Tenho sérias dúvidas que o projecto português da Telecinco vença. Isto porque, tratando-se se um sério projecto jornalístico, jornalístico, repito, tem logo à partida meio caminho andado para perder, não no campo mas, como é habitual, na secretaria.
Além disso, creio que o projecto comercial da Zon é o que mais se enquadra no actual estado das coisas, no actual clima de brandos costumes de um país que se diz um Estado de Direito mas que, como todos os dias se vê, nem um direito de Estado é.
Como em tudo na vida, jogo ao contrário do que é habitual e regra para vencer. Acredito no projecto jornalístico da Telecinco e não no comercial da Zon.
Faria melhor se, à boa maneira das ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos, jogasse nos dois tabuleiros e publicamente escolhesse fazer jogo duplo ou, quiçá, até mais do que isso.
É assim que fazem os donos da verdade. Não se manifestam, embora já tenham escrito os telegramas de felicitações ao vencedor. Só têm de alterar o nome, Telecinco ou Zon. É uma estratégia que é fácil, é barata e pode dar milhões.
Até agora são poucos os nomes sonantes, ou mediaticamente sonantes, que tomaram posição pública. Tenho, contudo, a certeza de que um dias destes os vou ver por aí, na ribalta dos areópagos da política social “made in Portugal”, a defender as cores de quem for o vencedor.
Irão, aliás, garantir que são adeptos da Telecinco ou da Zon desde que nasceram. Não dirão, creio, onde nasceram, mas vão garantir que a mãe pode provar quanto eles sempre se identificaram com o vencedor.
A valia do projecto jornalístico da Telecinco pode, aliás, ser avaliado pelo nível dos inimigos que já criou. Pinto Balsemão defende que o novo canal deve ser concessionado à Zon, e o presidente da Omnicom Media Portugal afina pelo mesmo diapasão porque, diz, a Telecinco provocaria um tsunami no sector.
E um tsunami na comunicação social portuguesa é algo que tanta falta faz. E por fazer falta é que que tanta gente teme a Telecinco. Gente de todos os quadrantes políticos da situação, bem como dos meios já existentes (RTP, SIC e TVI), que temem que apareça alguém capaz de levar a Carta a Garcia.
2 comentários:
Meu Caro Orlando
Não acredito muito em tsunamis para resolver problemas. Depende sempre de quem navega a onda e de quem a provoca. Até agora não vi, nem ouvi falar de quem está por detrás do projecto. E se é verdade (acho estranho tanta fartura) que vão dar emprego a mais de três centenas de jornalistas, então o projecto precisa de muitas dezenas de milhões de euros e nesta altura não vejo em Portugal nenhum grupo financeiro a querer apostar num mega projecto assim.
Recordo que quando a TVI surgiu (como canal da Igreja Católica se te lembras) resolveu bancar a parte técnica toda (penso que inclusivé tentou montar retransmissores próprios), gastou rapidamente o que tinha e o que não tinha e acabou falida, nas mãos dos bancos e do grupo Sonae, que a venderam ao grupo colombiano S.Domigos, que por sua vez uns anos depois a vendeu aos interesses de Paes do Amaral (que a veio a vender ao grupo Prisa). Mas voltando ao custo, esta aventura da Igreja Católica custou a módica quantia de 85 milhões de euros a preços de 1993/4.
o novo canal será em HD e a parte técnica que isso envolve (mesmo que não inclua retransmissores) deverá custar uma nota preta.
Como as fontes de financiamento actuais para projectos no sector da comunicação social parecem andar todas muito a sul, e como algumas das caras do projecto me parecem muito familiares, vou esperar para ver, mas cheira-me que os sócios financiadores serão vizinhos próximos dos sócios do SOL.
Já agora fica atento ao que vai acontecer atá ao fim do mês, sobre esse canal e sobre os outros e vais perceber os meus receios. Um abraço,
Uabalumuka
"sócios financiadores serão vizinhos próximos dos sócios do SOL"
Meu caro Uabalumuka
Sera que a nossa "presença" (Portugueses) no pais dos socios da sol, com interesses comerciais que actualmente são a salvação de muitas empresas protuguesas não lhe faz tambem alguma confusão????
Globalidade nao é apenas Portugal no estrangeiro... Se reparar as roupas que veste são espanholas... um exemplo.
Não receie a mudança nem novos projectos, receie sim o estado de "adormecimento" que o pais vive provocado por uma corrente de pessoas, as mesmas da "revolução"...
Que venha o Tsunami e um furacão e muitos terramotos para portugal conhecer concorrencia, melhora tudo quando temos adversarios.
Um abraço
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