O jornal do
MPLA, conhecido também como Jornal de Angola, resolveu agora, cumprindo ordens
do democrata presidente que está no poder há 33 anos sem ter sido eleito, abrir
fogo sobre a colónia angolana de Cabinda, juntando-lhe mais alguns dislates.
O pasquim
juntou todo o seu arsenal propagandístico para agradar ao “querido líder” e,
dessa forma, continuar a garantir o salário ao fim do mês.
Segundo o
órgão oficial do regime, activistas da CASA-CE andam em Cabinda a “vender” um
referendo que consiste em saber se a população da província quer a
independência.
Acrescentam
que “o padre Congo é o primeiro
propagandista deste crime grave contra a soberania nacional”. De facto, para o
órgão oficial do MPLA, bem como para os dirigentes do partido que governa
angola desde 1975, Cabinda continua a ser aquela espinha que entope a garganta putrefacta
dos colonizadores.
Por muito
que tentem, e já utilizaram todos os meios ao seu dispor, não conseguem tirar a
espinha e pôr os cabindas de joelho. Ao contrário do que fez em Angola, na
colónia o Povo só aceita ficar de joelhos perante Deus.
Eu sei que
o Jornal de Angola considera José
Eduardo dos Santos um deus. Considera por enquanto. Quando ele, tal como
Salazar e outros ditadores, alguns bem amigos do dono de Angola, cair, vamos
ver este pasquim a dizer que, afinal, Eduardo dos Santos não era bestial mas,
isso sim, uma besta. É, aliás, o processo natural de autómatos acéfalos e
invertebrados.
Para o
jornal do MPLA, quem defender o direito de o Povo de Cabinda escolher o seu
destino está a cometer um crime. É, aliás, o mesmo crime que – à luz das leis
de então – o MPLA cometia quando lutava pela independência de Angola.
Além disso,
desde 1975 que a lei é alterada de acordo com a conveniência dos donos do
reino, nem que para isso tenham de fazer vários 27 de Maio e matar milhares de
pessoas. Se calhar agora, em vez de dizerem que é crime passível de pena de
morte seguir Nito Alves vão dizer que é crime, com a mesma moldura penal,
seguir o padre Jorge Casimiro Congo.
Escreve o
órgão oficial do regime que “Tonet, Congo e companhia assinaram um “acordo”
para o referendo. Se fosse só irresponsabilidade estávamos bem. Mas é muito
pior. Chivukuvuku imita Savimbi e grita empolgado aos seus apoiantes: “a
direcção da Comissão Nacional Eleitoral não são patriotas”.
De uma só
vez o pasquim dirigido por Eduardo dos Santos através dos fantoches José Ribeiro e Filomeno Manaças mete todos os seus inimigos
no mesmo suposto crime: William Tonet, Jorge Congo, Abel Chivukuvuku e Jonas
Savimbi. É tamanha a dor que o MPLA sente que os sipaios tiveram mesmo de
escrever o nome destes inimigos.
Em relação a
William Tonet é compreensível. José Ribeiro e Filomeno Manaças gostariam um dia
de ser como ele, Jornalistas, patriotas e
íntegros. Como não conseguem lá chegar por mérito próprio, que não têm,
tentam denegrir a sua imagem.
Em relação a
Jorge Congo, tentam beliscar a honorabilidade que tem. Não chegam lá. Aliás, se
a sua valia moral e intelectual se medisse pelo nível dos seus inimigos, José
Ribeiro e Filomeno Manaças amesquinhavam-no em todos os sentido.
Quanto a Abel
Chivukuvuku, o jornal do MPLA ainda procura saber quem foram os responsáveis do
partido que o não assassinaram, como era esperado e correspondia ao plano que,
em 1992, o MPLA pôs em marcha e que visou o genocídio politico-tribal das
gentes da UNITA.
Quanto a
Jonas Savimbi, José Ribeiro e Filomeno Manaças deveriam pôr-se em sentido (eu
sei que é uma posição impossível para quem não tem coluna vertebral) quando
falam dele. Se calhar acreditam que os documentos encontrados no bunker de
Savimbi, no Andulo, desapareceram definitivamente…
Como
eruditos escribas, os sipaios do jornal de MPLA dizem que Chivukuvuku faz
ameaças à Savimbi: “com um governo da CASA-CE enfermeiro que pede gasosa vai no
Tribunal!” Os apoiantes entram em delírio. Ele dispara: “no prazo máximo de um
ano acabamos com a gasosa”. E também promete acabar com a pobreza numa
legislatura! Quem fala assim não é gago mas também não pode ser levado a sério.
Até a demagogia tem que ter limites para fazer algum efeito.”
“Os insultos
mais rasteiros chegam de Chivukuvuku que já se julga um Savimbi apontando os
canhões da calúnia contra os “crioulos” e os “caudilhos”. No último comício
disparou: ”lá em cima roubam, os ministros roubam, as províncias roubam, os
administradores roubam”, conta o jornal do MPLA.
A resposta a
esta enciclopédia de imbecilidades do Jornal de Angola será, com certeza, dada
pelos visados que – embora não seja por vontade do MPLA – ainda estão vivos.
Também não
tenho nenhuma procuração para defender Jonas Savimbi. Mesmo assim, e não tendo
a certeza que José Ribeiro e companhia sabem ler, aqui vão algumas notas de
esclarecimento.
Jonas
Malheiro Savimbi foi o único dirigente dos movimentos de libertação nacional que
se encontrava no interior do país por ocasião do 25 de Abril de 1974.
Durante 16
anos, Savimbi dirigiu a Resistência contra o expansionismo russo-cubano e o
monopartidarismo, tendo angariado apoios e simpatias interna e externamente. Foi
classificado como estratega politico-militar de craveira internacional; combatente
pela liberdade; esperança de Angola pelos países amantes da liberdade e democracia
Foi Jonas Savimbi quem obrigou à saída dos cubanos de Angola e ao fim do
monopartidarismo.
A carreira
de Jonas Savimbi foi fundamentalmente de um cidadão sensível aos problemas do
seu Povo; de um empenho total às causas profundas e legítimas dos angolanos de
um condutor de homens cujo pensamento e acção determinaram a evolução do
processo de Libertação do Povo de Angola e de África Austral, tornando-lhe num
dos patriotas mais vibrantes e empreendedores do fim do Século XX.
Savimbi foi
o único dirigente nacionalista angolano que circunscreveu nos ideais do seu
Movimento, aquando da sua fundação em 1966, a democracia assegurada pelo voto
do Povo através de vários Partidos Políticos.
Mesmo contra
a vontade do MPLA e, neste caso, dos sipaios que tem em serviço no Jornal de
Angola, com a morte de Savimbi, África perdeu um dos seus mais insignes filhos,
cuja vida e obra o situam na senda dos
arautos da História Africana como N'Krumahn, Nasser, Amílcar Cabral, Senghor,
Boigny e Hassan II.
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