O socialista Henrique Neto, embora de forma suave, diz que José Sócrates vive num "estado de negação da realidade" que o "obriga a mentir e a criar um mundo irreal".
Há quem seja mais drástico. Eu, por exemplo, penso que Sócrates mente tantas vezes porque acredita que, pela insistência, a mentira se tornará verdade.
Vem isto a propósito de hoje o INE ter revisto em alta o défice para 2010, passando-o de 6,8% para 8,6%. Mas será que vai ficar por aqui?
Tenho dúvidas. Aliás, em Portugal ninguém tem certezas nas coisas que envolvem o governo. Dizem os analistas que, para além da descredibilização externa, Portugal enfrenta o risco de ser “colado” à Grécia e de passar a ser visto como um país que mentiu.
Importa, contudo, dizer que Portugal, ou melhor, o seu governo, não só mentiu, como mente e mentirá enquanto estiver em funções. Todos, portugueses ou não, já deveriam saber (o homem está lá há seis anos) que José Sócrates diz às segundas, quartas e sextas o contrário do que afirma às terças, quintas e sábados.
E quando assim é, o país vive numa situação favorável a que exista – cito Manuel Alegre a propósito de José Sócrates - "um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa História, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE".
Como exímio ilusionista, José Sócrates conseguiu esconder de todos (muitos não foram na cantiga mas mantiveram-se calados) a verdade quer sobre o défice quer sobre a dívida pública.
Cometeu, como agora se vai vendo às prestações, um crime que – contudo – não é punido. Aliás, se este tipo de crime de “lesa pátria” desse penas de cadeia, Portugal não teria prisões suficientes.
Reconheça-se, no entanto, que mentir sobre estas questões já se tornou um direito dos diferentes governos a ponto de, creio, um dias destes aparecer uma lei para punir quem fale verdade sobre o défice.
Muita gente, boa gente, está agora preocupada com uma coisa que Portugal já há muito deixou de ter: credibilidade. Quando, se calhar até no Burkina Faso, se sabe que os portugueses têm a chefiar um governo alguém que diz que "está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu", nada mais é preciso.
O próprio José Sócrates afirma que um líder não pode ter vergonha de ter ideias, programa e plano. Eis porque, mesmo em relação ao défice, ele pode e deve voltar a dizer: “Está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor do que eu".
"Quem se apresenta ao escrutínio popular, em primeiro lugar, tem de ter ideias e não ter vergonha delas; é preciso ter um programa e não ter vergonha dele; é preciso ter um plano e não ter vergonha dele", declarou José Sócrates, em Julho de 2009, no final de um Fórum Novas Fronteiras com empresários e gestores.
José Sócrates disse também que os líderes políticos "têm a obrigação de apontar qual o caminho que o país deve seguir". "É preciso uma atitude de confiança nos portugueses e no futuro do país - confiança que tem ver com acção e não com a atitude de nos entregarmos à descrença ou ao pessimismo", disse.
É exactamente isso. E José Sócrates há muito que apontou o caminho do irreal e da mentira como a única saída. "Isto não vai lá de braços cruzados. Isto vai lá com acção e com aqueles que gostam de correr riscos e aceitam corrê-los. Não agir representa um preço que não podemos pagar", advertiu o primeiro-ministro, indicando aos portugueses o caminho, ou não fosse ele uma reedição (um bocado fracota e a tombar para o pirata) do homem do leme...
2 comentários:
Cracks no Regime de Gaddafi
O Ministro dos Negócios dos Estrangeiros
e da Segurança Interna
deu à perna.
Há sempre muitos países interessados
em acolher os trintadinheiros
afirmando¬-se perseguidos, ameaçados.
Em tons muito enfáticos,
eles afirmam-se defensores dos valores democráticos.
Os países demo-cráticos
envolvem-se em disputas
para acolherem esses filhos de putas,
com contas bancárias exageradas
e as mãos encardidas, ensanguentadas.
Na próxima semana
talvez surja por ai mais um desses fulanos famosos,
de Luanda, Tripoli, Lisboa ou Havana,
com a maior naturalidade,
a afirmar que sempre acreditou nos valores da Liberdade,
da Fraternidade e da Igualdade
e que o seu grande ideal
norteia-se pela justiça num Estado Social.
Consulino Desolado
Meu caro, o Sócrates, pelo menos desta vez tem razão.
é que as pessoas ainda não reparam que o INE está a ver os números num espelho, Ora diz a ciência que os espelhos reflectem sempre ao contrário...
Kdd
EA
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