A UNITA considerou hoje "populista e demagógico" o discurso do Presidente da República de Angola e do MPLA, na abertura da III Conferência Nacional deste partido. Embora tivesse mantido um silêncio suicida sobre as acusações de Bob Geldof (ver ««Angola é um país gerido por criminosos» - Afinal há (ainda há) quem pense como eu»), o Galo Negro acordou agora. Acordou (se é que acordou) tarde e a más horas.
Em declarações à Lusa, Adalberto da Costa Júnior (foto), porta-voz do maior partido da oposição em Angola, afirmou que em "todas as questões que o Presidente José Eduardo dos Santos tocou no seu discurso, o governo do MPLA, que é por si dirigido, nada fez, ou fez pouco, em seis anos de paz para resolver os problemas" (ver «Afinal o que andam a fazer desde 1975 MPLA, Governo e Eduardo dos Santos?»).
"O MPLA não pode estar sempre a justificar a ausência de resolução de problemas com o conflito armado", disse Adalberto da Costa Júnior, referindo que "os seis anos de paz em que o país vive correspondem a uma legislatura e meia", durante a qual "pouco foi feito".
O porta-voz da UNITA, partido que integra – recorde-se - o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), em minoria, com o MPLA, referiu ainda como exemplo do que considerou ser a "demagogia" de José Eduardo dos Santos a referência à liberdade de imprensa no país.
"Só que a UNITA terminou a sua Conferência Nacional há escassos dias e o seu presidente - Isaías Samakuva - não teve direito a um directo na Rádio Nacional de Angola e na Televisão Pública de Angola como teve o líder do MPLA", disse, questionando "onde está a igualdade de circunstâncias".
E onde está a novidade? A UNITA continua a reagir em vez de agir. Continua a ser rebocada em vez de rebocar. Continua a comentar em vez de ser comentada. Continua a aceitar, para enorme gozo do MPLA, ser o primeiro dos últimos.
Adalberto da Costa Júnior considerou mesmo que José Eduardo dos Santos "expôs-se muito" ao ter escolhido este discurso porque "falou de corrupção e tráfico de influências mas nada fez para as resolver".
"A realidade do país atesta a falta de credibilidade das palavras do Presidente da República", afirmou, salientando no entanto que concorda "totalmente" com José Eduardo dos Santos, quando disse que as eleições legislativas de Setembro "vão ser muito competitivas" e que a vitória não vai ser entregue ao MPLA nem vai cair do céu.
Adalberto da Costa Júnior lá deverá saber qual a melhor estratégia. Não seria mau, digo eu, aprender alguma coisa com os Velhos generais que durante décadas trocaram as voltas aos seus inimigos. A não ser que, como me parece que é o caso, já saiba tudo e seja dono da verdade. Nesse caso… não há nada a fazer.
1 comentário:
Força, Orlando.
Dá-lhes!!!
Gostei de ler hoje no JN a tua página sobre Myanmar.
Um abraço.
Enviar um comentário