sábado, maio 24, 2008

Uma questão de memória que falta
a muito boa gente também da UNITA

Muito boa gente, sobretudo da UNITA (a do MPLA está bem mais atenta), interroga-se sobre o que consideram a minha “recente chegada às causas de Angola”, apontando que “foi preciso Jonas Savimbi morrer” para eu “me interessar pelos assuntos angolanos”. Por onde anda a memória desta gente?

Estão enganados. Muito enganados. Se lessem o que escrevi, muito antes do advento da Internet, saberiam que o faço até antes da independência de Angola.

Depois disso, poderiam informar-se sobre os anos em que escrevo, entre outros sítios, no Alto Hama do Notícias Lusófonas. Saberiam igualmente que escrevo e defendo as minhas posições sem os benefícios inerentes aos que vegetam nos areópagos da política, seja a angolana ou a portuguesa.

Vejam, por exemplo, o texto que se segue e que foi publicado inicialmente na minha página pessoal (
http://www.orlandopressroom.com/) em 19 de Junho de… 2001:

«Em Angola, segundo os últimos dados disponíveis, o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) assiste 12.969 refugiados, a maior parte dos quais estão concentrados nas províncias de Luanda (7.254) e do Moxico (5.170), encontrando-se os restantes 545 na província do Bengo.

Enquanto isso, no passado dia 10 de Março, a primeira-dama de Luanda, Ana Paula, mulher de José Eduardo dos Santos, juntamente com os filhos Danilo e Joseana, foram passar umas férias ao... Rio de Janeiro.

Ao contrário da versão oficial da Embaixada de Luanda no Brasil, a própria primeira-dama disse ter ido «passear com os meus filhos e fazer compras».

Enquanto isso, no ano passado, o ACNUR distribuiu a estes refugiados 5.550 cobertores, 2.215 conjuntos de cozinha, 2.215 baldes, 814 lonas para habitação e 200 candeeiros de petróleo.

Enquanto isso, Ana Paula ocupou a «modesta» suite... presidencial do Hotel Sofitel e, de acordo com a Imprensa brasileira, «distribuiu generosas gorjetas aos funcionários que a serviram».

Enquanto isso, o ACNUR presta ainda assistência a cerca de 202 mil deslocados de guerra angolanos, dos quais cerca de 120 mil estão concentrados na província do Uíge. Os restantes encontram-se nas províncias do Zaire (47.500), Uíge (21.500) e Luanda (13.000).

A estes deslocados de guerra o ACNUR distribuiu durante o ano passado 11.764 cobertores, 2.449 conjuntos de cozinha, 12.234 baldes, 1.777 lonas para habitação e 24.202 peças de roupa.

Enquanto isso, só em hospedagem a mulher de José Eduardo dos Santos gastou o equivalente à verba anual do Programa Nacional Micro-Crédito, liderado pela própria Ana Paula.

Enquanto isso, só na província do Bié existem mais de 200 mil pessoas com graves problemas de desnutrição e de cada mil angolanos nascidos vivos, 295 morrem antes dos cinco anos de idade.»

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