Agora foi a
vez do Tribunal Constitucional atazanar a vida a Pedro Passos Coelho. E logo
numa altura em que o homem está farto de ser vaiado. Isso não se faz.
Seja como
for, mesmo sem o eruditismo lusófono de Miguel Relvas, Passos Coelho assegura que "o Governo está, como sempre
esteve, aberto ao diálogo com todas as forças políticas e sociais que queiram
participar activamente no debate acerca de todas as escolhas".
Não creio
que o Tribunal Constitucional seja uma dessas forças, ainda mais agora que
passou a “força de bloqueio”. Mas os juízes, tenham ou não especialidades
lusófonas, vão ver com quantos paus se faz a canoa dos escravos portugueses.
A cada dia
que passa o primeiro-ministro de Portugal melhora o seu desempenho (também foi
na Lusófona?). Para além de mentir passa com regularidade atestados de
menoridade aos portugueses que nele acreditaram, levando na mesma onda os que
nunca foram à sua missa.
O
primeiro-ministro assegura que "o Governo valoriza o consenso político em
torno das grandes questões estratégicas nacionais", tendo mesmo o
desplante de garantir que quer "manter um contacto construtivo constante
com o principal partido da oposição" em todas aquelas matérias.
Mesmo para
os portugueses que votaram em Passos Coelho mas que, nesta altura, já têm
dúvidas se o primeiro-ministro não será Miguel Relvas, as palavras deste governo pouco mais são do
que a confirmação de alguém que acredita ser um ser superior e, por isso, dono
de todos aqueles que tentam sobreviver no estado esclavagista que está a
construir.
"O
debate político frutuoso e a coesão social são condições decisivas para a
superação da emergência nacional", acrescentou o chefe do governo, para
quem não basta ter os seus servos a aprender a viver sem comer, pelo que ainda
entende que eles não têm direito de pensar… a não ser que seja pela cabeça do
sumo pontífice do reino.
"Não
bastam os votos na Assembleia da República dos deputados da maioria para
superar a emergência nacional", sublinhou, defendendo ser "necessária
a convergência de todas as forças políticas e sociais em Portugal".
Falando para
um país que julga já estar suficientemente castrado e de barriga vazia, Passos
Coelho continua a fazer gala da sua capacidade de impor a regra de ouro deste
governo: quero, posso e mando. Quem não estiver bem, acrescenta, que abandone a
“zona de conforto” e vá pensar para outros reinos.
Para Passos
Coelho, todos (menos os seus lacaios) são culpados até prova em contrário. Não tardará muito que
vá dizer que ainda está para nascer um primeiro-ministro que tenha feito, pelos
portugueses, tanto como ele.
E tendo em
conta os seus objectivos e aspirações, até está a fazer obra. Por exemplo,
conseguiu uma nova dieta alimentar para a maioria dos portugueses. Se os porcos
propriamente ditos comem farelo e não morrem, os escravos portugueses também o
podem fazer.
Há ainda coisas
que este governo quer ressuscitar que foram extintas há centenas de anos. Mas a
verdade é que, perante a passividade de todos, Passos Coelho está a dar corpo a
mais uma forma de escravatura.
Para além de
serem obrigados a pensar com a barriga… vazia, os escravos (excluem-se desta
categoria os políticos, directores, administradores, gestores patrões e
similares) até deveriam era trabalhar sem ganhar ou, até, pagar para trabalhar,
sendo com certeza essa a melhor metodologia para vencer a crise.
Como bem
sabem um milhão e duzentos mil desempregados, 20% que ainda vivem (isto é como
quem diz) na miséria e os outros 20% que a têm à porta, em todas as sociedades
(é o caso de Portugal) em que existem
seres superiores e inferiores, em que os esclavagistas estão no poder, os
escravos têm de pagar os manjares dos seus donos, seja pelas pensões vitalícias
ou por outros emolumentos.
Aliás, por
muito que seja o dinheiro envolvido na chulice, importa reconhecer que os
políticos portugueses, os de ontem e os de hoje (a fazer fé nas fábricas partidárias,
possivelmente também os de amanhã), são mesmo seres superiores que, como
exímios azeiteiros, exploram os escravos até ao tutano. E exploram porque tal
lhes é permitido. E sé é isso que a plebe quer, não há nada a fazer.
Aliás, basta
ver a galeria de notáveis e superiores cidadãos lusos para ter a certeza de que
todos eles, de Dias Loureiro a Oliveira e Costa ou Ângelo Correia, de Jorge
Coelho a Armando Vara, merecem tudo o
que recebem e ainda muito mais.
Se em
Portugal a casta superior é constituída por todos aqueles que trabalham não
para os milhões que têm pouco ou nada (os escravos), mas sim para os poucos que
têm cada vez mais milhões, ninguém pode dizer que eles não são competentes e
merecedores que os plebeus continuem a pagar para manter a sua mama.
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