Nem de propósito, embora a ideia já tivesse sido manifestada a 14 de Janeiro. Ramos-Horta quer ajudar Portugal e, como disse à Rádio Renascença, não o faz por filantropia mas numa perspectiva de um bom negócio.
Assim, Timor-Leste pode e, pelos vistos, quer, ajudar a resolver grande parte das necessidades de financiamento de Portugal. Para o efeito, Ramos-Horta sugere uma aliança com Angola e o Brasil para compra de dívida soberana portuguesa a juros mais baixos.
A proposta de Ramos-Horta é muito simples: uma venda directa da dívida portuguesa ao Brasil, Angola e Timor, com taxas de juro abaixo das que têm estado a ser praticadas. Não sei o Brasil estará muito interessado, mas acredito que dentro da sua estratégia de compra de Portugal, a retalho ou por atacado, Angola esteja disponível para pôr alguma coisa na mão socialista que se estende ao mundo.
No caso de Angola não se poderá falar das instituições financeiras mas, é claro, do clã Eduardo dos Santos. Mas, do ponto de vista português, o que importa não é quem é o dono do dinheiro mas, isso sim, o dinheiro.
“O que eu proponho seria uma medida conjunta, mas a novidade aqui é que nós compraríamos abaixo o juro que os mercados impõem a Portugal. Poderíamos dizer: estamos a ajudar Portugal, mas estamos a ajudar-nos a nós próprios e estamos a moralizar e a impor um pouco de controlo nos meios financeiros do mercado,” afirmou Ramos-Horta, mostrando como é possível ganhar... ajudando.
Para Timor pode ser mesmo um bom negócio, seja por diversificar o mercado seja por conseguir melhores dividendos do que os que são pagos pelos fundos norte-americanos, onde os timorenses têm 90% do seu fundo do petróleo investido.
“Mau negócio é o nosso investimento no juro americano que é menos de 3%: mais inflação e mais depreciação do dólar. Estávamos a perder dinheiro”, explica Ramos-Horta.
Apesar da boa intenção de Timor, não se tem a certeza se a medicação chegará a tempo de salvar o doente (Portugal). É que a actual lei sobre o fundo petrolífero obriga a que pelo menos 90% dos proveitos do petróleo sejam investidos em títulos do tesouro norte-americanos. Essa lei está a ser revista, só falta saber se virá, de facto, a tempo.
Como salienta a RR, o fundo do petróleo timorense vale nesta altura sete mil milhões de dólares americanos e em conjunto com investimento de Angola e do Brasil poderia ser uma ajuda importante para fugir aos juros recorde que Portugal tem vindo a pagar.
Não creio, contudo, que os altos juros que estão a ser aceites por Portugal sejam algo que tire o sono, ou que faça dores de cabeça, ao sumo pontífice socialista que gera o país.
É que não será ele, nem os seus actuais vassalos, a pagar a factura. Essa terá de ser paga por aqueles que nada tiveram a ver com a dívida e que, se calhar, serão os últimos a fechar a porta (se ainda existir porta) e a apagar a luz (se não tiver sido cortada).
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