O Governo de Sua Excelência o primeiro-ministro de Portugal resolveu encomendar um estudo para concluir o que todos já sabíamos: a influência da língua portuguesa no mundo não corresponde ao seu número de falantes.
Encomendado pelo Ministério da Educação e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ao reitor da Universidade Aberta, Carlos Reis, o estudo constatou também a dispersão da política da língua e o fraco empenho dos sucessivos executivos portugueses na sua promoção.
Há anos que isto já se sabe. Há anos que isto é dito e redito em vários sítios, começando no Portugal em Linha (http://www.portugal-linha.pt), passando pelo Pululu (http://pululu.blogspot.com) e pelo Notícias Lusófonas (http:/noticiaslusofonas.com) terminando – no meio de muitos outros – aqui no Alto Hama.
Em declarações à Agência Lusa, Carlos Reis salvaguardou que o estudo só estará concluído no final de Maio, mas indicou que já tirou conclusões preliminares. «Existe uma grande disparidade entre o universo falante de português e a efectiva influência internacional da língua portuguesa», afirmou o professor.
Carlos Reis adiantou que o estudo foi iniciado em Fevereiro e teve como base documentos sobre o ensino de português no estrangeiro da Assembleia da República, da Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento e da Fundação Calouste Gulbenkian.
Além do Instituto Camões e do Conselho das Comunidades Portuguesas, o Reitor da Universidade Aberta contactou também com alguns coordenadores do ensino de português no estrangeiro, nomeadamente na Suíça, Reino Unido, Espanha e África do Sul, considerando estes testemunhos como dos mais importantes para se aperceber desta realidade.
Que pena Carlos Reis não ler o que, há 12 anos, é dito e redito no Portugal em Linha, no Notícias Lusófonas há 10 anos, no Pululu há 4 e no Alto Hama há quase dois.
No âmbito da promoção da língua portuguesa, Carlos Reis sublinhou que «se fazem muitas coisas bem», mas «muitas vezes de uma maneira dispersa». «Tem de haver uma racional articulação dos esforços», disse o reitor, defendendo que, «com o mesmo dinheiro, pode fazer-se melhor».
É verdade. Talvez com o mesmo dinheiro, se calhar até com menos, mas com mais, muito mais, competência e sem critérios de filiação partidária como condição sine qua non para se fazer alguma coisa.
Carlos Reis concluiu ainda que «até agora não houve um efectivo envolvimento [dos governos portugueses] nesta matéria». «Ainda não houve uma efectiva vontade política de manter uma política de língua séria e credível», afirmou.
Se calhar, digo eu, ao dizer agora que o rei vai nu, Carlos Reis vai ter a atenção que é devida à questão. Pena é (mas do mal o menos) que seja preciso ser Reitor de uma universidade para que se descubra o que outros, muitos outros, andam a dizer há anos. Há muitos anos.
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