sábado, março 12, 2011

Os vira-casacas estão de volta ao circo

Estou, sinceramente, a gostar de ver. Uma regra fundamental do Jornalismo diz, ou dizia, que se o jornalistas não procura saber o que se passa é um imbecil, e que se sabe o que se passa e se cala é um criminoso.

Os jornalistas, ou similares, portugueses procuram saber o que se passa. E a prová-lo está o facto de que muitos que eram, até agora, socialistas desde nascença e adeptos dos quatro costados de José Sócrates, estão a virar o bico ao prego.

Como paira no ar a séria possibilidade de o sumo pontífice socialista ir de vela, é ver muitos desses jornalistas, ou similares, a dizer que nunca foram socialistas, nem sequer simpatizantes de Sócrates. Vale a pena continuarmos atentos.

Creio que a imprensa livre é de facto um pilar da democracia. O problema está quando, como parece ser também um facto em Portugal, a democracia não existe, ou existe de forma coxa e apenas formal.

Basta, aliás, recordar que até existe um deputado que rouba gravadores aos jornalistas, no caso Ricardo Rodrigues, do Partido Socialista, vice-presidente do Grupo Parlamentar e membro do Conselho Superior de Segurança Interna de Portugal.

Muito coxa, embora os donos dos jornalistas e os donos dos donos digam o contrário. Ouçam, por exemplo, as mais impolutas figuras do Governo lusitano, nesta como em todas as outras matérias: José Sócrates e Augusto Santos Silva.

José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, chegou tão cedo ao sector da comunicação social que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, fazer com que os seus mercenários, chefes de posto ou sipaios, titulares, ou não, de Carteira Profissional de Jornalista, fizessem da imprensa o tapete do poder.

E são estes mesmos que já afiam as navalhas para apunhalar, pelas costas, o “líder carismático” do PS. É só ele cair para os vermos a pontapear a imagem de José Sócrates, negando a pés juntos e pela alma da santa mãe que sempre foram contra ele.

José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, transformar jornalistas em criados de luxo do poder vigente. Mas como o sumo pontífice pode passar de bestial a besta a todo o momento, a carneirada já diz que se fez alguma coisa de errado foi por ter sido obrigada.

Em Portugal José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, chegou tão cedo que conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, garantir que esses criados regressarão mais tarde ou mais cedo (muitos já lá estão) para lugares de direcção, de administração etc.. Mas, até mesmo esses, já aparecem a dizer que estavam enganados e que Pedro Passos Coelho é que é bom.

José Sócrates chegou tão cedo que deu carácter não só legal como nobre à promiscuidade do jornalismo com a política (sobram os exemplos de jornalistas-assessores e de assessores-jornalistas). Mudam-se os donos, mudam-se as vontades. Tarefa, aliás, fácil para quem já nasceu sem coluna vertebral.

José Sócrates chegou tão cedo que deu carácter não só legal como nobre ao facto de que quem aceita ser enxovalhado pode a curto prazo – basta olhar para muitas das Redacções - ser director ou administrador. Mas como esses cargos parecem estar, ou poder estar, em perigo, lá vão eles preencher – ou apenas reactivar – a ficha do PSD.

José Sócrates chegou tão cedo que deu carácter não só legal como nobre ao facto de a ética jornalística se ter tornado na regra fundamental que aparece a seguir à última... quando aparece.

Em Portugal, José Sócrates chegou tão cedo que deu carácter não só legal como nobre ao facto de o servilismo ser regra para bons empregos, garantindo que esses servos vão estar depois a assessorar partidos, empresas ou políticos.

Pois é. Muitos estão a cuspir no prato que lhes deu tanta comida. Mas o que seria de esperar de tantos analfabetos funcionais (sabem ler e escrever mas não lêem nem escrevem)?

2 comentários:

Anónimo disse...

Foi num tempo
em que ainda existiam espetadores
(quero dizer espectadores)
para os filmes pornográficos
e os acordos ortográficos
permitiam uma maior uniformização
na comunicação da população,
com os salários
e outros subsídios extraordinários
numa evolução
obedecendo, na exclusividade,
às leis da gravidade,
excepto para os retardados,
escolhidos pelos eleitorados,
os com conhecimentos raquíticos,
os politicos.
Foi num tempo em que, na cidade,
a continuidade era assegurada
por muito homem e muita mulher
oferecendo mentes e barrigas para aluguer,
gentes desesperadas,
gentes desempregadas.
Só assim encontravam maneira de serem remuneradas com alimentação,
uma moderna forma de prostituição.
Nesse tempo, sem rodeios,
os fins justificavam os meios.
Consulino Desolado

João Carvalho Fernandes disse...

Extraordinária a tarde na RTP-N. Já cheira a mudança... Depois de uma tarde inteira na manif, o discurso de Passos Coelho em directo.

Já enterraram o Sócrates e viraram a casaca!