O secretário para informação do MPLA, Rui Falcão, defende (isto é como quem diz) um jornalismo responsável que tenha sempre em consideração a liberdade de opinião.
Discursando
no lançamento da “Revista Juventude”, da JMPLA, Rui Falcão afirmou que a
educação dos jovens continua no centro da atenção do MPLA. Pois continua.
Em relação à
“Revista Juventude”, o secretário para a Informação do MPLA disse que é um
alicerce seguro na formação e informação da juventude angolana. Para o êxito da
publicação, que tem 60 páginas, Rui Falcão considerou fundamental a existência
de uma equipa jornalística actuante e dinâmica.
Lançada pelo
secretariado nacional da JMPLA, a revista homenageia (obviamente) o Presidente
José Eduardo dos Santos, pelo que tem feito pela melhoria das condições de vida
dos angolanos e pelo desenvolvimento do país, disse o primeiro secretário
nacional, Sérgio Luther Rescova, na
cerimónia de lançamento.
Por sua vez
o vice-ministro da Comunicação Social, Manuel Miguel de Carvalho “Wadijimbi”,
afirmou que a “Revista Juventude” serve para
aumentar a informação e fortalecer a democracia em Angola,
principalmente neste período que antecede as eleições gerais.
Em Janeiro
do ano passado, o porta-voz da Polícia Provincial de Luanda, superintendente
Jorge Bengui disse à Rádio Ecclesia que os agentes da Polícia não prenderam o
secretário-geral da JURA (organização da juventude da UNITA), Mfuka Fuacaca
Muzemba e os seus acompanhantes mas – isto é que é democracia – que os levaram
até à esquadra da IV divisão da polícia para lhes ensinarem algumas leis e
procedimentos legais.
Jorge
Bengui, certamente depois da leitura da cartilha leninista do MPLA, disse
(importa não esquecer) que os líderes juvenis que se encontravam na altura à
porta da Assembleia Nacional foram levados para não incomodar os deputados que
estavam a trabalhar. Por outro lado, Mfuka Muzemba desmentiu o porta-voz da
Polícia, tendo denunciado que foram
ameaçados pelo segundo comandante daquela divisão policial com palavras
grosseiras.
Os jovens
encontravam-se concentrados junto da Assembleia Nacional, para uma manifestação
pacífica, que previa a distribuição de panfletos que protestavam contra o dia
14 de Abril, que consagra o dia da juventude do MPLA, em memória de Hoji Ya
Henda, o patrono da JMPLA.
A Direcção
da UNITA na pessoa do seu porta-voz, Alcides Sakala, deplorou e condenou tal
prática da polícia considerando-a anti-democrática.
Mfuka
Muzemba disse também que “o governo angolano não quer nada com a liberdade,
pois o que se viu é um tipo de repressão feito nos regimes de partido único e
uma ditadura à moda marxista-leninista que se vai implantando no país”,
acrescentando que, “o dispositivo da polícia estava montado a partir do
Primeiro de Maio à Maianga, e que tudo indica que a arrogância que o efectivo
da polícia demonstrou, estava claro de que tinham orientações para impedir
qualquer acto pacífico”.
Todos os
actos de repressão, ou de defesa da democracia segundo regime, evitavam-se se
todos aqueles que não são do MPLA aprendessem que Angola é o MPLA e o MPLA é Angola.
Aliás, num
seminário de formação de formadores que há dois anos marcou o lançamento do
programa de formação política e patriótica dos dirigentes, quadros, militantes
e amigos da JMPLA, curiosamente levado a cabo na colónia angolana de Cabinda,
já se confirmava qual era e é o objectivo do regime.
Tal e qual
comos nos tempos da militância marxista-leninista do pós-independência (11 de
Novembro de 1975), o regime angolano continua a reeducar o povo tendo em vista
e militância política e patriótica. E tanto a militância política como a
patriótica são sinónimos de MPLA. Quem pensar diferente ou vai para os campos
(ou esquadras) de reeducação, ou leva um tiro na cabeça.
Basta ver,
mas sobretudo não esquecer, que o regime mantém, entre outras, a estrutura dos
chamados Pioneiros, uma organização similar à Mocidade Portuguesa dos tempos de
um outro António. Não António Agostinho Neto mas António de Oliveira Salazar.
Num Estado
de Direito, que Angola diz – pelo menos diz – querer ser, não faz sentido a
existência de organismos, entidades ou acções que apenas visam a lavagem ao
cérebro e a dependência canina perante quem está no poder desde 1975, o MPLA,
nem perante um presidente não eleito que está no poder há 33 anos.
Dependência
essa que, como todas as outras, apenas tem como objectivo o amor cego e canino
ao MPLA, como se este partido fosse ainda o único, como se MPLA e pátria fossem
sinónimos.
Na acção
levada a cabo pelo regime na sua colónia de Cabinda, os trabalhos incidiram
sobre "Princípios fundamentais e bases ideológica do MPLA",
"Discurso do Presidente José Eduardo dos Santos na abertura do VI
Congresso do partido", "Princípios fundamentais de organização e
funcionamento da JMPLA" e " O papel da juventude na conquista da
independência Nacional e na preservação das vitórias do povo angolano".
Nem no
regime de Salazar se fazia um tão canino culto do regime e do presidente como o
faz o MPLA. Basta, aliás, ver que os
pastores das Igreja Evangélica Sinodal de Angola já dizem que José
Eduardo dos Santos é “o escolhido de Deus”.
Não nos
esqueçamos também que, por exemplo, o regime tem comandantes militares cuja
exclusiva função é a Educação Patriótica.
Quase 40
anos depois da independência, dez depois da paz, a estrutura militar continua a
trabalhar à imagem e semelhança dos Khmer Vermelhos de Pol Pot.
Recordo que em
Setembro de 2010 o então substituto do
comandante da Região Militar Norte para Educação Patriótica do MPLA, Coronel
Zeferino Sekunanguela, enaltecia, no Uíge, o contributo do primeiro presidente
de Angola, António Agostinho Neto na luta de libertação nacional.
O oficial
superior da tal “Educação Patriótica”, que falava na palestra sobre "Vida
e obra de Doutor Agostinho Neto", disse que Neto foi o Fundador do
movimento nacionalista, da Nação angolana e contribuiu para a luta de
libertação nacional.
Assim sendo,
“Educação Patriótica” é sinónimo do culto das personalidades afectas ao regime
do MPLA, banindo da História de Angola qualquer outra figura que não se
enquadre na cartilha do partido que, cada vez mais, não só se confunde com o
país como obriga o país a confundir-se consigo.
O oficial
superior da tal “Educação Patriótica” reconheceu então que o primeiro
presidente de Angola foi um grande estadista e político que contribuiu também
para a libertação de outros povos africanos rumo à independência dos seus
países.
Só é pena
que Agostinho Neto não tenha nascido há uns séculos para ser possível dizer que
também contribuiu para a independência de Portugal. Mesmo assim, creio que o
oficial superior da tal “Educação Patriótica” sempre pode dizer que Neto ajudou
também a democratizar o regime português.
Segundo o
oficial superior da tal “Educação Patriótica”, graças à sabedoria de Agostinho
Neto é que o povo de Angola conseguiu libertar-se da escravatura e da
colonização portuguesa e de todas os crimes promovidas pelos inimigos de
Angola.
O oficial
superior da tal “Educação Patriótica” explicou também a contribuição de Neto
como médico profundamente humano, como escritor e político de renome
internacional. De facto, ao que parece, melhor do que Agostinho Neto só será, já
é, José Eduardo dos Santos.
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