segunda-feira, março 28, 2011

O défice protege os audazes!

Os portugueses, bem como a senhora Angela Dorothea Merkel, podem ficar dscansados. O presidente da República garantiu à agência Bloomberg que recebeu a garantia de PS, PSD e CDS-PP do seu "compromisso inequívoco" com a estratégia de consolidação orçamental e com as metas de redução do défice já anunciadas pelo Governo.

Aníbal Cavaco Silva assegura (e quando alguém que nunca se engana e raramente tem dúvidas assegura...) que os três maiores partidos portugueses assumem o compromisso de apoio às metas já estabelecidas "por forma a garantir a trajectória de sustentabilidade da dívida pública".

Ora, sendo assim, os 700 mil desempregados, os 20% de pobres e os outros 20% que lambem os pratos vazios já podem ficar descansados. Vão continuar desempregados, pobres e lamber pratos vazios mas o défice será honrado.

Alguns até poderão colocar nos vãos das escadas onde dormem, ou até mesmo na lápide do cemitério, a frase: “O défice protege os audazes”.

E, convenhamos, ser audaz com o dinheiro dos outros, à custa da miséria dos outros, até não é uma questão difícil. Não será, por isso, complicado – basta haver portugueses – levar o défice para os 4,6% do Produto Interno Bruto em 2011, 3% em 2012 e 2% em 2013.

E se quiserem mais é só pedirem...

Até agora todas as forças partidárias defenderam a realização de eleições antecipadas, dizendo que é a única forma de resolver a crise política. E, pelos vistos, também será a única via para cumprir o défice, mesmo que a roleta (portuguesa, com certeza) volte a dar mais do mesmo.

O que conta em Portugal é a vontade de quem manda e a submissão de quem é mandado. E se já há gerações que nascem sem coluna vertebral, o melhor é deixar o tempo passar e tudo ficará na santa paz do défice e na santa ceia da classe dominante, onde têm lugar reservado Cavaco Silva, José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas.

Não adianta por isso dizer que a actual crise financeira, moral, política etc. é culpa dos políticos, essa casta superior que rege a vida dos plebeus.

Não adianta afirmar que o Estado socialista, social-democrata ou democrata-cristão, asfixia o povo com impostos, enquanto os gestores das empresas públicas auferem principescas remunerações.

Os portugueses devem apenas limitar-se a perguntar o que é que podem fazer pelo Estado (queriam que fosse o Estado a perguntar o que pode fazer por eles?).

E quando ele diz: baixem as calcinhas, cumpram com um sorriso e peguem na vaselina...

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