D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas portugueses, dizia em Julho de 2010 que não entendia bem as medidas de austeridade impostas pelo Governo, avisando que poderiam ter elevados os custos sociais.
E eu a julgar que estava isolado nesta dificuldade de comprender as teses do sumo pontífice do PS, José Sócrates, agora (mui) bem acompanhado pelo líder do PSD, Pedro Passos Coelho.
“É preciso ter muito cuidado. Porque é nestas horas que se fazem grandes fortunas. E, sobretudo, é nestas horas em que os mais pobres ficam mais pobres e alguns ricos ficam muitíssimo mais ricos”, disse o prelado no Funchal, à margem da comemoração dos 58 anos da Força Aérea Portuguesa.
Pois é. Agora que José Sócrates poderá ter de deixar a cadeira do poder verifica-se, apesar de ele ainda lá estar sentado, que o seu mais do que provável sucessor (Pedro Passos Coelho) deverá adoptar o mesmo receituário, variando apenas a cor do papel da receita.
Cá na casa tem-se dito ao longo dos últimos anos que o governo socialista tudo tem feito para que os poucos que têm milhões passem a ter mais milhões, ao mesmo tempo que os milhões que têm pouco ou nada passem a ter ainda menos.
Isso não impede (pelo contrário) que, como é basilar no Jornalismo - não no (jorna)lismo -, aqui se continue a dizer o que se pensa ser a verdade, mesmo que isso desagrade aos futuros donos do reino, sejam eles quais forem.
Para já, o ainda reino lusitano e socialista regista 700 mil desempregados, 20% da população a viver na miséria e mais 20% a viver na pobreza. Ver-se-á o que vai acontecer se o governo mudar. Mas, a fazer fé no que se vai conhecendo, estes números vão continuar a subir.
“Nós temos de lutar e dizer em voz alta, com respeito, respeitando a liberdade, respeitando as pessoas, mas respeitando antes de mais a verdade”, apontou D. Januário Torgal Ferreira.
Porque D. Januário Torgal Ferreira teve o que no seu tempo não era raro, mas que hoje é raríssimo, privilégio de nascer com coluna vertebral, certamente que daqui a alguns meses o vamos ver a repetir estas afirmações.
É claro que ao bispo das Forças Armadas foi mais fácil dizer estas verdades. Desde logo porque, ao que julgo, o ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, não o despediu ou – como fez o governo noutras situações – deu cobertura a despedimentos colectivos nas Forças Armadas.
Eu sei que caberia aos jornalistas (ainda há por aí alguns que teimam em dar voz a quem a não tem) estar na primeira linha dos que, “com respeito, respeitando a liberdade, respeitando as pessoas”, devem sobretudo “respeitar antes de mais a verdade”.
No entanto, por experiência própria, os jornalistas sabem que, neste reino socialista lusitano, dizer a verdade é mais de meio caminho andado para o desemprego. E tanto sabem disso que, hoje, estão a dar a volta e a trocar as amizades do Largo do Rato pelas da Rua de São Caetano.
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