A visita de Estado que o Presidente português, Cavaco Silva, efectua a Angola deve ser aproveitada para suscitar a questão de Cabinda, defenderam à Lusa representantes das facções da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC).
Bem podem esperar sentados. Para Cavaco Silva, Angola vai de Cabinda ao Cunene e a história de Portugal – só no que lhe interessa – começou a ser escrita apenas no dia 25 de Abril de 1974. Por isso, todos os tratados anteriores, incluindo o de Simulambuco, deixaram de existir.
Por muito que queiram os novos protagonistas do reino luso, chamem-se eles Cavaco Silva ou José Sócrates, a História de Portugal (bem como o próprio país) não começa em 1974. E no que às ex-colónias de África respeita, começou antes dos Acordos do Alvor. Antes com honra, depois com uma aviltante subserviência perante os novos donos desses países.
No caso de Cabinda, Portugal honrou desde 1885 e até 1974, o compromisso que incluiu constitucionalmente Cabinda na Nação portuguesa de forma autónoma. Depois disso e até agora, rendido à cobardia nacional, varreu a honra e a dignidade para debaixo do tapete, seguindo as instruções dos novos e ignorantes donos do país.
Assim, no artigo da Constituição referente à Nação Portuguesa sempre constava que o território de Portugal era, na África Ocidental, constituído pelo Arquipélago de Cabo Verde, Arquipélago de S. Tomé e Príncipe, Forte de S. João Baptista de Ajuda, Guiné, Cabinda e Angola.
Ao contrário do que têm dito os donos da verdade portuguesa, entre eles Cavaco Silva, quase todos paridos a partir de 1974 nas latrinas da ignorância e da ignominia, estava bem expresso (mesmo para os que para contarem até 12 têm de se descalçar) que Cabinda e Angola eram situações diferentes.
Pouco antes de 1974, a Lei Orgânica do Ultramar (1972) dizia de forma clara que os territórios ultramarinos se compunham das províncias com a extensão e limites que constarem da lei e dos tratados ou convenções internacionais aplicáveis.
Várias gerações de estudantes portugueses anteriores a 1974, como foi o caso do próprio Aníbal Cavaco Silva, leram que existia uma completa separação jurídica e administrativa que a Constituição indicava para o território de Cabinda.
Se o presidente da República de Portugal não renegar o passado (o que não é uma certeza) poderá, incluive, consultar os livros escolares dessa altura e ver que a verdade não é apenas o que meia dúzia de polutos cidadãos desejam.
Creio que ao nível dos principais políticos portugueses ainda haverá no activo quem se recorde que, a nível alfandegário – por exemplo - Cabinda e Angola funcionavam também como territórios distintos.
Também haverá quem tenha tesmunhado, in loco, que no aniversário da assinatura do Tratado de Simulambuco havia cerimónias específicas.
Em 1955, apenas para facilitar a administração do Enclave e alguma economia de meios, Cabinda foi considerada como um distrito de Angola. Apenas por isso já que em termos constitucionais tudo continuava na mesma.
Assim, fazendo fé de que a História de Portugal não começou só a ser escrita a partir de 1974, a situação de Cabinda relativamente a Angola era, em 1974, idêntica à dos protectorados belgas do Ruanda e do Burundi em relação ao Congo Belga.
Isto significa que se tornaram independentes, separados do Congo ex-belga, depois de, em 1960, a grande colónia belga se ter tornado independente.
Reconheço, contudo, que a visita do presidente do reino lusitano ao seu homólogo angolano, que por mero acaso só está no cargo há 31 anos, não poderia surgir em melhor altura.
Basta a Cavaco Silva, como mais alto representante das ocidentais praias lusitanas, estender a mão que José Eduardo dos Santos corresponderá com todo o altruísmo que lhe é peculiar.
Sobretudo do ponto de vista económico, Angola está motivada e com capacidade para comprar tudo e mais alguma coisa. E se Portugal está à venda, a altura é boa para se fazer um bom negócio.
Não faltam exemplos (banca, quintas, comunicação social, empresas) mas, é claro, os angolanos querem e podem comprar muito mais. E se Portugal precisa... junte-se o útil ao agradável.
Aliás, dada a grande amizade entre o líder angolano e os dois mais altos dignitários portugueses (Cavaco Silva e José Sócrates), creio que seria exequível propor a José Eduardo dos Santos a compra do próprio país, por atacado.
Eu sei que a maioria dos angolanos continua a passar fome, mas se José Eduardo dos Santos está mais preocupado em comprar, ou colonizar, Portugal do que em dar de comer ao povo, quem sou eu para contestar?
1 comentário:
cavaco silva foi pobre ja ten o suficeite pra morer rico porque oque sai de cabinda,ja garante o seu bem estar.
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