Qualquer boa democracia tem uma listagem dos ditadores bons e dos ditadores maus, dos terroristas bons e dos terroristas maus. Sendo ainda certo que os maus de hoje foram os bons de ontem, e os maus de ontem serão os bons de amanhã.
Hoje, o ministro dos Negócios estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, considerou que o apoio militar da coligação internacional aos rebeldes líbios é uma "ingerência" nos assuntos internos da Líbia.
Por diversas vezes aqui se disse que Muammar Kadhafi, o tal a quem José Sócrates chamou de “líder carismático”, não era flor que se cheire.
Mas o cheiro, o mesmo cheiro, já tem décadas e isso nunca incomodou os donos do mundo, tal como não incomoda que o presidente de Angola, há 32 anos no poder sem ter sido eleito, tenha 70 por cento da população na pobreza.
"Consideramos que a ingerência da coligação numa guerra que, no fundo, é interna, civil, não foi sancionada pela resolução do Conselho de Segurança da ONU", que previa o recurso à força para proteger os civis contra a repressão do regime do coronel Muammar Kadhafi, declarou Lavrov.
E é verdade. A missão seria, supostamente, para proteger civis e não para ajudar civis a derrotar militarmente o ditador. É claro que, todos sabem, civis com armas ao lado de Kadhafi são terroristas, civis com armas do outro lado são heróis.
"A defesa da população civil continua a ser a nossa prioridade", disse Lavrov, mas acrescentou: "há uma diferença sensível entre ataques aéreos contra os meios de defesa anti-aéreos líbios e contra colunas de tropas" fiéis ao dirigente da Líbia.
Serguei Lavrov reconheceu a legitimidade da entrega do comando da operação à NATO, mas voltou a sublinhar que as operações militares devem exclusivamente visar a protecção da população civil.
"Essa decisão corresponde aos parâmetros previstos na resolução 1973. Nela está escrito que podem resolver as tarefas previstas no documento tanto países como organizações internacionais e regionais que se disponham para isso. A NATO é uma delas e, por isso, todos os processos foram observados", precisou.
"Processos são processos, mas os poderes previstos na resolução podem ser utilizados apenas com o objectivo da protecção da população civil", sublinhou.
É de facto uma chatice. Bem que Kadhafi poderia ter resolvido a questão de outra forma, fazendo o mesmo que os seus homólogos do Egipto e da Tunísia.
Bastava pegar num dos “Magalhães” oferecidos pelo seu ex-grande amigo português e, pela Internet, transferir mais uns milhões para um qualquer paraíso.
Mas como é teimoso... lá tiveram os donos do mundo de pegar na listagem dos bons e dos maus para saberem quem iriam matar.
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