Os meios da força multinacional de paz em Darfur devem ser reforçados e a China pressionada para que a violência termine no território no oeste do Sudão, defende Daoud Hari, refugiado de Darfur. Diria que, do ponto de vista europeu e norte-americano, este é assunto que não interessa nem à pilinha do menino Jesus. Isto porque, no Ocidente se crê que o dito menino é branco e os que morrem aos milhares são… pretos.
"A violência é o primeiro problema a resolver. É preciso ambas as coisas, pressionar a China e reforçar os meios da força multinacional de paz no Darfur", declarou à agência Lusa, Daoud Hari, de 35 anos, um dos três refugiados do Darfur nos Estados Unidos e que esteve em Portugal a promover o seu livro "O Intérprete" (Dom Quixote), um contributo para que a guerra na sua terra não seja esquecida e que o povo de Darfur possa voltar a casa.
A luta pela posse das terras em Darfur, território com o tamanho de França, opõe desde 2003 o governo sudanês e milícias árabes (conhecidas como os janjawid) aos rebeldes africanos, com um balanço de pelo menos 200.000 mortos e mais de 2,5 milhões de deslocados.
Desde Janeiro está no terreno uma força conjunta das Nações Unidas e da União Africana, embora integre apenas 7.500 militares e menos de 2.000 polícias de um total autorizado de 26.000 homens. Num relatório do passado dia 13, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou a um aumento dos esforços para enviar tropas e equipamentos para o Darfur.
Referindo que "as forças de paz, se tiverem meios, podem fazer a diferença", Daoud Hari considerou que "os países ocidentais não querem agir por causa da China".E Hari assinala que, como quer o petróleo do país, o que a China "faz no Sudão é apoiar o governo e ajudar com armas", tal como em outras zonas de África. Ai sim? Quem diria…
"Ainda agora enviaram um navio com armas para o Zimbabué e no Zimbabué há problemas, mas não há uma guerra, para que é que eles querem as armas", questiona, acrescentando que "o problema não é só a ONU não actuar no (seu) país, é em África".
"Porque é que estão sempre preocupados com o Líbano e não do mesmo modo com o Darfur. Não sei porquê a diferença. Põem mais dinheiro e esforço no Médio Oriente que em qualquer problema em África", lamenta e vai continuar a lamentar.
"Em relação a África parece que o problema é só o da fome. Nós não tínhamos fome antes desta crise. O problema a resolver é o da segurança. Não quer dizer que não precisemos das organizações não governamentais, mas o que precisamos sobretudo é que esta crise termine, que as pessoas regressem às suas terras e façam a sua vida", declara Daoud Hari, convicto de que "se não houver violência em Darfur, as pessoas acabarão por falar para haver paz".
Desde que a sua aldeia foi atacada no Verão de 2003 pelas forças governamentais e os janjawid e que teve de fugir para o vizinho Chade que o trabalho de Hari tem sido mostrar o que se passa em Darfur.
Mostrar o que todos sabem, mas que ninguém quer ver. Cá para mim, desculpem lá, pela simples razão de que são pretos e para muita gentes da Europa, EUA e restantes potências, ser preto não é sinónimo de ser gente.
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