segunda-feira, março 07, 2011

A RTP também lambe (pois claro!) as botas ao regime totalitário de Eduardo dos Santos

O MPLA continua a escolher bem, muito bem, quem quer em Angola. Está no poder desde 1975 e, por isso, confunde país com partido, partido com Estado, Estado com a família Eduardo dos Santos. Tudo somado, actua como dono do país. A comunidade internacional ri e, é claro, o povo morre à fome.

Quem hoje, a propósito da (não) manifestação contra o regime de José Eduardo dos Santos (o tal presidente da República que, apesar de nunca ter sido eleito, está no poder há 32 anos) viu o noticiário da RTP e da SIC ficou a saber o que é propaganda e o que se aproxima do Jornalismo.

A televisão do regime socialista português fez, e muito bem, um exercício de pura propaganda e de bajulação ao regime angolano. Já a SIC andou muito perto do que é o Jornalismo sério e objectivo.

A RTP, que é sumptuosamente sustentada pelo dinheiro dos contribuintes portugueses (mesmo dos 700 mil desempregados e dos 20 por cento de pobres), deverá ter igualado o trabalho da sua congénere angolana, sendo de prever que o seu “jornalista” residente, Paulo Catarro, venha a ser condecorado pelo regime de Eduardo dos Santos.

O regime angolano, com a cobertura de muitos países da comunidade internacional, incluindo Portugal, dá-se ao luxo de impedir a entrada de jornalistas que não lhe garantam fidelidade, bem como de escolher os que – dentro da fidelidade – mais fiéis são.

A RTP está, aliás, a seguir a sua tradição. Recordo-me que Luís Castro, outro jornalista da televisão pública portuguesa, esteve em Setembro de 2008 como enviado especial em Luanda, e de lá falou como se Angola fosse apenas o que o regime quer que se julgue que é.

Nessa altura, tal como agora Paulo Catarro, descobriu - o que só revela um aturado trabalho jornalístico - que, entre outras pérolas, “Há muito para contar”, que “Angola está em obras”, que os “Maiores bancos portugueses estão em Angola e têm lucros significativos”, que “Milhares de portugueses procuram oportunidades em Angola” e que “Estas são as primeiras eleições em 16 anos”.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que mais de 68% da população angolana vive em pobreza extrema e que a taxa estimada de analfabetismo é de 58%.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% da população.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que o silêncio de muitos, ou omissão, se deve à coação e às ameaças do partido que está no poder desde 1975.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que a corrupção política e económica é, hoje como ontem, utilizada contra todos os que querem ser livres.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo nada de substancialmente diferente do que o apresentado pelo Jornal de Angola, pela TPA ou pela RNA.

2 comentários:

angola-net-report disse...

Caro Orlando,
Foi decepcionante ver o Sr. Catarro a bajular daquela forma, dizer que nao havia policiamento for a do normal foi para mim a maior ofensa que ouvi deste journalista, quando da minha janela eu via homens armados com lancas-Granada.

Kiama

Anónimo disse...

Apesar de incomodar, que valor tem o catarro? Dificulta a clareza comunicacao, a liberdade de expressao!!!
C.D.