«A concentração dos meios é assunto muito mais sério do que se julga e mereceria um cuidado especial que, infelizmente, não lhe tem sido dispensado, pela sociedade civil, os jornalistas, os políticos e os partidos, por todos nós.
No imediato, a concentração traduziu-se na perda da memória nas redacções, a falta de gente mais velha e experimentada, que viveu coisas que eu não e a quem eu possa fazer uma simples pergunta, e na falta de algo que identifique o todo de cada Redacção, uma identidade específica para cada título.
E uma Redacção sem memória nem identidade só pode caminhar para um jornalismo domesticado, cinzento, que se reproduz a si próprio, onde há espaço para tudo à excepção da criatividade, da rebeldia e da capacidade de re-invenção diária.
O embrulho, o produto que chega ao público, como agora se diz, pode ser muito bonitinho, mas não é mais do que isso mesmo.
Quanto aos jornalistas, deixemo-nos de tretas: eles têm de pagar as contas do final do mês como toda a gente, muitos comem e calam literalmente. A realidade empresarial de hoje é impiedosa e as redacções não são os espaços de liberdade de que ouvi falar e com que sonhei. »
Paulo F. Silva In Notícias Lusófonas
2 comentários:
"Quanto aos jornalistas, deixemo-nos de tretas: eles têm de pagar as contas do final do mês como toda a gente, muitos comem e calam literalmente. A realidade empresarial de hoje é impiedosa e as redacções não são os espaços de liberdade de que ouvi falar"
Então, qual é a solução? Continuar a comer e calar, ou arriscar o murro na mesa?
As pescadinhas de rabo na bôca não são a saída, seguramente.
Caro Rui Valente,
Murros na mesa não resultam. A questão é mais (pro)funda. É preciso transformar "isto" (Portugal, entenda-se) num Estado de Direito. Além disso, os Jornalistas pouco podem fazer porque são uma espécie em vias de extinção.
Abraço,
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