O líder líbio, ex-grande amigo da maioria dos países ocidentais, Portugal incluído, afirmou sentir-se "traído" pelas Nações Unidas e "surpreendido" pelo Ocidente o ter "abandonado" na luta contra os "terroristas".
É sempre assim. É o preço que se paga quando em vez de inimigos inteligentes se tem amigos estúpios. Ontem era bestial, hoje é uma besta. Ontem, citando José Sócrates, era um “líder carismático”, hoje é um facínora da pior espécie.
Aliás, com ou sem José Sócrates no comando do Governo, com ou sem Cavaco Silva na Presidência, ainda vamos ver Portugal dizer de José Eduardo dos Santos o mesmo que agora diz de Muammar Kadhafi.
E, é claro, não é justo acusar o Governo socialista português de admirar "tiranos" e de se remeter a "silêncios" em matéria de política externa. Também não é justo dizer que Muammar Kadhafi, Hugo Chávez, Ben Ali ou José Eduardo dos Santos são uns tiranos. Não é justo porque a definição peca por... defeito.
Reconheça-se também que não é justo acusar a Europa de "desertar da luta pelos direitos humanos". E não é justo porque a Europa só considera seres humanos, dignos portanto de terem direitos, os seus cidadãos. Nem todos, é certo. Ora, muçulmanos, africanos, árabes e por aí fora não se enquadram na designação europeia de seres humanos.
Aliás, parafraseando o primeiro-ministro da República (socialista) de Portugal, não basta andar erecto para ser um ser humano. Se assim fosse, qual seria a qualificação a dar aos vassalos socialistas que andam sempre de cócoras perante o seu chefe, e ao chefe que anda de cócoras perante os ditadores que por aí pululam?
Por alguma razão, em Portugal existe um direito consuetudinário que estabelece que para ser político, ministro, deputado, assessor, gestor público etc. a existência de coluna vertebral é uma questão opcional.
Tão opcional que começa a ser genética. Desde logo porque os donos do país só querem autómatos, incultos de coluna vertebral amovível, de formação medíocre que, para além de serem baratos, façam tudo sem questionar seja o que for.
Portugal continua a valorizar todos aqueles que estão sempre de acordo, todos aqueles que para contar até 12 têm de se descalçar. Quanto à competência, esse é um critério selectivo que só está em primeiro lugar quando é preciso despedir.
Os incompetentes invertebrados proliferam por todos os lados. Mesmo que descobertos nas mais vis latrinas das cunhas e das filiações partidárias, são guindados para o topo das hierarquias de modo a que, com toda a lata, demitam ou ajudem a demitir os que sabem mais, os que fazem melhor, os competentes.
É assim em quase toda a sociedade lusa. Fundações, empresas públicas, semi-públicas, institutos, comissões, observatórios etc. estão cheios de gentalha capaz de tudo para cumprir o que o chefe manda, capaz de tudo para manter o tachito.
E nada preocupados com os que hoje são líderes carismáticos e amanhã facínoras...
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