindo os angolanos de que ou ganha ou será o fim do mundo.

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