O Governo angolano reiterou(?), na sua qualidade de potência colonial ocupante, a disponibilidade para continuar a negociar com a FLEC-FAC soluções para a paz e reconciliação na colónia de Cabinda.
Primeiro foi a um outro país, o Congo, prender, raptar, torturar e matar o chefe do Estado Maior da organização, Gabriel Nhemba “Pirilampo”, depois vestiu a pele de cordeiro e veio dizer que quer negociar.
Em comunicado, o regime angolano diz que, após alguns "ataques terroristas" ocorridos em Cabinda, em 2009, uma delegação do Governo e a FLEC-FAC prosseguiram e concluíram negociações iniciadas no mesmo ano, "com vista à criação de condições para complementar e consolidar a paz e reconciliação” na colónia, a que Angola chama província, de Cabinda.
O documento cita a Acta do Encontro entre a delegação do Governo e a delegação da FLEC, de 26 de Novembro de 2009, a Acta de Compromisso assinada entre as duas delegações no dia 7 de Janeiro de 2010 e o Memorando de Entendimento para a Cessação das Hostilidades, com vista ao Fim do Conflito, em 9 de Janeiro de 2010.
"Quando se esperava pela assinatura formal e a implementação dos entendimentos, em particular do memorando acima referido, em Julho de 2010, a delegação da FLEC-FAC desistiu das conversações", refere o documento.
O Governo colonial realça que, após a desistência, a FLEC-FAC retomou "ataques terroristas", citando os realizados contra uma empresa de petróleos a BGP, ao serviço da petrolífera angolana SONANGOL, no dia 8 de Novembro do ano passado, na área do Buco Zau.
Os ataques, segundo o comunicado do regime colonial angolano, estenderam-se até ao presente ano, tendo o primeiro ocorrido no dia 28 de Fevereiro, contra uma coluna de logística de meios civis, que era realizada pelas Forças Armadas Angolanas (FAA).
"Face à situação criada, e por imperativos de segurança, o Governo reagiu, orientando as FAA e a Polícia Nacional para, no quadro da sua missão constitucional, darem resposta operacional às ameaças da FLEC-FAC", refere o documento.
As autoridades angolanas informaram que, na semana passada, as FAA e a Polícia Nacional realizaram operações conjuntas, que culminaram com a desarticulação das bases e unidades da FLEC-FAC ao longo da fronteira, nas áreas de Inhuca e Massabi, na sequência das quais foram registadas baixas em ambas as partes.
Recorde-se, entretanto, que o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros do executivo socialista português de José Sócrates, João Gomes Cravinho, afirmou em Janeiro de 2010 que o Governo acompanhava com a “atenção normal” a situação de Cabinda, defendendo que o importante é a detenção de responsáveis de ataques criminosos.
Não está nada mal. Até parece que, para os donos do reino lusitano, falar de Cabinda ou de Zoundwéogo é exactamente a mesma coisa. Lisboa esquece-se que os cabindas, tal como os angolanos, não têm culpa que as autoridades portugueses tenham, em 1975, varrido a merda colonial para debaixo do tapete.
Quando interrogado sobre se o Governo português considerava preocupantes, na altura, as notícias de detenções de figuras alegadamente ligadas ao movimento independentista na colónia angolana de Cabinda, João Gomes Cravinho afirmou que “preocupante é quando há instabilidade e violência, como aconteceu com o ataque ao autocarro da equipa do Togo” a 8 de Janeiro de 2010.
Sim, é isso aí. Portanto, o MPLA pode prender, raptar, torturar e matar quem muito bem quiser (e quer todos aqueles que pensam de maneira diferente) que terá, como é óbvio, o apoio e a solidariedade das autoridades portuguesas.
Creio, aliás, que tal como fez em relação a Jonas Savimbi depois de este ter morrido, Gomes Cravinho não tardará (provavelmente só está à espera que eles morram) a chamar Hitler, entre outros, a Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanso Tati, Jorge Casimiro Congo, Agostinho Chicaia, Martinho Nombo e Raul Danda.
João Gomes Cravinho explicou que, “em relação ao mais” Lisboa acompanha o que se passa “pelas vias normais”, isto é, pela comunicação social e pelos relatos feitos pela embaixada portuguesa.
Ou seja, Portugal está-se nas tintas. E quando Cravinho diz que Lisboa acompanha o que se passa pelos relatos feitos pela embaixada portuguesa está a esquecer-se que a embaixada lusa se limita, hoje como ontem, a ampliar a versão oficial do regime angolano.
Como se já não bastasse a bajulação de Lisboa ao regime angolano, ainda temos de assistir à constante passagem de atestados de menoridade e estupidez aos portugueses por parte do secretário de Estado João Gomes Cravinho.
Parafraseando José Sócrates, não basta ser primeiro-ministro ou secretário de Estado para saber contar até doze sem ter de se descalçar...
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