Os turistas
estrangeiros gastaram em Portugal 475 milhões de euros entre Janeiro e Abril
deste ano, segundo estudo da Visa Europe
"Mediterranean Rim Tourism Monitor". Foi um aumento de 15,74% face ao
mesmo período no ano passado.
Também as
despesas dos visitantes provenientes de Angola e Moçambique dispararam e
aumentaram 53,23% e 78,21%, respetivamente.
Os turistas
angolanos gastaram 87,2 milhões de euros, valor que compara com os 56,9 milhões
de euros gastos no mesmo período de 2011. Quantos aos moçambicanos, estes
gastaram 10,3 milhões de euros no turismo português, no período em análise,
face aos 5,7 milhões de euros em igual período no ano passado.
Do ponto de
vista do reino lusitano a norte de Marrocos, o importante é que os euros/dólares
angolanos acelerem em força para as bandas de Lisboa, pouco importando o resto.
Portugal precisa e os donos de Angola (que não os angolanos) têm de sobra.
Basta,
aliás, ver o perfil do cliente angolano em Portugal, que representa mais de 30%
do mercado de luxo português. Trata-se sobretudo de homens, 40 anos, empresários
do ramo da construção, ex-militares ou com ligações ao governo. Vestem Hugo
Boss ou Ermenegildo Zegna. Compram relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex.
O perfil do
povo angolano, que representa 70% da população, é pé descalço, barriga vazia,
vive nos bairros de lata, é gerado com fome, nasce com fome e morre pouco
depois com... fome.
Esses
angolanos de primeira não olham a preços. Procuram qualidade e peças com o logo
visível. É comum uma loja de luxo facturar, numa só venda, entre 50 e 100 mil
euros, pagos por transferência bancária ou cartão de crédito.
Por outro
lado, de acordo com a vida real dos angolanos (de segunda), 45% das crianças
sofrem de má nutrição crónica e uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir
os cinco anos.
Na joalharia
de luxo, os angolanos também se destacam, tanto pelo valor dos artigos que
compram como pela facilidade com que os pagam. Um representante em Portugal da
Chaumet, Dior e H. Stern, conta o caso de "uma senhora angolana que
comprou uma pulseira por 120 mil euros, e pagou com cartão de crédito, sendo o
pagamento imediatamente autorizado pelo banco".
Pois é. Em
Angola, o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos
bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos
petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao
regime no poder.
Pois é.
Entre milhões que nada têm, o importante são aqueles que vestem Hugo Boss ou
Ermenegildo Zegna, compram relógios de ouro Patek Phillipe e Rolex, ou que dão
120 mil euros por uma pulseira.
Isto para
além da boa alimentação: Trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado
com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de
raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas
caramelizadas, com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet
2005...
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