A segurança
alimentar e a normalização da situação política na Guiné-Bissau são dois dos
sete pontos fortes que Moçambique destacará durante a presidência da Comunidade
de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a partir do dia 20.
Na cimeira,
que se realiza em Maputo, sob o lema "A CPLP e os desafios na Segurança
Alimentar e Nutrição", Moçambique vai assumir a presidência rotativa da
organização dos oito países lusófonos, sucedendo a Angola – o único país da
organização dirigido por um presidente da República não eleito e há 33 anos no
poder.
Segundo o
ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Oldemiro Balói, a segurança
alimentar "é um tema transversal, que faz o alinhamento com a Estratégia
de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP aprovada em 2011".
Este é,
acredito, um tema que preocupa todos aqueles que nos areópagos da alta política
da CPLP têm pelo menos três boas refeições por dia.
Ao apostar
neste tema pretende a CPLP "contribuir para a erradicação da fome e
pobreza na comunidade, através do reforço da coordenação entre os
estados-membros e da melhor gestão das políticas e programas sectoriais de
segurança alimentar e nutricional", disse Oldemiro Balói.
Esta é uma
realidade com dezenas de anos, até mesmo nos países lusófonos que são ricos,
muito ricos. Mas não é pecado continuar a falar deles, sobretudo nas reuniões
que se seguem aos bons repastos das diferentes comitivas.
Desde 2008,
a segurança alimentar e nutricional tem mobilizado a atenção política dos
estados-membros da CPLP, que já adoptaram uma resolução sobre o tema,
realizaram dois simpósios e organizaram um diálogo Brasil-África.
É obra. É
claro que, ao dobrar da esquina, seja em Lisboa, Maputo ou Luanda o povo
continua a ser gerado com fome, a nascer com fome e a morrer com fome. Coisa pouca,
reconheça-se.
"Não
obstante estas iniciativas, prevalecem os problemas da desnutrição aguda no
espaço da CPLP, afectando aproximadamente 28 milhões de pessoas",
advertiu, no entanto, o chefe da diplomacia moçambicana.
Durante a
presidência rotativa da organização, Moçambique pretende também consolidar a
democracia nos estados-membros da CPLP, nomeadamente na Guiné-Bissau, cujo
impasse político prevalece desde o golpe de Estado de 12 de Abril que impôs um
governo não reconhecido pela comunidade lusófona.
A análise do
processo de adesão da Guiné-Equatorial a membro pleno direito da comunidade, o
crescente número de países que solicitam o estatuto de observadores e
associados, bem como a projecção da língua portuguesa no mundo, também serão
pontos relevantes da presidência moçambicana da CPLP, que sucede a Angola.
A liderança
moçambicana da CPLP será marcada igualmente pelo reforço da coordenação entre
os estados nas áreas da educação e saúde, ambiente, justiça e defesa género e
juventude.
Criada em
1996 a CPLP integra oito países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste. A Guiné-Equatorial,
Maurícias e Senegal são observadores associados da organização.
Na verdade,
todos estes países – incluindo os fundadores – continuam a ser meros
observadores do seu próprio umbigo mas, é claro, sempre a bem de uma coisa que
ninguém sabe para que serve, a CPLP.
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