O “jornalista”
Celso Filipe, do jornal português “Negócios”
(tal como muitos outros) descobriu a pólvora sobre a política em Angola. São
pérolas atrás de pérolas.
Diz Celso
Filipe: “Curiosamente, a defesa da nova Constituição angolana, que foi aprovada
em Janeiro de 2010 pelo Parlamento, foi feita em grande parte pelo então
vice-presidente da Assembleia Nacional, Norberto Santos, que durante anos foi
porta-voz da UNITA em Portugal. Na sequência do regresso à guerra, em 1992,
Norberto Santos (também conhecido por Kwata Kanawa) abandonou a UNITA e aderiu
ao MPLA. Esta Constituição “é mais um passo de particular importância para a
consolidação da Nação angolana, o reforço do Estado democrático e de direito e
para o reforço da democracia representativa e participativa" defendeu
Norberto Castro na altura, enquanto a UNITA acusava o Governo de estar a
promover um “golpe constitucional”.
Norberto dos
Santos e Norberto de Castro são, obviamente, pessoas diferentes. Eu sei que, se
calhar, para Celso Filipe são pretos e por isso são todos iguais. Mas não são.
Norberto dos
Santos não abandonou a UNITA porque nunca a ela pertenceu e, por isso, nunca
poderia ter sido porta-voz da organização em Portugal.
Para Celso
Filipe (que até tem a Carteira Profissional número 1438), Norberto de Castro –
este sim, porta-voz da UNITA em Lisboa – terá dado um importante contributo
para a nova Constituição de Angola.
Acho que
terá sido uma decisão difícil de tomar em 2010 por Norberto de Castro. Não só
porque nunca foi vice-presidente da Assembleia Nacional como, e acho que é um
facto importante, por ter morrido em 2004. Mas se Celso Filipe o diz…
Tivesse
Celso Filipe trabalhado com o Jornalista, escritor e político angolano,
Fernando Norberto de Castro e, creio, teria aprendido alguma coisa, desde logo
a não confundir a beira da estrada com a estrada da Beira.
Norberto de
Castro foi locutor e produtor radiofónico e director do jornal do Galo Negro,
Terra Angolana. Foi também, entre outros, chefe de redação, em Portugal, do
jornal “O País”, onde – aliás –
trabalhei com prazer e orgulho sob as suas ordens.
Já agora, só
para mera informação ao Celso Filipe, Norberto de Castro foi também presidente
da Federação Angolana de Patinagem e director do Gabinete de Comunicação e
Marketing da Sonangol. Em 1996, publicou “Ano de Kissanji”, com o qual recebeu
o 1º Prémio Rosa de Ouro da Câmara Municipal de Luanda.
Ver:
1 comentário:
Norberto de Castro era multifacetado que dava para confundir qualquer jornalista, mesmo que fosse angolano, quanto mais um caputo qualquer.
Em 1961 era furriel miliciano no RIL, "assíduo, zeloso e bem comportado", como se dizia de um bom funcionário no tempo das colónias tugas.
Fez uma grande reportagem, com Carlos Cruz, Rui Romano e mais um ou dois locutores importantes, na recepção em Luanda a Marcelo Caetano.
Memorável e histórica essa recepção.
Não lhe faltou coragem para continuar a lutar naquela terra fabulosa.
Não lhe faltou coragem e "jogo de cintura".
A maioria dos angolanos com o nível dele foram para o Brasil, EUA e Puto, não tiveram coragem de enfrentar a fuzilaria de 27 anos.
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