O PSD acusa o primeiro-ministro de Portugal de viver na fantasia e de fazer discursos sobre a situação do país que insultam os portugueses.
Acho piada a esta discussão de políticos que são fuba do mesmo saco, que são pares no tango que há muito, muito tempo, põe o país de tanga, que gostam – com tonalidades muito similares – de gozar com a chipala dos portugueses, julgando que todos eles são matumbos.
"O que temos hoje no país é impostos a mais, endividamento a mais, despesa pública a mais, riqueza a menos, poder de compra a menos, dificuldades a mais para as famílias e para as empresas", declarou o líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, durante o debate do (mau) “Estado da Nação”, no Parlamento. Isto, repare-se, em Julho de 2010.
Tudo isto é verdade. Mas o que o país precisa não é de diagnósticos do PSD ou placebos do PS. Precisa de tratamento eficaz e, pelo andar da carruagem, não parece existir no reino lusitano quem seja capaz de passar das palavras à acção.
Miguel Macedo apontou então os "mais de cem mil portugueses que abandonam por ano o país porque não encontram em Portugal um presente e, sobretudo, não vislumbram em Portugal um futuro", e criticou os resultados invocados e o tom utilizado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, no seu discurso.
E então? Nada. O PSD tem garganta suficientemente funda para ir dizendo algumas verdades mas, até agora, apresenta-se como um partido castrado ou, pelo menos, detentor de tomates amovíveis. Sendo que a maior parte das vezes os deixa na gaveta.
"Desculpe que lhe diga, senhor primeiro-ministro, está a insultar a dificuldade de 600 mil portugueses que estão no desemprego", disse na altura o líder parlamentar do PSD, acusando José Sócrates de ter demonstrado "insensibilidade social, autismo político" e de ter feito uma intervenção de quem vive no "país da fantasia".
Mais uma vez o PSD esquece-se que ladrão tanto é o que entra em casa como o que fica à porta. E em Portugal, nesta fase, é o PS quem entra na casa dos portugueses, mas quem fica à porta é o PSD.
Segundo o líder parlamentar do PSD, "os portugueses hoje não vivem melhor depois de cinco anos de Governo socialista" e Portugal é "um país com mais pobres, mais excluídos e mais desigualdades", ao contrário do que alegou o primeiro-ministro.
Só faltou dizer que os portugueses que estão a aprender a viver sem comer são cidadãos de terceira. De primeira, e sem esses problemas, são os do PS, de segunda e também sem grandes problemas são os do PSD, e os de terceira são todos aqueles que trabalham, todos os que pensam pela sua própria cabeça e que não têm nem coluna vertebral nem tomates amovíveis.
Também Miguel Relvas considerou em 7 de Julho de 2010, reagindo a criticas do PS, que a política não pode “baixar de nível” insistindo que os políticos portugueses devem dar uma melhor imagem, mesmo em situações de “desespero”.
Quem dá o que tem a mais não é obrigado. E os políticos portugueses, sobretudo os do PS...D, não podem dar o que não têm. E se não têm nem imagem, nem conteúdo, nem honorabilidade... o bacanal vai continuar.
“A política não pode baixar a um nível mesmo que o desespero o justifique. É altura do PS regressar à tranquilidade e naturalidade que a vida pública exige a um partido que alinda tem responsabilidades de governo”, afirmou Miguel Relvas.
“A vida pública tem que manter um certo nível de educação e de equilíbrio em que os responsáveis públicos devem medir as palavras”, acrescentou o dirigente do PSD.
Zangaram-se as comadres? Ficou desfeita a dupla lusitana condidata ao campeonato do mundo de tango? Não. Nada disso.
Miguel Relvas reagia assim a declarações de Vitalino Canas, do PS, que acusara o líder do PSD de ter feito declarações de elevada gravidade em Madrid, ajoelhando-se aos interesses de uma empresa espanhola, a Telefónica, contra o interesse nacional através da PT.
De joelhos, de cócoras, com a mão, com a boca, de pé ou na horizontal... é o reino lusitano no seu melhor.
"É grave que o presidente do PSD, em vez de ter procurado em Madrid coordenar respostas contra a crise, tenha antes procurado salvaguardar os interesses de uma empresa espanhola contra os interesses de Portugal", afirmou Vitalino Canas, acrescentando que Pedro Passos Coelho, em Madrid, "ajoelhou-se aos interesses de uma empresa espanhola contra o interesse nacional".
Ao contrário do que diz o PS, também nesta questão prostibular o mercado é global e cada um ajoelha-se perante quem quer.
“Não é bom para a democracia nem para a imagem dos políticos, que têm a responsabilidade de ser um exemplo. Não são bons exemplos que estamos a dar à sociedade portuguesa”, afirmou.
É claro que são bons exemplos. São, aliás, o que de mais puro a democracia portuguesa pariu nos últimos anos.
Por alguma razão um deputado socialista (Ricardo Rodrigues) rouba gravadores aos jornalistas; o primeiro-ministro (José Sócrates) diz a um deputado: "Manso é a tua tia, pá!"; um ministro (Manuel Pinho) faz uns cornos para outro deputado ou, no Parlamento, se fala de “espionagem política”, “sujeira”, “coscuvilhice” e “política de fechadura”...
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