domingo, agosto 19, 2012

Angola não existia antes do MPLA


O MPLA vai vencer as eleições para continuar a desenvolver Angola, garantiu na vila de Belize (colónia de Cabinda), o secretário-geral do partido que governa o país desde 1975, Julião Mateus Paulo "Dino Matross".

Ao fim de 37 anos de poder o MPLA deve, segundo “Dino Matross”, levar em conta que a projecção do desenvolvimento de Angola não só deve ser nas grandes cidades, mas também deve atingir as aldeias, acção que – diz ele - o governo do MPLA está a fazer de Cabinda ao Cunene.

E como exemplos da inefável e mundialmente reconhecida boa governação do MPLA, “Dino Matross” falou do abastecimento de água potável, energia eléctrica, alargamento da rede sanitária e escolar até aos recantos mais recônditos, reabilitação e construção de estradas, caminhos-de-ferro etc..

“O MPLA está apostado em continuar a trabalhar no combate à fome e à pobreza, com a implementação de iniciativas, como o Balcão Único do Empreendedor, fomentar o emprego e assegurar a inserção da juventude na vida activa”, enfatizou.

Para “Dino Matross”, em poucos anos de paz o MPLA está a fazer aquilo que os portugueses não fizeram em 500 anos de ocupação colonial, garantindo que o seu partido fará muito mais no próximo mandato.

No que aos portugueses respeita, e para além de terem sido eles que retiraram “Dino Matross” das copas das árvores e o ensinaram a andar erecto e a comer de faca e garfo, tudo o resto é a verdade “made in MPLA”.

Todos sabem, aliás, que quando o poder foi entregue por Portugal  numa bandeja de corrupção (que continua a florescer) ao MPLA, Angola era um imenso deserto ou, aqui e acolá, um amontoado de escombros.

Todos sabem que, a 11 de Novembro de 1975, Angola não tinha estradas, hospitais, aeroportos, hotéis, fábricas, prédios etc. Não tinha mesmo nada. Por isso, o que hoje existe é tudo obra exclusiva do MPLA.

Habituado a viver na selva da ignorância transformada em autopanegírico,  Eduardo dos Santos e todos os seus “dinos matross” entendem que a razão da força (conseguida à custa da corrupção e do roubo constante do que é do Povo) é a única lei. Espero, contudo, que no próximo dia 31 algum amestrador lhes ensine, mesmo que mostrando bananas ou ginguba, que nos países civilizados o que conta é a força da razão.

Embora o sipaio “Dino Matross” não o diga, deve estar feliz e agradecido aos portugueses. Foram eles que lhe deram a carta de alforria que permitiu que saísse da jaula e pudesse vaguear (embora sob controlo) pelas copas das árvores ou das bissapas.

Este complexado Secretário-Geral do MPLA é o mesmo sipaio que, em Fevereiro de 2011,  disse à Luanda Antena Comercial - LAC o que toda a gente sabe, o que poucos dizem e o que menos ainda escrevem, ou seja, quem se manifestar em Angola provocando distúrbios “vai apanhar”.

A reacção do dirigente do partido no poder em Angola desde 1975 foi um claro aviso para que o povo angolano (70 por cento do qual vive na miséria) não imite o que está a acontecer no Médio Oriente e no norte de África, onde os movimentos pró-democracia continuam o desafio aos regimes autoritários.

Ao que parece, o regime angolano nem se considera autoritário, desde logo porque o presidente da República, José Eduardo dos Santos, só está no poder há 33 anos sem nunca ter sido eleito...

“Dino Matross” lembra a guerra, acena com a guerra, usa a guerra como razão para que os angolanos não se metam em aventuras. Isto é, para que comam (se tiverem o que comer) e calem, para que aceitem o regime como algo sagrado que apenas pode e deve ser venerado.

O dirigente do MPLA apelou aos seus militantes, ao poder popular, para “manterem um elevado nível de vigilância, e se absterem de quaisquer tipo de actividades que atentem contra a convivência democrática e pacífica no país”.

Para “Dino Matross”, convivência democrática e pacífica significa estar de joelhos perante o regime, beijar a mão ao líder supremo, e aceitar como inevitável que o país é gerido por uma casta superior a quem a plebe deve total e inequívoca vassalagem.

É claro que essa casta superior sabe que o Povo, faminto e maltrapilho, não está contente com o regime. Sabe que outros ditadores estão em queda e que, mais dia menos dia, chegará a vez dos donos de Angola terem de partir. Mas, enquanto puderem, vão fazer tudo para que o povo apenas tenha fuba podre, peixe podre e porrada se refilar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Quanto ódio! Porque se esconde por detrais de um angolano portugues. Ou e angolano ou portugues.. Esta por cima do muro? Muitos estao a procura da sua raiz plantada em angola para abrirem o peito com orgulho de que sao angolanos. De facto em dez anos fez-se muito. Muito mais do que os 500 anos de colonização. Da a entender que lhe falta oportunidade ou não sabe como aproveitar a oportunidade que o mercado angolano aos investidores quer nacionais como estrangeiros. Crescemos sim e muito. Melhoramos sim e muito. Factos e contra factos nao ha argumentos.
Escolas, em 1975 so havia uma universidade a de luanda, hoje temos 22 intituicoes de ensino superior, com licenciaturas , mestrados e doutorados, com um total de 150 mil estudantes matriculados. No ensino primario e secundario 53 instituicoes construidas com 6.7 milhoes de estudantes. Sem falar nas melhorias em hospitais, casas agua, luz, porque muita coisa foi feita e esta por fazer. Deve ter ajudado a destruir o que existia.
Quanto ao peixe podre e fubá podre, fazia parte da racao dada como pratica de exploração colonial.

Orlando Castro disse...

Caro Anónimo,

Naturalmente que respeito todas as opiniões, até mesmo as que - como é este caso - se escondem atrás do cobarde método do anonimato. Eu sei que nem todos têm nome e chipala, como certamente é o seu caso.

Orlando Castro

Retornado disse...

Se o MPLA perder as eleições a pior consequência é escolher uma bandeira nacional.

De todos, apenas Caboverde escolheu a sua bandeira democraticamente, em todos estes anos.

Que haja paz naquela terra e que os únicos condomínios fechados sejam os Quimbos e arimbos, com paliçadas a proteger do leão e da onça.

Amen