O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, convocou os jornalistas (mais uma vez pouco mais foram de que veículos de propaganda) para, a partir do Palácio de S. Bento, dizer o que já se sabia: sou o dono da verdade e quero ser o dono do país.
"O acordo que conseguimos junto das instituições europeias é absolutamente fundamental para evitar que Portugal recorra a ajuda externa", disse o também sumo pontífice do PS, incapaz de perceber que este governo não é uma solução para o problema mas, isso sim, um problema para a solução.
"O que está em causa é mostrarmos que somos capazes de resolver os problemas por nós próprios" até porque – diz ele - "uma crise política não serve Portugal, só agrava a credibilidade e confiança que precisamos para enfrentar as situações".
Acredito que, mais dia menos dia, os portugueses vão mostrar que são capazes de resolver os seus problemas. Mas para isso precisam de mandar José Sócrates e os seus vassalos dar uma volta ao bilhar grande. Devolver a escolha ao Povo nunca é, ao contrário das teses catastrofista do primeiro-ministro, uma crise.
Aliás, para repor a credibilidade e a confiança é urgente que sejam os portugueses (onde, ao contrário do que pensa José Sócrates, se incluem os 700 mil desempregados e os mais de 20% de pobres) a dizer de sua justiça e não, como agora acontece, seja a senhora Angela Dorothea Merkel.
José Sócrates defendeu que "as medidas são de redução adicional de despesa do Estado para 2011, e tratam-se de assegurar que em qualquer cenário macroeconómico Portugal cumpra a meta de 4,6% do défice".
É claro que, como nos últimos anos, se mudar o cenário macroeconómico também mudarão as medidas adicionais. A única coisa que não mudará são as vítimas. E neste particular, a margem de progressão ainda é grande: ainda há muita gente para ir para o desemprego e engrossar também a percentagem de pobres e de miseráveis.
Por ser dono da verdade, Sócrates lamenta “que o anúncio das medidas tenha suscitado várias perplexidades e equívocos”. De facto, todos os que pensam de forma diferente (se calhar esse é um direito que o primeiro-ministro também quer anular) estão equivocados.
Sócrates faz lembrar aquele condutor que entra na auto-estrada em contra-mão e que não pára de protestar contra os outros condutores que, esses sim, vão no sentido errado...
Estas medidas fazem parte da estratégia socialista que visa ir novamente ao pacote dos portugueses e que, segundo a terminologia daqueles que têm pelo menos três refeições por dia, visa reduzir a despesa em 2,4% do Produto Interno Bruto e aumentar a receita em 1,3% já nos próximos anos (2011, 2012 e 2013).
Não está mal. Como se já não bastasse uma geração à rasca, o governo socialista teima em que por uma questão de equidade todas as gerações têm de ficar também à rasca. A única excepção é a da geração socialista dos gestores, administradores, directores, assessores e amigos que aceitam ser tapetes do poder.
Sem comentários:
Enviar um comentário