A UNITA ameaça
desistir das eleições gerais por alegadas ilegalidades em curso na condução do
processo eleitoral. A Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação
Eleitoral (CASA-CE) também fala de ilegalidades.
Tudo isto acontece
porque, mais uma vez, se sabe que só pondo os mortos a votar, só havendo mais
votos do que votantes, é que o MPLA consegue ganhar. Foi assim e assim
continuará a ser, sempre com a cobertura de relatórios internacionais escritos
em… dólares.
Por alguma
razão, em 2008, o regime afirmou que tinha comprado 10 milhões e 350 mil
boletins de votos e a empresa fornecedora, a espanhola Indra, provou que tinha
fornecido 26 milhões. Diferença pequena, como é óbvio, e dentro dos parâmetros
previstos nos cada vez mais numerosos areópagos políticas internacionais, a
começar por Lisboa, que dão cobertura a tudo o que o MPLA determina.
Isaías
Samakuva, líder do maior partido da oposição, diz que existem faltas de
condições para a realização do acto eleitoral, criticando a actuação da
Comissão Nacional de Eleições (CNE).
“Se os
vícios e anomalias não forem sanados, e as condições objectivas não estiverem
reunidas de modo satisfatório, nos termos da lei, e nos prazos estabelecidos,
dificilmente Angola irá às urnas para eleger democraticamente os seus líderes”,
referiu Samakuva, acrescentando que as eleições não podem ser imparciais e
transparentes se a CNE não agir de acordo com esses princípios.
A UNITA deu
um prazo ao Governo, até 1 de Agosto, para resolver as ilegalidades, ameaçando
desistir das eleições e organizar protestos caso as suas reivindicações não
sejam solucionadas.
Samakuva
sabe que, infelizmente para os angolanos, o regime não leva a sério as suas
críticas e nem está preocupado com um partido que há dez anos aceitou que os
seus dirigentes trocassem a mandioca pela lagosta, embora deixando o seu Povo a
morrer de fome – como ainda hoje acontece – nas terras do fim do mundo.
Também a coligação
liderada por Abel Chivukuvuku anuncio que
está a avaliar uma impugnação à lista do MPLA, partido no poder, concorrente às
eleições gerais de 31 de Agosto.
"Há de
facto uma série de irregularidades cometidas no âmbito da candidatura do MPLA e
em tempo próprio vamos definir se vamos ou não impugnar. Mas temos conhecimento
que há inúmeras irregularidades que o próprio Tribunal Constitucional também
não avaliou correctamente", disse Abel Chivukuvuku, líder da CASA-CE.
Em causa
está, designadamente, a inclusão em 60º lugar, na lista do partido no poder em
Angola, pelo círculo nacional, do empresário Bento dos Santos
"Kangamba", general na reforma e que alegadamente não cumpre o que
está disposto no artigo 145º da Constituição, que considera inelegíveis
candidatos que tenham cumprido pena de prisão superior a dois anos.
Não é
importante, mas deixe-me recordar um comunicado da UNITA divulgado no dia 20 de
Abril de 2009, em Luanda, no qual acusava o então presidente da CNE, Caetano de
Sousa, de ter “engavetado” o relatório sobre o inquérito instaurado às
irregularidades das eleições, referindo que “o povo precisava de saber o que
exactamente se passou”.
O Povo
precisava, como continua a precisar. Mas desde quando é que existe no MPLA e
nos seus funcionários a preocupação de falar verdade?
“O povo
eleitor que ficou horas e horas nas filas para votar, que teve de votar sem
cadernos eleitorais, que não recebeu cópia das actas de apuramento e que pagou
mais de 350 milhões de dólares à empresa “Valleysoft” que fez um péssimo
trabalho, merece uma explicação detalhada”, salientava o documento da UNITA.
Merecia e
merece sim senhor. Mas tudo ficou na mesma. E os que se atreveram a continuar
as críticas ficaram afónicos e entalados com os cheques da Sonangol, empresa
que continua a comprar o que estiver à venda e, é claro, até o que não
estiver...
“Além da
falta de transparência, a informação prestada pela CNE revela-se também
incompleta e insuficiente, não explicando de onde vieram as 50.195 actas
escrutinadas, quando só havia aprovado o escrutínio de 37.995”, lia-se ainda no
documento do maior partido da oposição angolana.
Segundo este
partido, a CNE não explicou na altura a proveniência dos 10.375.000 votos,
quando apenas foram encomendados 10.350.000 boletins de voto. Hoje sabe-se que
foram 26 milhões.
A UNITA dizia
que o inquérito da CNE confirmava o seu relatório de auditoria divulgado em
Novembro de 2008 onde defendia que os
Serviços de Informação (Sinfo) e a Casa Militar da Presidência angolana controlaram
o processo eleitoral, ao invés da Comissão Nacional Eleitoral.
“O principal
responsável por esta situação é o presidente da CNE (…) único comissário com
poderes executivos que lidou sozinho com as estruturas do Sinfo e da Casa
Militar que interferiram no processo”, acusava a UNITA.
“Angola
precisa de uma estrutura eleitoral perene e profissionalizada e não de numa
comissão efémera com juízes e advogados emprestados e técnicos amadores”,
defendia a UNITA há quatro anos.
Parafraseando
o arcebispo da minha cidade (Huambo), D. José de Queirós Alves, é caso para –
mais uma vez - dizer que a UNITA não tem força, mas tem razão. Pouco adianta,
mas tem.
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