sexta-feira, agosto 24, 2012

Eles comem tudo e não deixam nada!


Os sindicatos representativos dos trabalhadores ao serviço da RTP consideram completamente inaceitável a “hipótese”, ontem anunciada por António Borges, de extinção do segundo canal da RTP e de privatização total da empresa encapotada de concessão da sua gestão a um grupo privado.

Em comunicado conjunto divulgado esta tarde, os sindicatos consideram que tal possibilidade “não representaria apenas um ataque brutal aos trabalhadores da RTP, pois seria o fim definitivo dos serviços públicos de rádio e de televisão, caso inédito na Europa moderna e com efeitos dramáticos na garantia constitucional do direito à informação e à liberdade de informação e de expressão e pondo em causa a própria democracia”.

No documento, as estruturas sindicais reafirmam a posição que têm tomado de forma inequívoca sobre a matéria: “reconhecendo que é necessário melhorar os serviços públicos que a RTP presta e que é necessário melhorar o desempenho económico-financeiro da empresa, tal prestação só é possível, em qualidade e cumprindo todas as suas obrigações, pelo menos com a actual arquitectura de serviços de programas (vulgo canais), assegurados pela empresa de capitais exclusivamente públicos que é – e deve continuar a ser – a RTP”.

Entretanto, também a Comissão de Trabalhadores da RTP emitiu um comunicado indignando-se com a “nova hipótese” apresentada pelo consultor do Governo para as privatizações – ver anexo –, e marcando um plenário para quarta-feira, dia 28, pelas 14 horas.

É o seguinte o texto do Comunicado conjunto:

“1. Coincidindo com a publicação do Relatório da Execução Orçamental dos primeiros sete meses do ano, que evidencia os resultados desastrosos das políticas impostas aos portugueses, foi “desvendada” ontem uma “hipótese” de solução para a o “problema RTP”, que o Governo e a maioria parlamentar tentam demagogicamente fazer crer ser uma das empresas responsáveis pela situação em que o país se encontra.

2. Ao justificar a “hipótese”, completamente inaceitável, de extinção do segundo canal da RTP e da privatização total da empresa encapotada de concessão da sua gestão a um grupo privado (sabe-se lá qual…), que se encarregaria de despedir ainda mais trabalhadores, lá vêm os arautos da salvação da Pátria argumentar que assim se pouparia muitos milhões ao Orçamento do Estado (além de evitar que o Governo suje as mãos com despedimentos).

3. Uma tal possibilidade não representaria apenas um ataque brutal aos trabalhadores da RTP, pois seria o fim definitivo dos serviços públicos de rádio e de televisão, caso inédito na Europa moderna e com efeitos dramáticos na garantia constitucional do direito à informação e à liberdade de informação e de expressão e pondo em causa a própria democracia.

4. Na verdade, os verdadeiros serviços públicos de rádio e de televisão não podem estar à mercê dos apetites do lucro nem das contingências próprias do sector privado, na medida em que as suas inúmeras e diversificadas obrigações (defesa da língua e da cultura, atenção a minorias, cobertura do território nacional e da diáspora, entre muitas outras) têm de ser asseguradas, por vezes independentemente de critérios de rentabilidade. Assim como a sua gestão não pode ficar isenta do escrutínio público, especialmente através dos órgãos legitimamente constituídos.

5. Não é por acaso, aliás, que a Constituição da República Portuguesa estabelece (Art.º 38.º, n.º 5) que “o Estado assegura a existência e o funcionamento” de um Serviço Público de Rádio e Televisão (o que torna inviável a “hipótese” em causa, por inconstitucional), justamente porque o legislador constituinte entendeu – e muito bem – que este serviço é de tal maneira importante que não pode ser assegurado senão pelo Estado, evidentemente através de uma empresa de capitais públicos.

6.Os sindicatos representativos dos trabalhadores ao serviço da RTP reafirmam a posição que de forma muito clara têm tomado: reconhecendo que é necessário melhorar os serviços públicos que a RTP presta e que é necessário melhorar o desempenho económico-financeiro da empresa, tal prestação só é possível, em qualidade e cumprindo todas as suas obrigações, pelo menos com a actual arquitectura de serviços de programas (vulgo canais), assegurados pela empresa de capitais exclusivamente públicos que é – e deve continuar a ser – a RTP.”

3 comentários:

Anónimo disse...

vou lamentar que haja mais desempregados,
Sucede que os trabalhadores da RTP, talvez nem todos, não vira a tempo que isto poderia acontecer.
Só espero que a Fátima Campos Ferreira, faça um programa do prós e contras e que fale abertamente dos tubarões que andaram 30 e muitos anos a chular os portugueses , Os pagante. AGORA GRITAM

Bolota disse...

E se a concessão fosse parar ás mãos do grupo que ganhou o concurso de compra do Pavilhão Atlantico??? O mesmo é dizer Luis Montêz, por mero acaso Genro de Cavaco Silva????

Orlando Castro disse...

Obrigado pelos comentários, mesmo aos anónimos. Neste caso um especial agradecimento ao Bolota do blogue Marafade.

Abraço