Nelson
Mandela sempre exortou a Humanidade a criar um mundo melhor, com mais justiça e
liberdade para todos.
Nelson
Mandela deu e continua a dar várias lições ao mundo, se bem que muitos dos seus
“colegas” da política internacional façam ouvidos de mercador por, penso eu,
terem de se descalçar para contarem até doze.
Uma das suas
qualidade foi rodear-se de gente que pensava de maneira diferente. Diz Mandela
que é a melhor forma de encontrar soluções para os problemas. Ou seja, estar
rodeado de quem está sempre de acordo é encontrar problemas para as soluções.
Algo
semelhante dizia, há já muitos anos, o Jornalista português Manuel Pacheco de
Miranda quando explicava que “a liberdade de expressão de pensamento que todos
desejam não pode ser a liberdade de só se pensar como nós pensamos”.
É claro que
nem Mandela nem Pacheco de Miranda fizeram escola. Hoje o que mais importa é
estar de acordo, é pensar como pensa o chefe, é – ao fim e ao cabo – ter a
liberdade para nem sequer pensar em ter liberdade.
Por alguma
razão, fosse onde fosse ou quem fosse, quando chegava a qualquer sítio dizia
sempre: “Eu sou o Nelson Mandela”. Uma postura diametralmente oposta à de
alguns anões que, por exemplo em Portugal, chegam a qualquer lado e perguntam:
“Não sabe quem eu sou?”
E é por tudo
isto que com Homens como Nelson Mandela a carta chegaria a Garcia. Mas, a
verdade é que a sociedade está a abarrotar de anões em bicos de pés que o
melhor que sabem é mandar deitar a carta na primeira valeta que aparecer.
O magnata
britânico de origem sudanesa Mo Ibrahim responsabiliza as “falhas monumentais
dos líderes africanos após a independência”, explicando sem meias palavras
(coisa cada vez mais rara) que, “quando nasceram os primeiros Estados africanos
independentes, nos anos 50, África estava melhor em termos económicos”.
Ibrahim diz
que os interesses da Europa apenas podem ser duravelmente garantidos pela
democracia e não pelo apoio aos ditadores.
“Se a Europa
quer garantir a longo prazo os seus interesses, ela tem todo interesse em se
aproximar dos povos africanos. Pensar que a conivência com os ditadores seria
benéfica é um grande erro”, indicou Mo Ibrahim.
Este
empresário, que fez fortuna na telefonia celular ao criar o operador CELTEL que
se tornou depois ZAÏN, qualificou de “vergonhoso e um golpe à dignidade” a
contínua dependência de África em relação ao ocidente, tendo em conta os
“recursos impressionantes” que abundam no continente.
“Não se
justificam a fome, a ignorância e a doença que assolam África”, disse Mo
Ibrahim, para quem a solução terá de passar obrigatoriamente por “bons líderes,
boas instituições e boa governação”, sem os quais “não haverá Estado de
Direito, não haverá desenvolvimento”.
Ibrahim
recorda que “havia uma África na qual o Estado era o único proprietário dos
meios de informação, na qual a única televisão pertencia ao poder, na qual toda
a informação era controlada. Esta África já não existe”.
Por isso, “o
que aconteceu na Tunísia e no Egipto nunca teria sido possível sem as
tecnologias de informação e comunicação. Apesar dos esforços colossais, os
Governos destes dois países não conseguiram impedir a circulação das
informações. Nesta nova África, o povo é o único soberano e os nossos amigos
europeus devem persuadir-se disso”.
Comparando o
posicionamento europeu com o norte-americano, Mo Ibrahim entende que “os
americanos escolhem geralmente muito claramente a democracia e a luta contra a
corrupção na sua relação com os Estados africanos. Seria bom que os nossos
amigos Europeus fizessem o mesmo”.
Em relação
às posições da Europa, recordo-me que Margaret Thatcher, que em Maio de 1979 se
tornou a primeira mulher a dirigir um governo britânico, proibiu nesse ano o
seu enviado especial à Rodésia de se encontrar com Robert Mugabe.
E fê-lo para
defender a democracia? Para lutar contra as ditaduras?
Não. O
argumento, repare-se, era o de que "não se discute com terroristas antes
de serem primeiros-ministros".
"Não.
Por favor, não se reúna com os dirigentes da 'Frente Patriótica'. Nunca falei
com terroristas antes deles se tornarem primeiros-ministros", escreveu - e
sublinhou várias vezes - numa carta do Foreign Office de 25 de Maio de 1979 em
que o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Lord Peter Carrington, sugeria
um tal encontro.
Ou seja,
quando se chega a primeiro-ministro, ou presidente da República, deixa-se de
ser automaticamente terrorista. Não está mal. É verdade que sempre assim foi e
que sempre assim será.
E apesar dos
ensinamentos de Mandela, o mundo continuará a ter os seus Julius Malema e
Eugene Terreblanche…
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