José Filomeno dos Santos, filho do Presidente angolano, tido como potencial sucessor de Eduardo dos Santos na monarquia democrática angolana, é suspeito de alegados negócios ilícitos.
Até prova em contrário é inocente. Se o assunto se passasse em Angola e envolvesse o filho de um qualquer líder partidário, com exclusão do MPLA, o homem seria culpado até prova em contrário.
José Filomeno dos Santos, para além de ser filho do dono de Angola e ter passado por empresas do pai (caso – queira-se ou não – da Sonangol), é um cidadão viajado e preparado para suceder a quem está no poder há 32 anos, sem nunca ter sido eleito.
Aliás, nas monarquias é mesmo assim.
Na retaguarda dos negócios de José Filomeno dos Santos, segundo a Deutsche Welle - Voz da Alemanha, está Jean-Claude de Morais Bastos, um cidadão suíço originário de Cabinda, através do qual o filho de Eduardo dos Santos fundou o seu próprio banco, o “Quantum”, recrutando para os seus quadros Ernst Welteke, ex-presidente do Banco Central da Alemanha, que hoje assume as funções de Presidente do Conselho de Administração.
De acordo com a mesma fonte, observadores angolanos residentes na Alemanha já lançaram publicamente acusações graves que apontam (como se alguém acreditasse nisso...) para lavagem de dinheiros desviados das finanças públicas angolanas, e que seria feita com a participação e ajuda de personalidades alemãs, como Ernst Welteke.
Ernst Welteke, membro do Partido Social-Democrata alemão foi, que em 2004, obrigado a demitir-se do Banco Central Alemão por suspeita de corrupção.
Seja como for, não faz sentido falar de lavagem de dinheiro e de corrupção em Angola. E não faz porque, como todos sabem, são maleitas que não existem no reino de Eduardo dos Santos.
E quando as organizações internacionais (que o regime ainda não conseguiu comprar) dizem que o país é um dos mais corruptos do mundo, estão enganadas.
Tal como estava enganado o líder a UNITA, Isaías Samakuva, quando em Novembro de 2009 afirmou, sem meias palavras, que um dos exemplos da corrupção em Angola eram as transferências de avultadas somas para Portugal "para comprar até empresas falidas para branquear dinheiro roubado ao povo de Angola”.
Que a afirmação de Samakuva não iria causar qualquer mossa em Angola, desde logo porque o governo do MPLA e a corrupção são uma e a mesma coisa, todos calculavam. Assim aconteceu.
Já quanto a Portugal, mesmo sabendo que nesta matéria - como em muitas outras – os angolanos aprendem com os seus amigos portugueses, ainda havia na altura quem pensasse que surgiria uma qualquer reacção, mesmo sabendo que o país está atolado com as faces ocultas conhecidas e, é claro, com outras que são mesmo ocultas.
Mas não. Tal como Luanda, Lisboa menteve-se impávida e serena, cantando e rindo e bem de uma nação que, pelos vistos, ninguém sabe qual é, mas todos dizem ser socialista.
Isaías Samakuva apontou mesmo a a existência de "pressões" sobre o primeiro-ministro português, José Sócrates, para "libertar milhões de dólares de dinheiro público (angolano em contas de bancos portugueses) para determinadas contas privadas de mandatários do regime angolano" de forma a poderem "comprar empresas falidas" e "branquear" capitais.
Grave? Com certeza que sim se, é claro, se falasse de um Estado de Direito. Como o Estado é torto, como muitas das suas faces são ocultas, tudo ficou em águas putrefactas de bacalhau, como é timbre num reino medíocre.
Se calhar, no caso português, o silêncio (para além de ser a alma das negociatas) é também uma forma de não hostilizar os seus principais credores, ou seja, a família Eduardo dos Santos e todo o séquito que cada vez está mais rico à custa, como óbvio, do povo que está cada vez mais pobre.
Creio, aliás, que a ainda grande diferença posicional, em matéria de corrupção, entre Portugal e Angola se deve apenas ao facto de os angolanos, apesar de tudo, darem a chipala ao manifesto.
Ao contrário dos portugueses que apostam tudo em ocultar a face...
Sem comentários:
Enviar um comentário