O Governo de
transição da Guiné-Bissau prometeu hoje "para muito breve" uma reação
à decisão da CPLP de o país ser representado na próxima cimeira da organização
pelos líderes depostos no golpe de Estado de 12 de Abril.
"Não
tínhamos essa informação. Estamos a tê-la agora quanto à posição da CPLP
[Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]. Naturalmente que o Governo de
transição irá posicionar-se muito brevemente, uma vez que nós estávamos,
precisamente, à espera do posicionamento da CPLP", disse o porta-voz do
Governo de transição, Fernando Vaz.
O ministro
dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, afirmou hoje que a
representação da Guiné-Bissau na cimeira de Maputo da CPLP "deve ser
assegurada pelas autoridades que derivam do voto popular".
Questionado
pela agência Lusa sobre se é real a possibilidade - falada nos meios políticos
nos últimos dias em Bissau - de o Governo de transição abandonar a CPLP,
Fernando Vaz disse que "naturalmente que todas as hipóteses estão em cima
da mesa".
A cimeira de
chefes de Estado e de Governo dos países da CPLP está marcada para dia 20, em
Maputo.
O golpe de
Estado na Guiné-Bissau ocorreu a 12 de Abril, na véspera do início da segunda
volta da campanha eleitoral para as eleições presidenciais.
Um Governo
de transição, negociado entre o grupo de militares responsáveis pelo golpe
(autointitulado Comando Militar) e a Comunidade Económica de Estados da África
Ocidental, foi nomeado e deverá promover a realização de eleições no prazo de
um ano
No entanto,
as autoridades de transição não são reconhecidas pela restante comunidade
internacional.
Na reunião
de hoje em Lisboa, a Guiné-Bissau foi representada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros
deposto pelo golpe de Estado de 12 de Abril, Djaló Pires.
Ainda não
foi desta, e seguramente nunca será, que
a CPLP – organização presidida até ao dia 20 pelo único país lusófono
cujo presidente nunca foi eleito e está há 33 anos no poder, Angola, vai
perceber a porcaria que anda a fazer em muitos países lusófonos.
De facto, a
dita CPLP é uma treta, e a Lusofonia é uma miragem de meia dúzia de sonhadores.
O melhor é mesmo encerrar para sempre a ideia de que a língua (entre outras
coisas) nos pode ajudar a ter uma pátria comum espalhada pelos cantos do mundo.
E quando se
tiver coragem para oficializar o fim do que se pensou poder ser uma comunidade
lusófona, então já não custará tanto ajudar os filhos do vizinho com aquilo que
deveríamos dar aos nossos próprios filhos.
É claro que
na Guiné-Bissau existem muitos seres humanos que continuam a ser gerados com
fome, nascem com fome e morrem, pouco depois, com fome. Mas, é claro, morrem
em... português... o que, se calhar, significa um êxito para a CPLP.
Entre os
países classificados como sendo regimes autoritários, a Guiné-Bissau estava
(antes mesmo do golpe de Estado) na posição 157. Para termo de comparação
registe-se que Angola figura no 133º
lugar. Em matéria de corrupção, a Guiné-Bissau foi incluída no grupo dos 30
países mais corruptos à luz do Índice de Percepção da Transparência
Internacional, estando no 154º lugar.
Mas isso
pouco interessa. Relevante para essa coisa chamada CPLP não á a resolução da
doença mas, isso sim, a medicação paliativa que mais convém aos abutres que
dominam, cada um à sua dimensão, as crises.
A CPLP, não
fosse esta uma miragem flutuante nos luxuosos areópagos da política de língua
portuguesa, deveria dar força à única tese viável e que há muito foi defendida
(pelo menos desde Junho de 2009) por Francisco Fadul e que apontava, enquanto
era tempo, para “o envio de uma força multinacional, de intervenção que
garantisse aquilo que é protegido pela Carta da ONU, que é a democracia e os
Direitos Humanos".
"É
necessária a intervenção de uma força multinacional militar, policial e
administrativa na Guiné-Bissau para a manutenção da ordem, a pacificação social
e a vigilância sobre o funcionamento dos órgãos do Estado", disse
Francisco Fadul.
Na altura,
Junho de 2009, tinha surgido uma das habituais ondas de violência, tendo as
forças de segurança assassinado os ex-ministros Hélder Proença e Baciro Dabó,
este último então candidato à Presidência, por alegado envolvimento numa
tentativa de golpe de Estado.
Para
Francisco Fadul, "mais uma vez foi reconfirmado que o Estado se tornou um
fiasco, falhou, não existe na prática porque não é capaz de zelar pelos
interesses dos cidadãos, pela preservação da ordem mínima".
"Nem
sequer tem eficácia para conter os usurpadores do poder ou os bandos armados
que estão a actuar no país", disse Francisco Fadul, acrescentando que
estes grupos são "autênticos esquadrões a soldo de chefes militares".
"Não se
trata de bandos indefinidos, desconhecidos", reiterou, frisando não
acreditar "na teoria da tentativa de golpe de Estado".
"É a
falta de cultura histórica e política que os faz falar assim e tentar convencer
as pessoas, pensando que os outros são um grupo de patetas. É clássico o que
eles fizeram, em todos os totalitarismos aparecem sempre denúncias de golpe de
Estado para permitir o abuso da autoridade, o excesso de poder em relação aos
adversários políticos", declarou.
"Apresentam,
como é tradicional, uma lista de suspeitos, de supostos implicados, e uma lista
de objectivos a atingir pelos alegados golpistas", referiu, considerando
que tudo não passa de "balelas, de armação política para justificar uma
acção destruidora, completamente totalitária sobre os adversários
políticos".
"O
Estado não pode transformar-se em criminoso, se assim procede é porque está nas
mãos de criminosos", afirmou.
E enquanto
os militares da CPLP brincam aos... militares, enquanto os políticos da CPLP
brincam aos… políticos, na Guiné-Bissau os militares, ou similares, vão-se
exercitando com as AK-47.
2 comentários:
Verdade ou mentira essa eventual atitude de Paulo Portas só o dignifica e vem na linha do que ele deseja e quer impor sobre Guiné-Equatorial: não aceitar ditaduras ou golpistas na CPLP.
Pena é que aqui a Lei não preveja retroactividade...
Kdd
EA
Levei para o Facebook
Kdd
EA
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