Os
sindicatos representativos dos trabalhadores ao serviço da RTP consideram
completamente inaceitável a “hipótese”, ontem anunciada por António Borges, de
extinção do segundo canal da RTP e de privatização total da empresa encapotada
de concessão da sua gestão a um grupo privado.
Em
comunicado conjunto divulgado esta tarde, os sindicatos consideram que tal
possibilidade “não representaria apenas um ataque brutal aos trabalhadores da
RTP, pois seria o fim definitivo dos serviços públicos de rádio e de televisão,
caso inédito na Europa moderna e com efeitos dramáticos na garantia
constitucional do direito à informação e à liberdade de informação e de
expressão e pondo em causa a própria democracia”.
No
documento, as estruturas sindicais reafirmam a posição que têm tomado de forma
inequívoca sobre a matéria: “reconhecendo que é necessário melhorar os serviços
públicos que a RTP presta e que é necessário melhorar o desempenho
económico-financeiro da empresa, tal prestação só é possível, em qualidade e
cumprindo todas as suas obrigações, pelo menos com a actual arquitectura de
serviços de programas (vulgo canais), assegurados pela empresa de capitais
exclusivamente públicos que é – e deve continuar a ser – a RTP”.
Entretanto,
também a Comissão de Trabalhadores da RTP emitiu um comunicado indignando-se
com a “nova hipótese” apresentada pelo consultor do Governo para as
privatizações – ver anexo –, e marcando um plenário para quarta-feira, dia 28,
pelas 14 horas.
É o seguinte
o texto do Comunicado conjunto:
“1.
Coincidindo com a publicação do Relatório da Execução Orçamental dos primeiros
sete meses do ano, que evidencia os resultados desastrosos das políticas
impostas aos portugueses, foi “desvendada” ontem uma “hipótese” de solução para
a o “problema RTP”, que o Governo e a maioria parlamentar tentam
demagogicamente fazer crer ser uma das empresas responsáveis pela situação em
que o país se encontra.
2. Ao
justificar a “hipótese”, completamente inaceitável, de extinção do segundo
canal da RTP e da privatização total da empresa encapotada de concessão da sua
gestão a um grupo privado (sabe-se lá qual…), que se encarregaria de despedir
ainda mais trabalhadores, lá vêm os arautos da salvação da Pátria argumentar
que assim se pouparia muitos milhões ao Orçamento do Estado (além de evitar que
o Governo suje as mãos com despedimentos).
3. Uma tal
possibilidade não representaria apenas um ataque brutal aos trabalhadores da
RTP, pois seria o fim definitivo dos serviços públicos de rádio e de televisão,
caso inédito na Europa moderna e com efeitos dramáticos na garantia
constitucional do direito à informação e à liberdade de informação e de
expressão e pondo em causa a própria democracia.
4. Na
verdade, os verdadeiros serviços públicos de rádio e de televisão não podem
estar à mercê dos apetites do lucro nem das contingências próprias do sector
privado, na medida em que as suas inúmeras e diversificadas obrigações (defesa
da língua e da cultura, atenção a minorias, cobertura do território nacional e
da diáspora, entre muitas outras) têm de ser asseguradas, por vezes
independentemente de critérios de rentabilidade. Assim como a sua gestão não
pode ficar isenta do escrutínio público, especialmente através dos órgãos
legitimamente constituídos.
5. Não é por
acaso, aliás, que a Constituição da República Portuguesa estabelece (Art.º
38.º, n.º 5) que “o Estado assegura a existência e o funcionamento” de um
Serviço Público de Rádio e Televisão (o que torna inviável a “hipótese” em
causa, por inconstitucional), justamente porque o legislador constituinte
entendeu – e muito bem – que este serviço é de tal maneira importante que não
pode ser assegurado senão pelo Estado, evidentemente através de uma empresa de
capitais públicos.
6.Os
sindicatos representativos dos trabalhadores ao serviço da RTP reafirmam a
posição que de forma muito clara têm tomado: reconhecendo que é necessário
melhorar os serviços públicos que a RTP presta e que é necessário melhorar o
desempenho económico-financeiro da empresa, tal prestação só é possível, em
qualidade e cumprindo todas as suas obrigações, pelo menos com a actual
arquitectura de serviços de programas (vulgo canais), assegurados pela empresa
de capitais exclusivamente públicos que é – e deve continuar a ser – a RTP.”
3 comentários:
vou lamentar que haja mais desempregados,
Sucede que os trabalhadores da RTP, talvez nem todos, não vira a tempo que isto poderia acontecer.
Só espero que a Fátima Campos Ferreira, faça um programa do prós e contras e que fale abertamente dos tubarões que andaram 30 e muitos anos a chular os portugueses , Os pagante. AGORA GRITAM
E se a concessão fosse parar ás mãos do grupo que ganhou o concurso de compra do Pavilhão Atlantico??? O mesmo é dizer Luis Montêz, por mero acaso Genro de Cavaco Silva????
Obrigado pelos comentários, mesmo aos anónimos. Neste caso um especial agradecimento ao Bolota do blogue Marafade.
Abraço
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