quarta-feira, julho 18, 2012

Bons exemplos não têm continuadores




Nelson Mandela sempre exortou a Humanidade a criar um mundo melhor, com mais justiça e liberdade para todos.

Nelson Mandela deu e continua a dar várias lições ao mundo, se bem que muitos dos seus “colegas” da política internacional façam ouvidos de mercador por, penso eu, terem de se descalçar para contarem até doze.

Uma das suas qualidade foi rodear-se de gente que pensava de maneira diferente. Diz Mandela que é a melhor forma de encontrar soluções para os problemas. Ou seja, estar rodeado de quem está sempre de acordo é encontrar problemas para as soluções.

Algo semelhante dizia, há já muitos anos, o Jornalista português Manuel Pacheco de Miranda quando explicava que “a liberdade de expressão de pensamento que todos desejam não pode ser a liberdade de só se pensar como nós pensamos”.

É claro que nem Mandela nem Pacheco de Miranda fizeram escola. Hoje o que mais importa é estar de acordo, é pensar como pensa o chefe, é – ao fim e ao cabo – ter a liberdade para nem sequer pensar em ter liberdade.

Por alguma razão, fosse onde fosse ou quem fosse, quando chegava a qualquer sítio dizia sempre: “Eu sou o Nelson Mandela”. Uma postura diametralmente oposta à de alguns anões que, por exemplo em Portugal, chegam a qualquer lado e perguntam: “Não sabe quem eu sou?”

E é por tudo isto que com Homens como Nelson Mandela a carta chegaria a Garcia. Mas, a verdade é que a sociedade está a abarrotar de anões em bicos de pés que o melhor que sabem é mandar deitar a carta na primeira valeta que aparecer.

O magnata britânico de origem sudanesa Mo Ibrahim responsabiliza as “falhas monumentais dos líderes africanos após a independência”, explicando sem meias palavras (coisa cada vez mais rara) que, “quando nasceram os primeiros Estados africanos independentes, nos anos 50, África estava melhor em termos económicos”.

Ibrahim diz que os interesses da Europa apenas podem ser duravelmente garantidos pela democracia e não pelo apoio aos ditadores.

“Se a Europa quer garantir a longo prazo os seus interesses, ela tem todo interesse em se aproximar dos povos africanos. Pensar que a conivência com os ditadores seria benéfica é um grande erro”, indicou Mo Ibrahim.

Este empresário, que fez fortuna na telefonia celular ao criar o operador CELTEL que se tornou depois ZAÏN, qualificou de “vergonhoso e um golpe à dignidade” a contínua dependência de África em relação ao ocidente, tendo em conta os “recursos impressionantes” que abundam no continente.

“Não se justificam a fome, a ignorância e a doença que assolam África”, disse Mo Ibrahim, para quem a solução terá de passar obrigatoriamente por “bons líderes, boas instituições e boa governação”, sem os quais “não haverá Estado de Direito, não haverá desenvolvimento”.

Ibrahim recorda que “havia uma África na qual o Estado era o único proprietário dos meios de informação, na qual a única televisão pertencia ao poder, na qual toda a informação era controlada. Esta África já não existe”.

Por isso, “o que aconteceu na Tunísia e no Egipto nunca teria sido possível sem as tecnologias de informação e comunicação. Apesar dos esforços colossais, os Governos destes dois países não conseguiram impedir a circulação das informações. Nesta nova África, o povo é o único soberano e os nossos amigos europeus devem persuadir-se disso”.

Comparando o posicionamento europeu com o norte-americano, Mo Ibrahim entende que “os americanos escolhem geralmente muito claramente a democracia e a luta contra a corrupção na sua relação com os Estados africanos. Seria bom que os nossos amigos Europeus fizessem o mesmo”.

Em relação às posições da Europa, recordo-me que Margaret Thatcher, que em Maio de 1979 se tornou a primeira mulher a dirigir um governo britânico, proibiu nesse ano o seu enviado especial à Rodésia de se encontrar com Robert Mugabe.

E fê-lo para defender a democracia? Para lutar contra as ditaduras?

Não. O argumento, repare-se, era o de que "não se discute com terroristas antes de serem primeiros-ministros".

"Não. Por favor, não se reúna com os dirigentes da 'Frente Patriótica'. Nunca falei com terroristas antes deles se tornarem primeiros-ministros", escreveu - e sublinhou várias vezes - numa carta do Foreign Office de 25 de Maio de 1979 em que o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Lord Peter Carrington, sugeria um tal encontro.

Ou seja, quando se chega a primeiro-ministro, ou presidente da República, deixa-se de ser automaticamente terrorista. Não está mal. É verdade que sempre assim foi e que sempre assim será.

E apesar dos ensinamentos de Mandela, o mundo continuará a ter os seus Julius Malema e Eugene Terreblanche…

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