O Governo português
prepara a criação de uma lista negra para quem deve mais de 75 euros aos
prestadores de serviços essenciais de luz e gás.
Lá vão os
pilha-galinhas ver o seu nome devassado. Se não têm dinheiro, então que vivam
às escuras, que lavem a roupa e tomem banho no rio.
Quantos aos
roubam o aviário, para esses os donos do país têm uma outra solução a que, de
acordo com a terminologia do sumo pontífice do reino, Passos Coelho, será –
pois claro! – a excepção. Aliás, os amigos são sempre uma excepção… que não
confirma mas faz a regra.
Por alguma
razão o social-democrata Manuel Frexes, presidente da Câmara do Fundão (PSD), devia
7,5 milhões de euros da conta da água e, para moralizar as tropas e dar o exemplo,
foi nomeado administrador da empresa… Águas de Portugal.
Compreendo,
apesar de tudo, a estratégia do governo do reino lusófono a norte de Marrocos.
É importante que os portugueses se habituam a viver à luz de um candeeiro…
apagado. É certo que, por exemplo, Portugal tem os reformados mais pessimistas
e mais mal pagos da Europa.
Mas, como
muito bem garante Passos Coelho, a
situação é transitória. Ou seja, vai… piorar.
Os
portugueses podem continuara atazanar o excelso sumo pontífice do PSD e
primeiro-ministro do reino, mas terão de o fazer à luz da vela o que, aliás, é
salutar. Desde logo porque dessa forma é mais difícil ver que os pratos estão
vazios.
Mas nada
disto preocupa Passos Coelho. Os poucos que têm milhões vão continuar a ter
mais milhões, os milhões que têm pouco ou nada vão continuar a ter… cada vez
menos.
Dois terços
dos portugueses considera que o valor da reforma que têm é insuficiente para
suprir as necessidades - uma proporção que aumenta entre as mulheres e as
classes sociais mais baixas.
É portanto
chegada a altura de Pedro Passos Coelho dizer o que dizia José Sócrates. Ou
seja, os portugueses são uns mal agradecidos. Pelo menos não lhes é dito, para
já, (utilizando a frase do ministro angolano Kundy Paihama) que comam farelo
“porque os porcos também comem e não morrem”.
Não lhes é
dito, por enquanto. Creio, contudo, que um dia destes vão mesmo ter de escolher
entre as duas únicas alternativas possíveis:
viver sem comer ou investir em farelo.
A seguir à
Hungria e à República Checa, Portugal é o país europeu onde as pensões são as
mais baixas e seriam precisos em média mais 110 euros por pessoa para fazer
face às despesas domésticas básicas, uma realidade que mais uma vez tem maior
incidência nas classes sociais mais baixas.
Não está
mal. Se Portugal é baixo em quase tudo, está por baixo em quase tudo, até por
uma questão de coerência deve continuar assim. Não é isso, sr.
primeiro-ministro?
Acresce que
dormir às escuras pode ajudar a controlar a diabetes e viver sem comer ajuda a
diminuir o excesso de peso e as doenças correlativas.
De acordo
com o barómetro "Os portugueses e a saúde", 1,2 milhões de
portugueses afirmarem que deixam na
farmácia alguns dos medicamentos necessários, sendo a população idosa, não
activa, com níveis de instrução mais baixos a mais atingida com tal medida.
E tudo se
deve, lamentavelmente, ao facto de os portugueses ainda não terem percebido os
nobres, altruístas e beneméritos intentos do Governo quando sugere (impõe, vá
lá) que os cidadãos vivem sem comer e morram sem ficar doentes.
E ao
contrário do que pensam, se é que pensam, os portugueses não estão entregues à
bicharada. Desde logo porque a bicharada não gosta de se alimentar de corpos
esqueléticos, famintos e em estado terminal.
Recordam-se
de a então ministra da Saúde de Portugal, Ana Jorge, ter apelado às famílias
portuguesas para fazerem “sopa em casa” em vez de gastarem em “fast food”,
aproveitando a necessidade de contenção económica e como forma de combater a
obesidade?
“É bom que
as pessoas deste país tenham a noção que a obesidade implica um tratamento
sério e alteração de comportamentos, desde que se nasce, ou melhor, até durante
a gravidez”, realçou a então ministra, acrescentando que “é necessário
modificar os comportamentos alimentares e de sedentarismo que as pessoas estão
a ter” em Portugal.
Um estudo levado
a cabo por investigadores da Universidade de Granada (Espanha) permitiu
concluir que dormir completamente às escuras pode ajudar a controlar melhor a
diabetes mellitus, uma doença metabólica crónica provocada pela insuficiente
produção de insulina pelo corpo.
Se a esse
facto se juntar o aumento do IVA na energia eléctrica, o risco de ir para a
lista negra, o melhor mesmo é viver às escuras, sem electrodomésticos e
exercitando o corpo na lavagem da roupa à mão e bebendo líquidos à temperatura
ambiente.
Essa
quantidade insuficiente de insulina provoca excesso de glucose no sangue, pelo
que os doentes têm que controlar ao longo de toda a sua vida os níveis,
injectando insulina, seguindo uma dieta alimentar saudável e praticando
exercício físico.
Recentemente,
a equipa de investigadores da Universidade de Granada demonstrou que a
melatonina, uma hormona segregada de forma natural pelo corpo humano, ajuda a
controlar a diabetes, já que aumenta a secreção da insulina, reduz a
hiperglicemia e a hemoglobina glicada e diminui os ácidos gordos livres,
adiantou o jornal espanhol ABC.
A escuridão
da noite favorece a secreção desta hormona, razão pela qual os investigadores
acreditam que dormir completamente às escuras, ou até mesmo viver totalmente às
escuras, pode ajudar a controlar a diabetes associada à obesidade e os factores
de risco associados.
Os mesmos
efeitos foram verificados com a ingestão de alimentos que contém melatonina,
como o leite, os cereais e as azeitonas, ou algumas plantas, como a mostarda, a
curcuma, o cardamomo, a erva-doce e o coentro.
Aqui a coisa
já não tem tanta piada. É que o leite, os cereais etc. são, cada vez mais, bens
de luxo. E a situação do país não se compadece com esses gastos. Pão e laranja
ou farelo é quanto basta. E mesmo assim…
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