As pessoas de Cabinda têm muito medo do regime, e a violência continua no enclave, afirmou à Renascença o padre Raul Tati.
O sacerdote e activista por Cabinda sentiu na pele essa repressão, tendo estado 11 meses detido por suposta e nunca provada “autoria moral” do ataque levado a cabo contra a escolta militar e policial angolana à equipa do Togo durante o CAN 2010, que se realizou também na colónia angolana.
“Houve um recrudescimento das acções militares, da repressão policial, pressão psicológica sobre as populações que provoca muito medo. As pessoas têm medo do regime. Eu vivi isso lá”, afirmou o sacerdote.
Raul Tati acrescenta que “não se vislumbra um desanuviamento da situação. As acções militares continuam no terreno, e por ambas as partes. Só um acordo inclusivo, transparente, com a participação activa da sociedade civil é que pode ajudar a encontrar uma solução e acabar com a violência em Cabinda.”
De passagem por Lisboa, onde participou num encontro sobre os direitos humanos em Cabinda, este sacerdote católico diz que o movimento contestatário ao regime pode dar novos sinais nos próximos dias e não hesita em apelidar o regime de Luanda de ditatorial.
“Angola vai ter de se defrontar também com alguma agitação social. O tal chamado movimento contestatário está apenas a germinar e ainda poderemos ver, nos próximos dias, coisas mais incisivas neste sentido. É irreversível”, afirma Raul Tati, dizendo “com toda a sinceridade, que estamos perante uma ditadura”.
Segundo Tati, “uma prova disso é que apesar da Constituição prever o direito à manifestação, o regime continua a ter medo de que as pessoas se manifestem”.
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