José Eduardo
dos Santos, presidente de Angola há 33 anos sem nunca ter sido eleito, bem
queria que o governador que escolheu para a colónia de Cabinda conseguisse pôr
os cabindas de joelhos.
Mawete João
Baptista, como todos os anteriores governadores coloniais, bem tentou. Mas não
conseguiu. E, por isso, foi posto no olho da rua pelo dono de Angola que, para
o seu lugar, escolheu interinamente Matilde de Barros da Lomba, até agora vice-governadora.
A força
militar ocupante culpa o governador pelo aumento da contestação à presença
colonial. O governador culpa os militares. Nem uns nem outros ainda perceberam
que as colónias (tal como a de Angola antes de 1974) têm os dias contados.
Apesar de um
enorme exército de ocupação que Angola tem na colónia, os cabindas não se cala.
No início deste ano, por exemplo, Mawete João Baptista foi ostensivamente
apupado no principal estádio de futebol, Chiazi, por ocasião de um jogo
particular entre Angola e os Camarões.
Quando o
colonizador chegou à tribuna e acenou à assistência recebeu um apupo monumental,
representativo do sentimento que o povo nutre por aqueles que teimam em
retirar-lhe a sua histórica identidade.
Mawete João
Baptista foi nomeado governador da colónia de
Cabinda em 2010. Era, obviamente, um colonizador da confiança de José
Eduardo dos Santos que, de acordo com as instruções do regime, impôs a razão da
força, estando-se nas tintas para uma coisa que não sabe o que significa: a
força da razão.
Mawete João
Baptista sempre exortou os militantes do MPLA
no sentido de intensificarem as suas acções de mobilização das
populações e, é claro, a manterem mais activas as estruturas de base nos
bairros periféricos da cidade.
Tudo porque
afinal, afirma Mawete João Baptista, ainda era preciso defender a paz e o
progresso social, o que – está bem de ver - só é possível se o MPLA, que está
no poder desde 1975, por lá fique aí mais uns… 50 anos.
Para mostrar
a vitalidade do MPLA, Mawete João Baptista condecorou na altura 24 militantes
com as medalhas 17 de Setembro, 10 com as de militante de Vanguarda 1º grau, 20
mereceram as de 2º grau, 30 com as de 3º grau e 34 as distinções de medalha Deolinda
Rodrigues e por último 12 com as medalhas militantes de Vanguarda - Hoji
Ya-Henda.
Esta acção
de Mawete João Baptista recorda-me, por exemplo, um seminário de formação de
formadores que marcou o lançamento do programa de formação política e
patriótica dos dirigentes, quadros, militantes e amigos da JMPLA e que teve
lugar também na colónia angolana de Cabinda.
Tal e qual
como nos tempos da militância marxista-leninista do pós-independência (11 de
Novembro de 1975), o regime angolano continua a reeducar o povo tendo em vista
e militância política e patriótica. E tanto a militância política como a
patriótica são sinónimos de MPLA.
Basta ver,
mas sobretudo não esquecer, que o regime mantém, entre outras, a estrutura dos
chamados Pioneiros, uma organização similar à Mocidade Portuguesa dos tempos de
um outro António. Não António Agostinho Neto mas António de Oliveira Salazar.
Num Estado
de Direito, que Angola diz – pelo menos diz – querer ser, não faz sentido a
existência de organismos, entidades ou acções que apenas visam a lavagem ao
cérebro e a dependência perante quem está no poder desde 1975, o MPLA.
Dependência
essa que, como todas as outras, apenas tem como objectivo o amor cego e canino
ao MPLA, como se este partido fosse ainda o único, como se MPLA e pátria fossem
sinónimos.
Na acção
então levada a cabo pelo regime na sua colónia de Cabinda, os trabalhos
incidiram sobre "Princípios fundamentais e bases ideológica do MPLA",
"Discurso do Presidente José Eduardo dos Santos na abertura do VI
Congresso do partido", "Princípios fundamentais de organização e
funcionamento da JMPLA" e " O papel da juventude na conquista da
independência Nacional e na preservação das vitórias do povo angolano".
Nem no
regime de Salazar se fazia um tão canino culto do regime e do presidente como o
faz o MPLA, só faltando (e já esteve mais longe) dizer que só existem Deus no
Céu e José Eduardo dos Santos na terra.
Não nos
esqueçamos, por exemplo, que o regime tem comandantes militares cuja exclusiva
função é a Educação Patriótica.
Tantos anos
depois da independência, dez depois da paz, a estrutura militar continua a trabalhar
à imagem e semelhança dos Khmer Vermelhos de Pol Pot.
Regressemos
a Mawete João Baptista, um governador colonial que tentou mostrar ao mundo que
os colonialistas iam apostar no progresso de Cabinda.
Falando em
Cabinda, afirmou que o programa do governo que visa a abertura de picadas em
toda a extensão da colónia (ele, como Salazar fazia em relação a Angola,
chama-lhe província), com destaque para os municípios do interior, demonstra a
vontade do executivo em responder os apelos das populações visando o seu bem
estar social e a sua inclusão social e segurança na sua mobilidade.
Mawete João
Baptista apontou que era objectivo do Governo colonial criar cada vez mais as
condições necessárias para as populações, sobretudo as que vivem em áreas de difícil
acesso, para que se sintam também incluídos nos programas ajuizados pelo
governo, nomeadamente, na saúde, na educação e no ensino, na água potável, na
energia e em especial terem uma segurança total para o exercício das suas
actividades no campo.
“Nós estamos
gratos por esse esforço que corresponde com a alegria das populações nessas
áreas”, disse Mawete João Baptista, para mais adiante sublinhar que a abertura
das picadas inoperantes há mais de 30 anos, no caso de Alto Sundi - Sanda
Massala (Belize), Quissamano - Necuto (Buco-Zau) e o melhoramento (asfaltagem)
da estrada que liga a Comuna de Dinge (Cacongo) e a de Necuto (Buco-Zau),
permitem hoje garantir o exercício cabal da administração do estado.
Mawete João
Baptista indicou ainda que o governo colonial ia continuar a abertura de outras picadas ao
longo de toda a fronteira com os dois países vizinhos os Congos Brazaville e
RDC por formas a permitir um melhor controlo das populações e da segurança.
“As nossas aldeias vão poder ser visitadas e
beneficiar de programas do governo para seu bem-estar social. Teremos melhor
segurança e evitaremos elementos que antes se aproveitavam para se instalar
nessas aldeias isoladas devido a falta de estradas ou picadas onde preparavam
acções contra as nossas populações já não o farão”, exortou o governador da
colónia.
Apesar de
mais de 70% das exportações angolanas de petróleo terem origem na sua colónia
de Cabinda, o máximo que o regime colonial do MPLA dá ao povo são umas picadas
por onde vão passar, é claro, os milhares de militares que lá tem e que – como
força de ocupação – visam neutralizar qualquer tipo de resistência.
1 comentário:
Os MPLeiros
Ouvi dizer que o Zé Du,
o Grande Ilusionista,
deu um violento pontapé no cu
ao Mawete João Baptista?!
Ouvi dizer, ainda
que o pau de Cabinda
só dá a esses candongueiros
força nos traseiros?!
Daí a enorme perda
com esses MPLeiros
exagerarem na produção de merda.
António Kaquarta
Miradourodoplanalto.blogspot.com
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