A Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) descobriu agora que, no caso da
Guiné-Bissau, há filhos e enteados, há golpistas bons e golpistas maus.
Assim, a
CPLP indicou (como se tivesse competências legais para isso) o primeiro-ministro,
Carlos Gomes Júnior, e o presidente da República, Raimundo Pereira, ambos
depostos a 12 de Abril por um golpe militar, para representarem o país na
cimeira da organização lusófona, a ter lugar a 20 de Julho, em Moçambique.
Isto porque,
segundo a CPLP, estes golpistas não têm legitimidade. Quando Nino Vieira, por
exemplo, chegou ao poder por um golpe de Estado… a coisa foi diferente. Numa
organização, que mais parece uma seita mafiosa, existem diversos pesos e
medidas.
Faustino Fudut
Imbali, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Transição, “lamenta profundamente
esta decisão da CPLP” que considera “contraproducente e anti-diálogo e não vai
no sentido de resolver os problemas da Guiné-Bissau”.
“Continuo a
dizer que se a CPLP continuar nessa posição, está a constituir-se o maior
entrave à resolução do problema da Guiné-Bissau e não parte da solução porque
quer voltar à situação de 11 de Abril, o que é, para nós, uma espécie de querer
projectar o país para uma guerra civil e este governo não está interessado
nesta situação”, explica lapidarmente (o que é uma espinha na garganta da CPLP)
Faustino Fudut Imbali.
Apesar de se
julgar acima da leia, a CPLP está a cometer uma ilegalidade, desde logo porque
não tem competência estatutária e legitimidade política para indigitar a
representação de um estado membro.
Aposição da
CPLP é ainda mais caricata e ridícula quando alega que só tomam parte da cimeira dirigentes
eleitos. Basta ver a quem está, nesta altura, entregue a presidência da
organização. José Eduardo dos Santos está no poder há 33 anos sem nunca ter
sido eleito. Então como é?
Por razões
conhecidas, a CPLP está a assumir-se não como uma solução para o problemas mas,
isso sim, como um problema para a solução. Com essa posição talvez esteja,
reconheço, a dar um decisivo contributo para a lusofonia que, de facto, deve
pura e simplesmente extinguir a CPLP.
Indiferente
ao que se (deter)mina nos areópagos políticos da CPLP, nomeadamente em Lisboa e
Luanda, o governo de transição está a dar conta aos parceiros internacionais
sobre o que está a ser feito, nomeadamente sobre as eleições e o combate à
droga.
Ao contrário
da CPLP, a última reunião juntou representantes da CEDEAO (Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental) e da União Africana (UA), os embaixadores do
Senegal e da Nigéria e um representante da embaixada da China.
"Somos
um governo de transição que tem um mandato específico, que foi acordado no
quadro da CEDEAO, mas também com os partidos políticos, e estamos engajados em
cumprir o que está estabelecido", afirma o primeiro-ministro de transição,
Rui de Barros.
Sem comentários:
Enviar um comentário