José Sócrates, o primeiro-ministro desse reino lusitano a norte, embora cada vez mais a sul, da Tunísia, protectorado da Alemanha, diz que Portugal precisa de "um Presidente que não fale em crise política" e que promova a "unidade e coesão dos portugueses". Ou seja, de um Presidente que minta tanto quanto ele.
José Sócrates, que “salivava” (como diria Augusto Santos Silva) em Águeda numa acção de campanha do candidato às presidenciais Manuel Alegre, disse também que Portugal necessita de um Presidente "que mobilize as energias dos portugueses, que apele à vontade dos portugueses, que se inspire na nossa História e cultura e faça delas instrumentos para projectar o nosso país".
Quase parecia que Sócrates estava a vender uns “Magalhães” ao seu amigo Hugo Chávez, a idolatrar o “líder carismático” da Líbia, ou a fazer o panegírico do democrata e defensor dos direitos humanos de Angola, José Eduardo dos Santos.
Sócrates quer, afinal, um Presidente que faça o que ele conseguiu noutras áreas, em quase todas as áreas.
Tal como o Governo socialista conseguiu sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), convencer os mais cépticos de que mais vale ser um propagandista da banha da cobra do governo, mas de barriga cheia, do que um ilustre Jornalista com ela vazia, o Presidente deve – segundo a tese de Sócrates – mentir tantas vezes até que essa mentira se torne verdade.
“Nunca o país precisou tanto do espírito empresarial como agora. Nunca a economia portuguesa precisou tanto dos empresários portugueses como agora. O Governo está convosco”, disse também o sumo pontífice socialista no discurso, em Julho do ano passado, da assinatura de contratos no âmbito do "QREN – Estratégia para a Aceleração da Execução de Projectos Empresariais".
Portanto (espero que Cavaco Silva tenha registado), o Presidente deve dizer o mesmo. Deve afirmar que o Governo de José Sócrates está, como sempre esteve, com as empresas, nunca referindo que isso se aplica apenas às empresas ligadas ao PS, às dos amigos do PS, às que empregam os amigos do PS, às que financiam os amigos do PS, às que fazem propaganda ao PS, às que albergam militantes do PS, às que dão empregos milionários a ex-dirigentes do PS.
E, bem vistas as coisas, não são tão poucas assim. Assim sendo, são na verdade muitas as empresas com quem o governo esteve, está e estará. Disso os portugueses não têm dúvidas, pelo que um Presidente deve afinar por esse mesmo diapasão.
José Sócrates deixa habitualmente nos seus discursos em português técnico, palavras de “coragem, confiança, empenhamento, ânimo e pensamento positivo”, considerando que “de negativismo está este país cheio”.
Negativismo visível em alguns dos jornais portugueses, apenas e só naqueles que são feitos por jornalistas. Para os outros, que são os tais com quem o PS esteve, está e estará, não vale a pena olhar. Não são jornais, são correias de transmissão das teses do PS, tal como deve ser o Presidente... segundo a formatação de José Sócrates.
“Não vejo nenhuma razão para não confiar no nosso país”, enfatiza o primeiro-ministro, apelidando de “visão infantil e politiqueira achar que só Portugal é que enfrenta dificuldades”, já que isso acontece em toda a Europa.
Sócrates tem razão. Os portugueses até confiam no país, não confiam é nos políticos. Sabem, aliás, que por não poderem mudar o país têm, urgentemente, de mudar de governantes.
José Sócrates sabe, como sabe a maioria dos políticos lusos, que os portugueses são – citando Guerra Junqueiro – “um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas”.
Mas será que vão ser sempre assim? Não creio. Por experiência própria sabem cada vez melhor que, como as fraldas e pela mesma razão, os políticos devem ser substituídos e mandados para o lixo... sem direito a reciclagem.
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