terça-feira, julho 03, 2012

Mudanças no governo colonial de Cabinda




José Eduardo dos Santos, presidente de Angola há 33 anos sem nunca ter sido eleito, bem queria que o governador que escolheu para a colónia de Cabinda conseguisse pôr os cabindas de joelhos.

Mawete João Baptista, como todos os anteriores governadores coloniais, bem tentou. Mas não conseguiu. E, por isso, foi posto no olho da rua pelo dono de Angola que, para o seu lugar, escolheu interinamente Matilde de Barros da Lomba, até agora vice-governadora.

A força militar ocupante culpa o governador pelo aumento da contestação à presença colonial. O governador culpa os militares. Nem uns nem outros ainda perceberam que as colónias (tal como a de Angola antes de 1974) têm os dias contados.

Apesar de um enorme exército de ocupação que Angola tem na colónia, os cabindas não se cala. No início deste ano, por exemplo, Mawete João Baptista foi ostensivamente apupado no principal estádio de futebol, Chiazi, por ocasião de um jogo particular entre Angola e os Camarões.

Quando o colonizador chegou à tribuna e acenou à assistência recebeu um apupo monumental, representativo do sentimento que o povo nutre por aqueles que teimam em retirar-lhe a sua histórica identidade.

Mawete João Baptista foi nomeado governador da colónia de  Cabinda em 2010. Era, obviamente, um colonizador da confiança de José Eduardo dos Santos que, de acordo com as instruções do regime, impôs a razão da força, estando-se nas tintas para uma coisa que não sabe o que significa: a força da razão.

Mawete João Baptista sempre exortou os militantes do MPLA  no sentido de intensificarem as suas acções de mobilização das populações e, é claro, a manterem mais activas as estruturas de base nos bairros periféricos da cidade.

Tudo porque afinal, afirma Mawete João Baptista, ainda era preciso defender a paz e o progresso social, o que – está bem de ver - só é possível se o MPLA, que está no poder desde 1975, por lá fique aí mais uns… 50 anos.

Para mostrar a vitalidade do MPLA, Mawete João Baptista condecorou na altura 24 militantes com as medalhas 17 de Setembro, 10 com as de militante de Vanguarda 1º grau, 20 mereceram as de 2º grau, 30 com as de 3º grau e 34 as distinções de medalha Deolinda Rodrigues e por último 12 com as medalhas militantes de Vanguarda - Hoji Ya-Henda.

Esta acção de Mawete João Baptista recorda-me, por exemplo, um seminário de formação de formadores que marcou o lançamento do programa de formação política e patriótica dos dirigentes, quadros, militantes e amigos da JMPLA e que teve lugar também na colónia angolana de Cabinda.

Tal e qual como nos tempos da militância marxista-leninista do pós-independência (11 de Novembro de 1975), o regime angolano continua a reeducar o povo tendo em vista e militância política e patriótica. E tanto a militância política como a patriótica são sinónimos de MPLA.

Basta ver, mas sobretudo não esquecer, que o regime mantém, entre outras, a estrutura dos chamados Pioneiros, uma organização similar à Mocidade Portuguesa dos tempos de um outro António. Não António Agostinho Neto mas António de Oliveira Salazar.

Num Estado de Direito, que Angola diz – pelo menos diz – querer ser, não faz sentido a existência de organismos, entidades ou acções que apenas visam a lavagem ao cérebro e a dependência perante quem está no poder desde 1975, o MPLA.

Dependência essa que, como todas as outras, apenas tem como objectivo o amor cego e canino ao MPLA, como se este partido fosse ainda o único, como se MPLA e pátria fossem sinónimos.

Na acção então levada a cabo pelo regime na sua colónia de Cabinda, os trabalhos incidiram sobre "Princípios fundamentais e bases ideológica do MPLA", "Discurso do Presidente José Eduardo dos Santos na abertura do VI Congresso do partido", "Princípios fundamentais de organização e funcionamento da JMPLA" e " O papel da juventude na conquista da independência Nacional e na preservação das vitórias do povo angolano".

Nem no regime de Salazar se fazia um tão canino culto do regime e do presidente como o faz o MPLA, só faltando (e já esteve mais longe) dizer que só existem Deus no Céu e José Eduardo dos Santos na terra.

Não nos esqueçamos, por exemplo, que o regime tem comandantes militares cuja exclusiva função é a Educação Patriótica.

Tantos anos depois da independência, dez depois da paz, a estrutura militar continua a trabalhar à imagem e semelhança dos Khmer Vermelhos de Pol Pot.

Regressemos a Mawete João Baptista, um governador colonial que tentou mostrar ao mundo que os colonialistas iam apostar no progresso de Cabinda.

Falando em Cabinda, afirmou que o programa do governo que visa a abertura de picadas em toda a extensão da colónia (ele, como Salazar fazia em relação a Angola, chama-lhe província), com destaque para os municípios do interior, demonstra a vontade do executivo em responder os apelos das populações visando o seu bem estar social e a sua inclusão social e segurança na sua mobilidade.

Mawete João Baptista apontou que era objectivo do Governo colonial criar cada vez mais as condições necessárias para as populações, sobretudo as que vivem em áreas de difícil acesso, para que se sintam também incluídos nos programas ajuizados pelo governo, nomeadamente, na saúde, na educação e no ensino, na água potável, na energia e em especial terem uma segurança total para o exercício das suas actividades no campo.

“Nós estamos gratos por esse esforço que corresponde com a alegria das populações nessas áreas”, disse Mawete João Baptista, para mais adiante sublinhar que a abertura das picadas inoperantes há mais de 30 anos, no caso de Alto Sundi - Sanda Massala (Belize), Quissamano - Necuto (Buco-Zau) e o melhoramento (asfaltagem) da estrada que liga a Comuna de Dinge (Cacongo) e a de Necuto (Buco-Zau), permitem hoje garantir o exercício cabal da administração do estado.

Mawete João Baptista indicou ainda que o governo colonial ia  continuar a abertura de outras picadas ao longo de toda a fronteira com os dois países vizinhos os Congos Brazaville e RDC por formas a permitir um melhor controlo das populações e da segurança.

 “As nossas aldeias vão poder ser visitadas e beneficiar de programas do governo para seu bem-estar social. Teremos melhor segurança e evitaremos elementos que antes se aproveitavam para se instalar nessas aldeias isoladas devido a falta de estradas ou picadas onde preparavam acções contra as nossas populações já não o farão”, exortou o governador da colónia.

Apesar de mais de 70% das exportações angolanas de petróleo terem origem na sua colónia de Cabinda, o máximo que o regime colonial do MPLA dá ao povo são umas picadas por onde vão passar, é claro, os milhares de militares que lá tem e que – como força de ocupação – visam neutralizar qualquer tipo de resistência.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os MPLeiros


Ouvi dizer que o Zé Du,
o Grande Ilusionista,
deu um violento pontapé no cu
ao Mawete João Baptista?!
Ouvi dizer, ainda
que o pau de Cabinda
só dá a esses candongueiros
força nos traseiros?!
Daí a enorme perda
com esses MPLeiros
exagerarem na produção de merda.

António Kaquarta
Miradourodoplanalto.blogspot.com