Pier de Carvalho, antigo combatente das forças armadas portuguesas na Guiné-Bissau, ensina há 18 anos numa escola improvisada, debaixo de uma mangueira no Bairro de Santa Luzia em Bissau, para tentar salvar a língua portuguesa, relata com raro sentido de oportunidade a Lusa.
Actualmente, cerca de cem crianças frequentam o "estabelecimento de ensino", debaixo da árvore de fruto, onde aprendem ortografia, caligrafia, geometria e ciências.
Em funcionamento desde 1990, a escola do professor Pier é das poucas que ainda ensinam à moda antiga, como na "época colonial".
O velho professor gosta do seu trabalho, mas lamenta que as crianças "hoje em dia não falem o português".
"Querem falar o francês ou o inglês, o português é que não gostam de falar, talvez por complexo de errar. Mas aqui sabem que têm que tentar falar o português", sublinhou o professor.
Pier de Carvalho culpa os pais das crianças que "não gostam de falar o português em casa" e o ensino oficial do país pelo nível da língua de Camões na Guiné-Bissau.
"Qualquer dia ainda será difícil encontrar um jovem guineense que saiba falar o português correctamente", disse.
Pier de Carvalho dá como o exemplo as "calinadas" que, disse, se cometem na aplicação correcta dos termos em português.
"Na Guiné-Bissau é normal dizer 'arrancar' em vez de 'começar' quando se quer indicar o início de uma coisa", disse o professor, frisando que o termo é utilizado de forma errada.
"'Arrancar' é dar início a uma coisa através de um processo mecânico, como os motores, agora 'começar' é dar início a uma actividade humana", explicou Pier de Carvalho.
"É este tipo de coisas que também tento ensinar às crianças, para que saibam empregar os termos da linguagem de forma correcta", disse.
Pier de Carvalho é guineense mas serviu a tropa colonial portuguesa como soldado atirador de artilharia e mais tarde foi destacado como professor para o posto escolar militar número 10 na Ponte-Caium, entre Pitche e Burumtuma, no leste da Guiné-Bissau.
De 1972 a 74, Pier de Carvalho ensinou as crianças guineenses e os soldados portugueses "com pouca instrução escolar".
Finda a guerra colonial, Pier de Carvalho ainda trabalhou no Ministério da Educação guineense. Mas com o tempo compreendeu que "não dava" para continuar como funcionário público.
Para ensinar as crianças, Pier de Carvalho decidiu enveredar pelo o ensino privado, montando a sua própria escola. Só que, por falta de meios para alugar uma casa, o velho professor apenas tinha uma escolha: ir para debaixo de uma mangueira.
"Às vezes apanhamos com o sol e com a chuva e somos obrigados a interromper as aulas", disse Pier de Carvalho.
Embora não seja uma escola oficial, o professor Pier dá aulas de explicação às crianças "com paciência e com amor" de segunda a sexta-feira.
De manhã e de tarde, os alunos, entre os cinco e 15 anos, saem das explicações e vão para a escola oficial.
A mensalidade varia entre 500 a 1000 francos CFA (cerca de 1,5 euros). Mas, às vezes, acontecem situações em que os pais das crianças não conseguem pagar a mensalidade por falta de dinheiro, sublinhou o professor que, nesses casos, aceita as desculpas que lhe são apresentadas.
"Ensino as crianças por paixão, não por dinheiro", sublinhou Pier de Carvalho.
Nota: CPLP é uma coisa que quer dizer Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
Actualmente, cerca de cem crianças frequentam o "estabelecimento de ensino", debaixo da árvore de fruto, onde aprendem ortografia, caligrafia, geometria e ciências.
Em funcionamento desde 1990, a escola do professor Pier é das poucas que ainda ensinam à moda antiga, como na "época colonial".
O velho professor gosta do seu trabalho, mas lamenta que as crianças "hoje em dia não falem o português".
"Querem falar o francês ou o inglês, o português é que não gostam de falar, talvez por complexo de errar. Mas aqui sabem que têm que tentar falar o português", sublinhou o professor.
Pier de Carvalho culpa os pais das crianças que "não gostam de falar o português em casa" e o ensino oficial do país pelo nível da língua de Camões na Guiné-Bissau.
"Qualquer dia ainda será difícil encontrar um jovem guineense que saiba falar o português correctamente", disse.
Pier de Carvalho dá como o exemplo as "calinadas" que, disse, se cometem na aplicação correcta dos termos em português.
"Na Guiné-Bissau é normal dizer 'arrancar' em vez de 'começar' quando se quer indicar o início de uma coisa", disse o professor, frisando que o termo é utilizado de forma errada.
"'Arrancar' é dar início a uma coisa através de um processo mecânico, como os motores, agora 'começar' é dar início a uma actividade humana", explicou Pier de Carvalho.
"É este tipo de coisas que também tento ensinar às crianças, para que saibam empregar os termos da linguagem de forma correcta", disse.
Pier de Carvalho é guineense mas serviu a tropa colonial portuguesa como soldado atirador de artilharia e mais tarde foi destacado como professor para o posto escolar militar número 10 na Ponte-Caium, entre Pitche e Burumtuma, no leste da Guiné-Bissau.
De 1972 a 74, Pier de Carvalho ensinou as crianças guineenses e os soldados portugueses "com pouca instrução escolar".
Finda a guerra colonial, Pier de Carvalho ainda trabalhou no Ministério da Educação guineense. Mas com o tempo compreendeu que "não dava" para continuar como funcionário público.
Para ensinar as crianças, Pier de Carvalho decidiu enveredar pelo o ensino privado, montando a sua própria escola. Só que, por falta de meios para alugar uma casa, o velho professor apenas tinha uma escolha: ir para debaixo de uma mangueira.
"Às vezes apanhamos com o sol e com a chuva e somos obrigados a interromper as aulas", disse Pier de Carvalho.
Embora não seja uma escola oficial, o professor Pier dá aulas de explicação às crianças "com paciência e com amor" de segunda a sexta-feira.
De manhã e de tarde, os alunos, entre os cinco e 15 anos, saem das explicações e vão para a escola oficial.
A mensalidade varia entre 500 a 1000 francos CFA (cerca de 1,5 euros). Mas, às vezes, acontecem situações em que os pais das crianças não conseguem pagar a mensalidade por falta de dinheiro, sublinhou o professor que, nesses casos, aceita as desculpas que lhe são apresentadas.
"Ensino as crianças por paixão, não por dinheiro", sublinhou Pier de Carvalho.
Nota: CPLP é uma coisa que quer dizer Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
1 comentário:
Essa história me faz lembrar o filme "Nenhum a menos", se puder, assista. Resenha no Link: http://www.asia.cinedie.com/not_one_less.htm. É mesmo para quem acredita na força do giz. Um abraço.
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